Vária estranhou o jeito amistoso que as duas estavam, mediante os minutos que antecederam à saída delas da sala. Não gostou da forma como a bruxa se dirigiu a ela. Tinha vinte e cinco anos e, ser chamada de criança na frente de Amarylis, a irritou. Olhou para a sua Dáma que, num gesto com a cabeça, sinalizou que estava tudo bem. Acompanhou a mulher de andar sensual, saindo pela porta que antes vira Amarylis passar. Dalad levou-a até uma sala em que puderam se sentar.
— O que está acontecendo?
Perguntou Vária, de forma rude. Dalad bufou. Previu que a conversa seria longa e difícil. Depois que retornaram, Vária passou por Amarylis sem a olhar, dirigindo-se para fora da casa, deixando a delicada mulher, inerte.
— O que aconteceu? - Perguntou para a sua irmã, furiosa.
— Eu tentei contar tudo de uma forma tranquila, minha irmã, mas creio que ela não gostou de ser enganada.
Amarylis saiu atrás de Vária, tentando alcança-la, antes que esta chegasse à rua. Segurou seu braço, todavia foi repelida rudemente.
— Vária, eu não poderia te contar nada! Não compreendeu o que isso significava?
— O que compreendo é que eu fui uma idiota.
— Você não pode sair por esses portões dessa forma. Trevor está à nossa procura e ainda é mais forte do que eu.
— Ah, sim! Eu tenho que tomar você para mim para tudo voltar ao normal, não é? Sua irmã me contou. Me diga, que encantamentos você jogou em mim?
— Nenhum, Vária. Será que não vê que você só me tirou de lá por sermos ligadas?
— O que vejo é que eu sou mais uma peça desse jogo!
Vária voltou a caminhar em direção ao portão, sendo seguida por Amarylis. Quando atravessaram a rua, homens cercaram-nas. As duas ficaram, lado a lado, olhando ao redor os agressores que se aproximavam para pegá-las.
— Eu avisei!
Gritou Amarylis, furiosa com a reação que Vária teve, levando àquela situação.
Vária sacou as adagas e puxou Amarylis para perto de si. Ainda trazia mágoa, contudo não conseguiria deixar que Amarylis sofresse na mão de quem quer que fosse. Viu Madi e os outros guardas, vindo de encontro a elas, mas, de repente, Amarylis a empurrou para que ela se afastasse, impôs as mãos para o alto e começou a conjurar em uma língua que Vária desconhecia. Um homem pulou na direção de Amarylis e Vária atirou a sua adaga, matando-o, antes de conseguir alcançar o corpo, daquela que tirara sua razão. Um clarão se fez e todos os homens no entorno caíram, atingidos pela mágica.
Madi chegou galopando, trazendo um outro cavalo pelas rédeas. Vária ajudou Amarylis a montar, subindo, logo em seguida, na garupa. Dispararam para fora da cidade, cientes de que a perseguição começara.
Galopavam há mais de meia hora, num ritmo acelerado. Madi se aproximou.
— Temos que diminuir, Dáma; os cavalos não suportarão mais tempo.
— Não podemos, Madi. Eu sinto que eles estão se aproximando.
— Então temos que nos esconder, pois não teremos muitas chances se perdermos os cavalos. – Respondeu seu empregado de confiança.
— As rochosas. – Falou Vária. – Eu vi um labirinto de arenito, quando viemos. Não deve estar longe. É nossa melhor chance.
Cavalgaram por mais alguns minutos e conseguiram divisar o labirinto de que Vária falara. Se aproximaram e apearam.
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As Peças do Jogo
FantasyUma garota desesperada para conseguir dinheiro para tratar da doença degenerativa da mãe, rouba peças de um jogo de tabuleiro, feitas em pedra preciosa, da sala de tesouros do Alcaide da cidade e a partir dali, Vária não imaginou, o quanto sua vida...