Capítulo quatro: Ele?! (Parte um)

232 29 8
                                    

A loucura gritava em seu olhar, mas eu decidi ignorar.

Era como se estivéssemos em um filme de ação, se alguém tivesse filmado e mostrado a outras pessoas elas nunca acreditariam que isso realmente aconteceu. Estava no chão e sem fôlego quando os guardas entraram no salão com suas lanternas e armas apontadas para o nada, no instante que escutaram os disparos. Quando o salão foi iluminado, vimos a desordem que o lugar ficou, nem parece que estava fascinante estar ali. Um menino desconhecido me ajuda a levantar e ajustar o meu vestido, suponho que tenha sido ele que me empurrou para o chão, assim que agradeço caminho de volta para a mesa que estava antes. Sem esperar muito, nos obrigam a retornar para os dormitórios, sem ao menos termos tido a oportunidade de enxergar a comida, fomos informadas de que não era preciso se preocupar com nada e que o comitê cuidaria de tudo. É evidente que seria impossível não se preocupar com o que aconteceu, tiros foram disparados na nossa primeira noite aqui, fora o apagão e a menina desconhecida que formaram um conjunto do medo para mim. Pelo menos ninguém se feriu. 

Ethan nos acompanha até a porta do nosso quarto e assim que a fechamos nos puxamos para um abraço enquanto choramos sem parar, sei que parece tolice, mas foi um susto enorme para nós. Megan nos envolvia com força em seus braços e retribuo na mesma intensidade. Camila, Emily e eu; somos um trio de melhores amigas, mas ela não tem ninguém, tinha alguns conhecidos e estava sempre com o grupo popular da escola, só que nunca a vi ter alguém com quem contar quando precisasse. Espero que esse momento deixe claro que estamos aqui por ela, que ela é bem-vinda. Juntamos as nossas camas para que nos sentíssemos seguras, foi demorado, mas necessário para mostrar que estamos ali uma pela outra e assim que finalizado elas relaxam e caem no sono. Sabia que o mesmo não ia acontecer comigo, então não fico fazendo nada além de apreciar a beleza da lua cheia nessa noite. Desde que era uma criança, minha mãe me ensinou a amar a lua, pois, é uma das suas coisas favoritas que existem nesse mundo, perdendo apenas para mim. Em momentos como esse é impossível não pensar nela, ainda mais quando me dizia que sempre que precisasse dela era para olhar para a lua e imaginar que ela ali, comigo, independente da sua fase. Era para tornar a lua a minha melhor amiga.

Penso em ligar para ela para desabafar sobre como foi o meu primeiro dia aqui, mas apenas envio uma mensagem já que está muito tarde e ela dorme cedo.

Fomos à praia assim que pisamos na ilha, o calor está razoável aqui, mas é simplesmente lindo do jeito que imaginávamos. Encantador desde os hotéis até a praia e além das montanhas, só que parece ter algo a mais nesse lugar, uma energia diferente que não sei dizer ao certo se é boa ou ruim. Acho melhor deixar para te atualizar melhor amanhã, e que tudo seja melhor a cada dia que passe. Durma bem, te amo.

A manhã está bem fria por causa do vento na praia que assoviava nos meus ouvidos de tão forte que estava, aquilo é incomodativo e a areia da praia estava pegajosa nos meus pés. O sol brilhava e aquecia tudo aqui em baixo, não tinha nenhuma sombra para me abrigar, só que aos poucos, o céu ensolarado dava espaço para as nuvens escuras, uma tempestade se armava. Era como estar no oeste da Venezuela, no rio catatumbo. Pensava que estava sozinha no meio daquele fenômeno, mas ao longe vejo duas figuras, não consigo reconhecer quem são, mas corro para perto deles assim que o estrondo dos trovões começa a rasgar o céu. Mesmo faltando muito para estar perto deles, ouço os dois rirem mais alto que os relâmpagos e cantarolavam a música que Angeline cantou antes de a confusão começar, não enxergo seus rostos com clareza e é complicado já que os dois dançavam na areia da praia, no meio da tempestade, no meio do caos. Me assustava a cada trovoada e gritos surgiam de dentro de mim, no entanto, não era só a tempestade que me atormentava já que era possível ouvir com perfeição os disparos próximos aos meus ouvidos e não adiantava em nada pedir ajuda, pois, os dois riam e dançavam cada vez mais.

Tenho Um Segredo: Sou Eu!Where stories live. Discover now