Chapter 2

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Na manhã seguinte, Tom acordou com barulho de pratos, que provavelmente vinham da cozinha e Tessa lambendo seu rosto.
-Oi garota! Como você está grande, caramba! - disse ele fazendo carinho na cachorra, que abanava o rabo.
Ao levantar, ele sentiu que sua cabeça ia explodir, a ressaca do dia anterior havia chegado com tudo. Com passos lentos, Tom saiu do quarto e foi até a cozinha, onde Sam lavava a louça.
-Bom dia! - disse ele ao ver o irmão.
-Bom dia... - disse Tom se sentando.
-Tem café pronto, se você quiser. - disse Sam.
-Ok, obrigada... - respondeu Tom, se servindo uma xícara. -Onde estão os outros? - disse Tom notando que não havia mais ninguém em casa.
-Saíram pra trabalhar, eu geralmente fico por aqui mesmo. - disse ele secando as mãos em um pano.
-Harry trabalha agora, é? - disse Tom rindo.
-Dá um tempo pra ele, Thomas! - disse Sam para o irmão mais velho.
-Eu não fiz nada pra ele me tratar desse jeito. - disse o garoto enfiando uma torrada na boca.
-Você sabe exatamente o que fez. - disse Sam guardando o restante das coisas do café da manhã.
-Tá, tanto faz... - respondeu Tom, levando sua xícara até a pia.
Quando olhou pela janela, Tom viu o jardim de lírios da mãe completamente destruído.
-Sam? O que aconteceu com o jardim da mamãe? - pediu ele confuso.
-Eu... não sei, depois que foi embora, o papai não tocou mais nele. - disse Sam dando de ombros.

Depois de tomar café, Tom ajudou o irmão com a mesa, antes de tomar banho e vestir uma roupa limpa.
-Onde estão as chaves do carro? - gritou ele da garragem.
-Ele e Harry foram trabalhar de carro. - disse Sam, soando óbvio.
-E como eu vou sair? - disse Tom.
-Eu não sei, acho que nossas bicicletas ainda estão no porão. - disss Sam vendo o irmão rolar os olhos.
-Tá brincando, né? Vocês tem uber aqui, pelo menos? - disse ele para o irmão que balançou a cabeça. -Qual é, como vocês sobrevivem? - resmungou o garoto, vendo o irmão rir.
Tom então se jogou no sofá da sala e decidiu ligar para Andy, que não esperou nem tocar duas vezes.
-Tom, eu não quero desculpas, só me diga onde está, que mandarei alguém te buscar. - disse o homem assim que atendeu.
-Andy, eu estou na minha cidade natal, um dos meus amigos de infância, ele... morreu ontem. - disse Tom ouvindo a linha ficar muda.
-Oh! Eu... eu sinto muito! - disse Andy, depois de alguns segundos.
-Tudo bem, é só... você acha que posso ficar por alguns dias? - perguntou o garoto suspirando.
-É claro que pode, Tom! Eu vou falar com a imprensa, não se preocupe, só fique com sua família, ok? - disse ele.
-Ok, obrigada Andy! Ah, mais uma coisa, você poderia me enviar um carro e meus cartões de crédito? Eu tenho pouca coisa comigo. - disse Tom se virando no desconfortável sofá.
-Claro, só me manda o seu endereço. Fique bem, ok Tom? - disse seu agente.
-Ok, obrigada Andy! - respondeu Tom encerrando a chamada.

Contra a vontade, Tom pegou sua velha bicicleta e foi até o mercado da cidade, onde comprou um pacote de cigarros e uma garrafa de whiskey.
Enquanto sentava no banco, que ficava em frente ao local e tomava alguns goles da bebida, Tom viu exatamente quem ele queria, Rebecca, entrando em uma floricultura.

O sino tocando acima da porta da floricultura sempre indicava mais um cliente, mas depois de ver quem havia entrado na loja, Becca desejou que ele nunca tivesse tocado.
-Oi... - disse mas foi cortado pela loira.
-Eu estou trabalhando! - disse ela apontando para a cliente á sua frente. -Vai ficar R$27,75 Sra. Adams! - disse Rebecca, tentando ignorar a presença de Tom.
-R$25... R$27... R$0,50... R$0,75. - disse a senhora, colocando as moedas no caixa, enquanto Tom esperava impacientemente.
-Isso mesmo, muito obrigada, deixa eu te ajudar com isso até o carro. - disse Becca pegando o buquê de flores e a acompanhando.
Do lado de fora, Sr. Adams já esperava a esposa na direção do carro.
-Bom dia Rebecca! - disse ele a cumprimentando.
-Olá Sr. Adams! Belo dia, não é mesmo? - respondeu Becca sorridente enquanto ajudava com as flores.
-Obrigada! - disse a senhora sorrindo, antes de virar o olhar para Tom, que havia as seguido. -Você... um idiota! - disse ela antes de entrar no carro.
Já dentro da loja, Rebecca continuou montando o arranjo de flores em silêncio, até Tom coçar a garganta e iniciar a conversa.
-Foi um soco e tanto, o que me deu ontem. - disse ele sem tirar os olhos da loira.
-Aquilo foi só um aviso! - respondeu Becca, enquanto amarrava uma fita no cabo das flores.
-Você trabalha aqui, agora? - disse Tom olhando ao seu redor.
-Eu sou a dona! - respondeu Becca.
-Uau! - disse ele surpreso.
-Sim Thomas, eu fiz algo da minha vida, depois que você me abandonou. E sim, muitas pessoas desta cidade se foram desde que você foi. Minha mãe morreu, você sabia disso? - disse a loira.
-Não, eu sinto muito. Eu... eu não fazia ideia. - disse ele balançando a cabeça.
-Thomas, você notou que nos últimos anos, ninguém e eu quero dizer ninguém mesmo, na nossa pequena cidade, falou com a imprensa sobre você ou sua vida aqui? - pediu Becca o vendo negar. -Você também notou que ninguém postou uma foto sua no Facebook ou no Instagram, nada? E porquê você acha isso, Tom? - disse ela sentindo o sangue ferver.
-Porque eu te deixei. - respondeu ele.
-Porque você deixou todos nós, Thomas! A cidade inteira! - disse Becca levantando a voz. -Ninguém falou sobre o que você fez aqui porque... porque nós apoiamos uns aos outros aqui em Kingston. Somos uma família. Somos leais. Mas seu lugar não é mais aqui, Tom. Por favor, só vai embora! - finalizou a loira, voltando a trabalhar no arranjo.
Tom estava pronto para começar a se desculpar com ela, quando uma garotinha, a qual ele reconheceu ser a mesma que acompanhava Rebecca na igreja, entrou correndo na loja.
-Oi mamãe! - disse ela animada.
-O-oi meu a-amor! Como foi a escola hoje? - disse Rebecca, extremamente nervosa, a abraçando.
-Muito legal! A Srta. Ross deixou a gente brincar na pracinha! - disse a garotinha.
-Oi Tom! - disse Carter, amiga de Becca, que acompanhava a garotinha e mais algumas crianças.
-Carter! - cumprimentou ele.
-Quer saber? Carter vai levar vocês para tomar sorvete, o que acham? - disse Becca, olhando para a amiga, que entendeu na hora o que estava acontecendo, ou melhor, prestes a acontecer.
-É por minha conta! Vamos lá! - disse Carter, recebendo um agradecimento da amiga.
-Mamãe, esse não é aquele que você vê na tv? - disse a garota apontando para Tom, que cruzou os braços, dando um sorrisinho para Becca.
-Não filha, eu... eu não acho que... - disse Becca se enrolando com as palavras.
-Eu... eu sou um amigo da sua mãe. Tom! - disse ele estendendo a mão para ela.
-Lilly! - respondeu a garotinha um pouco sem graça, antes de cochichar algo para a mãe.
Mas Tom já não estava mais ouvindo pois, assim que ouviu aquele nome, ele sentiu suas memórias voltarem com tudo.

Era o verão de 2013, ele e Rebecca sentavam na grama do quintal de sua casa, quando ele decidiu fazer uma pergunta.
-Bec? - disse ele chamando a atenção da loira, que deitava em seu colo.
-Huh? - disse ela.
-Quando tivermos nossos filhos, como eles irão se chamar? - disse o garoto vendo a expressão da namorada mudar.
-Filhos? Tom, nós ainda não nos casamos. - disse ela erguendo as sobrancelhas.
-Eu sei, mas... você sabe que eu quero ter filhos com você. - disse vendo um sorriso brotar no rosto dela.
-Eu sei, deixa eu ver... se for menino, eu não tenho ideia. - disse ela. -Talvez Josh, eu gosto de Josh. - disse Becca.
-Josh? Ok... e menina? - perguntou ele.
A loira pensou um pouco, mas depois de seus olhos passarem pelo jardim de lírios de Nikki, ela teve certeza da resposta.
-Lilly, como as flores favoritas da sua mãe! - disse Becca sorrindo.
-Eu te amo, sabia? - disse Tom a beijando.

-Lilly? É... é um lindo nome! - disse Tom olhando para Becca, que tinha os olhos marrejados.
-É hora do sorvete, que tal vocês irem e encontro vocês... - Rebecca tentou dizer, mas foi cortada novamente por Tom.
-Só um minuto! - disse ficando de joelhos. -Quantos anos você tem, Lilly? - pediu ele para a pequena.
-Cinco anos! Mamãe disse que vou ganhar um pula-pula quando completar seis. - respondeu ela animada.
-Ok, vamos tomar sorvete? - disse Carter finalmente levando as crianças.
-Tchau mamãe, tchau Tom! - disse Lilly, antes de sair.
-Tchau, meu amor! - disse Becca indo até a porta, agradecendo a amiga e dizendo que buscaria Lilly assim que terminasse.

Ela ficou de costas para Tom, tentando conter as lágrimas e o nervosismo, até ele quebrar o silêncio.
-Cinco, huh? - disse ele, fazendo Becca se virar.
-Parece que aquela conversa que eu imaginei mil vezes na minha cabeça, está prestes a acontecer, não está? - disse ela, com a voz embargada.
-É... está! - respondeu Tom cruzando os braços.
-Uh, vou precisar de uma cerveja pra isso! - disse a loira indo até o freezer de flores, onde ela deixava algumas cervejas, para ocasiões especiais.
Depois de abrir e tomar alguns goles, ela finalmente criou coragem para começar a falar.
-Eu descobri que estava grávida duas semanas depois do dia do nosso casamento, ou o que era pra ser o dia do nosso casamento. Fiquei com tanta raiva, tão humilhada depois que você me abandonou. Mas mesmo assim... de alguma forma, reuni toda a força que me restava e te liguei pra contar que estava grávida. Claro que caiu direto na caixa postal. Eu deixei uma longa mensagem, implorando para você me ligar de volta. E então, eu prometi a mim mesma, que se você não tivesse a decência de me ligar de volta, pra descobrir o que eu precisava dizer de tão importante... eu nunca mais entraria em contato com você. Porque Lilly e eu merecemos coisa melhor, Tom! - disse Becca, finalmente tirando o peso que carregava nas costas. A loira então sentou ao lado do garoto, que estava sem palavras.
-Você deu o nome em homenagem á minha mãe, Becca! - disse ele depois de alguns minutos.
-Estou surpresa que ainda se lembre disso. - falou a loira olhando em seus olhos marejados.
-Hey, irmãzinha! Tom? O que você está fazendo aqui? Já não fez ela sofrer o suficiente? - disse Jake ao entrar na floricultura.
-É bom te ver também, Jake! - disse Tom fechando o rosto.
-Quer saber? Tom já estava indo embora. - Becca disse rapidamente.
-Eu estava? - disse Tom confuso, recebendo um olhar da loira. -Ok! - disse ele antes de sair.
Tom então subiu na sua bicicleta e voltou pra casa, já que sua família tinha algumas explicações para dar.

meant to be | tom holland Where stories live. Discover now