Capítulo 5 - Tudo Se Torna Claro

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Vária estranhou o jeito amistoso que as duas estavam, mediante os minutos que antecederam à saída delas da sala. Não gostou da forma como a bruxa se dirigiu a ela. Tinha vinte e cinco anos e, ser chamada de criança na frente de Amarylis, a irritou. Olhou para a sua Dáma que, num gesto com a cabeça, sinalizou que estava tudo bem. Acompanhou a mulher de andar sensual, saindo pela porta que antes vira Amarylis passar. Dalad levou-a até uma sala em que puderam se sentar.

— O que está acontecendo?

Perguntou Vária, de forma rude. Dalad bufou. Previu que a conversa seria longa e difícil. Depois que retornaram, Vária passou por Amarylis sem a olhar, dirigindo-se para fora da casa, deixando a delicada mulher, inerte.

— O que aconteceu? - Perguntou para a sua irmã, furiosa.

— Eu tentei contar tudo de uma forma tranquila, minha irmã, mas creio que ela não gostou de ser enganada.

Amarylis saiu atrás de Vária, tentando alcança-la, antes que esta chegasse à rua. Segurou seu braço, todavia foi repelida rudemente.

— Vária, eu não poderia te contar nada! Não compreendeu o que isso significava?

— O que compreendo é que eu fui uma idiota.

— Você não pode sair por esses portões dessa forma. Trevor está à nossa procura e ainda é mais forte do que eu.

— Ah, sim! Eu tenho que tomar você para mim para tudo voltar ao normal, não é? Sua irmã me contou. Me diga, que encantamentos você jogou em mim?

— Nenhum, Vária. Será que não vê que você só me tirou de lá por sermos ligadas?

— O que vejo é que eu sou mais uma peça desse jogo!

Vária voltou a caminhar em direção ao portão, sendo seguida por Amarylis. Quando atravessaram a rua, homens cercaram-nas. As duas ficaram, lado a lado, olhando ao redor os agressores que se aproximavam para pegá-las.

— Eu avisei!

Gritou Amarylis, furiosa com a reação que Vária teve, levando àquela situação.

Vária sacou as adagas e puxou Amarylis para perto de si. Ainda trazia mágoa, contudo não conseguiria deixar que Amarylis sofresse na mão de quem quer que fosse. Viu Madi e os outros guardas, vindo de encontro a elas, mas, de repente, Amarylis a empurrou para que ela se afastasse, impôs as mãos para o alto e começou a conjurar em uma língua que Vária desconhecia. Um homem pulou na direção de Amarylis e Vária atirou a sua adaga, matando-o, antes de conseguir alcançar o corpo, daquela que tirara sua razão. Um clarão se fez e todos os homens no entorno caíram, atingidos pela mágica.

Madi chegou galopando, trazendo um outro cavalo pelas rédeas. Vária ajudou Amarylis a montar, subindo, logo em seguida, na garupa. Dispararam para fora da cidade, cientes de que a perseguição começara.

Galopavam há mais de meia hora, num ritmo acelerado. Madi se aproximou.

— Temos que diminuir, Dáma; os cavalos não suportarão mais tempo.

— Não podemos, Madi. Eu sinto que eles estão se aproximando.

— Então temos que nos esconder, pois não teremos muitas chances se perdermos os cavalos. – Respondeu seu empregado de confiança.

— As rochosas. – Falou Vária. – Eu vi um labirinto de arenito, quando viemos. Não deve estar longe. É nossa melhor chance.

Cavalgaram por mais alguns minutos e conseguiram divisar o labirinto de que Vária falara. Se aproximaram e apearam.

As Peças do JogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora