Prólogo

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19 anos atrás

[Amy Baker]

Em um dia que eu insistia pra mim mesma ser normal, estava longe de ser assim. Não acreditava no que os meus olhos viam através da janela. Faz dias que a vejo. Uma criança com apenas 4 anos vivendo na rua. Aquela mesma criança que eu via todas as noites acompanhada com sua mãe e seu pai nas noites de cinema. Aquela mesma criança que eu via nas tardes no parque jogando bola com o seu pai. A mesma criança que agora eu vejo nessa rua a 3 dias, sentada na calçada, sem ter o que comer, o que beber e o que vestir. Não sabia o que acontecerá com ela. Pensava em alguns momentos que essa menina tinha fugido de casa o que era impossível pois a mesma não era mal tratada. Até que chegou aos meus ouvidos a notícia que seus pais haviam deixado de existir há 3 dias atrás, deixando uma criança de 4 anos morando na rua.

A criança que está diante de mim já não tem ninguém, com a perda dos pais obviamente não via mais conforto em estar em casa sem a presença deles.

Aquela criança já não tinha família nenhuma, e não podia deixá-la lá fora. Prontifiquei-me a colocar um casaco pelo frio que faz, misturado com a chuva que cai, em plena "noite" de terça-feira. Já não aguentava mais ver essa cena.

Abro a porta e caminho na calçada depois de fechar a porta atrás de mim. Eu me aproximava a passos largos da garota de cabelos loiros que fungava devido ao choro. Quando a mesma levantou o olhar para mim, dou de cara com olhos cinzentos que brilham de tristeza, desatando-se a chorar novamente.

-Não toque em mim - a pequena sussurrou essas palavras que me partiram o coração, mas mesmo assim eu persisti - vá embora!

Eu me ajoelhei perto dela que estava sentada, claramente não se importando de ficar encharcada pela chuva - Não tens o que temer pequena. Só quero ajudar!

Ela deixa cair o olhar para o chão limpando as lágrimas
-Mamãe "dizia" para não falar com estranhos! - e uma lágrima escapa de seus pequenos olhinhos junto com essas palavras.

-Bom, você está falando comigo não? - eu toco de leve o seu bracinho e eu notava o seu olhar perdido

-Por favor... me deixe aqui... me deixe morrer assim - como pode uma criança tão pequena pedir tal coisa? Meu coração mais uma vez fica com uma rachadura

-Pequena... - eu deslizei meus dedos debaixo do seu queixo erguendo seu rostinho pra mim - ...não me peça tal coisa. Eu estou aqui e vou cuidar de si!

-Hmm... vai ficar comigo? - o seus olhinhos transmitiam insegurança. Concordei acenando com a cabeça e um sorriso

-Qual é o seu nome pequenina? - ela se levanta do chão com claras esperanças que tudo iria melhorar pra ela.

-Ellie... Mera, e o seu? - sua voz é como um sussurro dessa vez, claramente por medo de esperar o pior

-Amy... Amy Baker. Mas me chame de avó se quiser- vejo um pequeno sorriso fraco desenhado em seu rosto de anjo.

-Tudo bem. "Avó", mas você não é assim tão velha para ser uma - não, não mesmo. Só tenho 27 anos, mas sonhava em ouvir alguém me chamando assim um dia. Mas infelizmente não me foi concebido ter filhos

-E não quer ter uma? - eu recebo um abraço como resposta e assim vamos para minha casa ainda abraçadas

[...]

Depois de alguns meses cuidando da Ellie, decidi colocá-la na escola. E tudo foi bem desde então é ela passou a chamar-me de tia. O que eu amava muito ouvir.

Agora eu partilhava a casa com uma doce criança de 4 anos, enchendo todo o lugar de brilho e claros sorrisos soando pelos corredores. Mais feliz eu não podia estar, por tê-la ajudado em uma situação em que ela mais precisava de alguém.

Impossivel Amar Você Donde viven las historias. Descúbrelo ahora