capítulo 09

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Koany

Chego ao hospital já em cima da hora de assumir o meu plantão.
Hoje estarei na emergência.
Eu amo o meu trabalho, mas essa é uma das alas mais cansativas do hospital.

Troco o meu jeans pelo meu uniforme branco, e minha bota estilo montaria por um tênis bem confortável. Penduro o estetoscópio no pescoço e faço um coque frouxo nos cabelos.
Estou pronta para mais um dia de muito trabalho. — Quem está comigo hoje? — Pergunto para o grupinho que encontra se reunido na sala das enfermeiras.
— Eu, doutora, serei a sua interna até que termine o meu plantão — Responde uma Sophia arrogante e cheia de si, olhando-me de cima a baixo.

Ela é uma das muitas mulheres deste hospital que vivem suspirando pelo Guilherme. Coitada, se ela soubesse de metade dos detalhes de tudo o que ele fez comigo essa noite, aí sim ela me mataria só com o olhar.

Ninguém sabe que nossa amizade é na maioria das vezes regada de muito sexo, mas eu sei que todas invejam a forma como nos relacionamos. O Gui é sempre muito carinhoso comigo e vive me enchendo de mimos, e eu adoro isso.

Agora sei que ele é apaixonado por mim, mas vou continuar fingindo não perceber para não magoá-lo, não posso amá-lo da forma que ele merece. Ontem, quando ele disse que me amava, fingi que estava dormindo para não ter uma discussão às três da manhã. Confesso que senti uma imensa culpa e muita vontade de chorar todas as lágrimas que venho guardando nestes últimos dias.

A lembrança dos momentos vividos ao lado do John ainda me tira o sono, mas eu sei que uma hora terei que seguir em frente e resolver esse impasse com o Guilherme. Não acho justo com ele. Vai chegar o momento em que terei que tomar uma posição e nomear o que temos. Por isso, tenho permitido que ele fique e durma comigo, e não tem sido nada ruim.

Pego alguns prontuários e entrego para que a Sophia passe o primeiro caso.

— Homem de 43 anos, caiu da janela de seu apartamento no terceiro andar enquanto instalava uma rede de proteção. PA (pressão arterial) estável, deu entrada consciente e queixando-se de dores laterais.

— Sr. Aroldo Fonseca e Silva, foi uma queda em tanto, hein?

— Sim, doutora, está doendo muito!

— Vou prescrever um analgésico para as dores. Sophia, leve-o para fazer um raio X das costelas, possivelmente teremos fraturas a tratar.

Um burburinho começa a se formar e um grito agudo de dor, vindo de uma das salas, chama-me a atenção.

— Quero ver os exames assim que estiverem prontos. Faça uma TC (tomografia computadorizada) também.

— Sim, Doutora. Vamos nessa, Sr. Aroldo, serei sua guia em um tour pelo hospital até a sala de raio X.

Deixo o quarto e confiro meu bip, que apita insistentemente. Sigo em direção à sala de urgências, onde fui solicitada.

É grande a movimentação na porta de entrada. Apresso-me, pois, pela correria em que todos se encontram, o estado do paciente é grave.

— Chamaram a ortopedia? Meu Deus, não poderia ser pior. O homem na maca tem uma fratura exposta no fêmur da perna direita e, pela intensidade dos gritos que ele dá quando tenta movimentar-se, seu quadril está deslocado.

— Dra. Vasconcelos, acidente de carro.

— Qual é a situação, Doutora Miranda?

— O paciente foi retirado das ferragens ainda consciente, desmaiou na ambulância e foi reanimado. Fratura exposta na perna direita e queixando-se de muita dor nas costas. Seu nome é....

Uma paixão sem limites (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora