4. Primeiro dia

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Fevereiro de 2019

O ânimo e empolgação foram aumentando com a contagem regressiva para o primeiro dia de aula, dessa vez na ala de ADM, que pode ser um ambiente traumático. Uma amiga minha, me disse:

— Caio, se você ver que o curso nos primeiros 20 dias não é aquilo que gosta ou é uma bagunça histérica, saia antes que seja tarde.

Não me esqueci disso nem se chegar a terminar o 1° módulo. Pelo que vi na lista de classificados, a sala seria composta 50% homens e 50% mulheres, o que é muito bom, pois, ser o único homem na sala do outro curso não foi legal como já disse em alguma parte desse diário. Com uma sala de aparência tranquila, eu cumprimentei e observei todos ao mesmo tempo e achei uma cadeira no outro canto da sala. Fiquei ali observando 5 minutos e depois me levantei e comecei a escrever o horário de aulas do semestre com um pincel preto, saiu torto, e foi algo legível. E disse batendo a caneta na mesa do professor:

— Boa tarde pessoal, esse é horário das aulas no semestre. Eu não sou professor, me chamo Caio, sou um pouco tímido, quem quiser amizade é só chegar. Logo depois voltei a minha cadeira.

A forma como reagiram, a atenção que deram me deu estranheza, mas, eu ali coloquei real carisma. Depois disso, chegou um professor que já conhecia desde meus surtos e pânico, na época ele estava na coordenação, ele comentou:

— Meu horário tá certo, quem escreveu?

— O Caio! — responderam.

Como protocolo, na primeira semana não tem aula direito, e sim, ter que suportar uma palestra de quase duas horas com o diretor, que parece mais uma cópia do Silvio Santos do que mais um funcionário. Acho que quando ele está em frente á câmeras e microfones, parece o apresentador. Isso me dá raiva. Essa reunião com os alunos é para passarem regras meio bobocas — como uniformidade das roupas, apresentar um manual do que o aluno pode ou não fazer e falar da história da escola. Dava para ver todos no celular ou dispersos dormindo ao lado.

Além disso tem a clássica apresentação dos alunos: nome, idade, e que diabos foram parar na Etec, lá naquela palestra mesmo. Eu como não sou besta, não deixei de desabafar dizendo que na minha primeira entrada ali fora desagradável, todos riram. Descontrair um pouquinho não mata! Depois, durante a semana, a mesma coisa de se apresentar ocorreu (coisa que amam ou odeiam) — primeiramente, eu não gostaria de aparecer ou ser uma Hermione masculina, só por ter feito um curso ali. Teve uma pessoa inconveniente, que se apresentou e não parou de falar mais! Começou a falar da vida pessoal, coisa de trinta anos atrás, a moral que ele tem e falou muito da profissão: fiscal. A turma viraria os olhos em questão de dias, sem souber. E muitos ali que mereciam ficar saem, e quem queremos saída permanecem.

Como sobrevivi à Etec - Parte VWhere stories live. Discover now