Capítulo 27

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— Koany, você está me dizendo que prefere o seu trabalho a ir embora comigo? Depois de tudo o que passamos, eu pensei que nós finalmente viveríamos o nosso amor sem nenhum impedimento, agora que somos independentes de todas as formas — Digo surpreso, diante de sua atitude para comigo.

— Tudo o que nós passamos, John? Eu perdi o meu bebê, minha mãe e todo o mundo com quem eu vivia. Perdi a chance de ser mãe novamente algum dia, pois carrego como sequela um útero infértil. Vivi anos sofrendo por você e por pensar que você havia me abandonado, e sofri mais ainda pela indiferença para com o meu pai, por não conseguir perdoá-lo a tempo de aproveitar o amor que eu sei que ele tinha por mim. E você vem me dizer que nós passamos por isso? Vai, Johnata... Neste momento, eu o convido formalmente a retirar-se da minha casa e da minha vida, desta vez para sempre. Hoje, eu sei que nunca vou esquecer o que tivemos no passado, mas que, mais do que nunca, estou livre de todos os fantasmas que assombravam a minha vida. Seja feliz com a sua fama, com a sua amiga Kate e com o seu mundo, pois é exatamente isso o que farei.


Guilherme

— Olá! A porta estava aberta, então entrei...

Chego ao condomínio em que mora a razão da minha vida, passo pela portaria e sigo direto para os elevadores sem ser anunciado. Já sou tão conhecido aqui pelo Sr. Francisco, que essas formalidades já não são mais necessárias. Apenas o cumprimento com um aceno de cabeça, e sigo o meu caminho.

Trago em minhas mãos várias sacolas, contendo tudo o que será preciso para que eu prepare o nosso jantar. Optei por uma massa italiana e, como tenho pouco tempo para o preparo, escolhi fazer um espaguete à Siracusa, rápido, fácil e prático, sem contar que é uma delícia. E eu sei que Koany tem loucura por massas.

Ao entrar, vejo que ela se encontra encolhida em seu sofá, com as pernas dobradas e as mãos juntas apoiando seu rosto. Não me surpreendo pelo modo como ela está. Para falar a verdade, eu esperava encontrar uma cena bem pior, e é por isso que estou aqui.

Ela levanta-se em um sobressalto, e abre o sorriso mais lindo que faz meu coração palpitar, cada vez mais descompassado. É desta maneira que meu corpo reage sempre que a vejo, ela consegue abalar as minhas estruturas apenas com um sorriso.

— Mulher, como você é linda!

Eu mal termino de falar e ela se agarra em mim, como se sua vida dependesse disso.

— Você está aqui... Que bom que você está aqui! Não vá mais embora, eu preciso de você, preciso do meu amigo, preciso de você de todas as formas possíveis, me perdoe por ser burra e fechar os meus olhos para os nossos sentimentos.

Ela tenta me beijar, mas eu me desvencilho de sua boca, beijando sua testa e ficando de pé em seguida.

— Eu estou bem aqui, bonequinha. O único lugar para onde eu vou é para a cozinha preparar o nosso jantar. Venha, me dê o prazer de te olhar enquanto eu cozinho.

Pegando em sua mão, a puxo em direção a cozinha, onde juntos preparamos o que vamos comer entre brincadeiras e risos, abraços e carícias. Colocamos de lado todos os últimos acontecimentos, como se o tempo estivesse congelado naquela manhã em que tudo aconteceu.

Depois de tudo pronto, servimos a mesa, que foi arrumada ali mesmo na cozinha. Abro um dos vinhos que ela sempre deixa estrategicamente reservado em sua pequena adega, e comemos. Matamos a nossa fome de comida, pois a fome que tenho dela não há massa no mundo que consiga saciar.

— Não vai me perguntar como foi? — Ela pergunta com o olhar triste e perdido na direção da janela.

Olho para ela, analisando suas expressões, e só faço confirmar aquilo que eu sempre soube. Ele a quebrou de tal forma que não foi possível consertar, juntar os pedaços ou maquiar as rachaduras.

Uma paixão sem limites (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora