Capítulo 11

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G i e n n a h

Encaro o professor explicando algo, mas não presto atenção. Meus pensamentos estão em apenas uma pessoa que não está aqui. Thomáz merecia pelo menos um enorme tapa na cara dado por mim, por ter feito eu ficar tão preocupada há dois dias atrás, quando quase desmaiou bem na minha frente. Ele estava tão quebrado, que não conseguia nem mesmo se mexer sem sentir dor em várias partes do corpo ao mesmo tempo. Assim que chegamos, o ajudei a entrar no seu apartamento e a tirar os sapatos. Ele foi direto para o banho, me deixando sozinha no seu apartamento, dizendo que a casa era minha. Cautelosamente, olhei nos armários e geladeira, se tinha algo que eu pudesse fazer para ele, mas eu era tão ruim de cozinha, que optei por não mexer em mais nada. Tinha reparado que a sua casa não era nada parecida com o que eu tinha imaginado, com móveis escuros, neutros, com ar bem masculino. Porém o que eu encontrei foram móveis claros, coloridos em pontos certos que não eram tão exuberantes e nem muito apagados. Era um ar bem tranquilo, para falar a verdade.

Saio dos meus pensamentos assim que noto uma movimentação de alunos se levantando a minha volta e então faço o mesmo e arrumo as minhas coisas, saindo da sala em seguida. Eu já tinha planejado sair da faculdade e ir direto para um mercado comprar algumas coisas para Thomáz, já que ele não conseguia nem sair da cama. Palavras dele. Ontem, quando fui no seu apartamento, ele fazia umas expressões exageradas de dor e por um segundo, me perguntei se aquilo tudo não era encenação, mas como os hematomas estavam feios, acreditei que fosse possível estar doendo mesmo. 

Entro no mercado e vou direto na geladeira com sopas prontas. Pego duas embalagens de sopa de legumes, em seguida pego refrigerante, que ele disse que gostava, leite e cereais. Com tudo o que eu precisava, saio do mercado e vou direto para casa, ansiosa para vê-lo. Eu não tinha parado ainda para pensar sobre o que aconteceu no sábado depois da luta, entre mim e ele. Aquele beijo tinha sido bom e me encheu de tantas perguntas, que eu ainda não tinha conseguido organizá-las a ponto de formar algo fixo, algo que eu tivesse certeza. 

Apenas uma coisa eu tinha em mente: eu não quero perder tempo com algo que eu não acredite. Eu estava gostando dele, eu sabia disso, e o sentimento aumentava de pouquinho em pouquinho conforme ele me lançava algum sorriso, uma piadinha ou me tocava. Ainda tinham diversas coisas que eu queria saber sobre ele, mas ao mesmo tempo eu já sabia quem era Thomáz Stanfield. Mesmo que as informações fossem escassas.

E eu deixaria acontecer. Se ele disser que quer, eu não vou dizer não. Eu estava cansada de idealizar romances, de acreditar em amor. Se a nossa relação fosse apenas físico, eu não via problema nisso. O meu coração estava adormecido, e a única coisa que eu não queria no momento, era entrar em um relacionamento sério. Thomáz já sabia o motivo, e eu esperava que ele entendesse. 

Nós teríamos um ao outro, mas sem exclusividade, apenas uma amizade colorida, talvez. 

Se ele aceitasse, eu faria isso. Sem esperar nada a mais.

Chego na calçada do prédio e subo as escadas que dão acesso a portaria, aceno para o porteiro e entro no elevador. Eu não tinha contado para Thomáz que levaria algumas coisas para ele, mas ele tinha me dito que deixaria a porta aberta para assim que eu chegasse, fosse lá. Com as sacolas na mão e um sorriso no rosto, empurro a porta lentamente e entro na sala. Não o encontro ali e nem na cozinha, onde deixo as sacolas na bancada. As luzes estão apagadas, tanto da sala, quanto do corredor que dá para os quartos. Com certo receio, caminho em passos cautelosos pelo corredor, não encontrando o interruptor. Chego na frente do seu quarto e vejo que a porta está encostada. Empurro devagar e entro no cômodo também escuro.

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