Moon U

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"Repetindo a melodia.
Sinta isso depois de andar segurando minhas mãos, o vento frio da noite.
Eu serei sua estrela, o homem perfeito para você sou eu."

Moon U • GOT7

Depois do incidente no dia dos namorados, Youngjae simplesmente sumiu.

Não foi mais à faculdade, não respondia as mensagens de Jaebum e nem atendia ou retornava suas ligações. 

Mark, o único amigo em comum que tinham, também resolveu tomar chá de sumiço.

Uma semana depois do fim mais desastroso do dia dos namorados de todos, o Im resolveu que precisava se abrir de vez com a pessoa mais sensata que ele conhecia: Park Jinyoung, seu melhor amigo, que já havia percebido tanto o comportamento estranho do mais velho quanto o sumiço de Youngjae.

"Jaebum-Hyung, sei que você não está bem. Também já notei que não quer falar sobre isso agora. Mas, quando estiver pronto para colocar o que quer que esteja te fazendo mal para fora, sabe onde me encontrar.", ele havia dito ao amigo, na segunda-feira após todo o acontecido.

Decidiu que no dia seguinte, após a aula, iria procurar o Park. Precisava mesmo de um ombro amigo, mais do que nunca.

[🌙]

A falta de Choi Youngjae devia ser considerada uma abstinência.

Não estar com ele, não conversar, não ter nem notícias de seu paradeiro por mais de um dia, agoniava Im Jaebum, o transformando num viciado sem acesso à sua substância química favorita, ele era um dependente.

Não conseguia comer direito, não dormia o quanto precisava. Não conseguia prestar atenção às aulas. Nem mesmo compôr uma música para descontar o que estava sentindo foi capaz.

Estava louco, de saudade, de paixão, pensar numa vida onde não havia Choi Youngjae ao seu lado era maluquice. Simplesmente não dava.

Claro que esse fator não era o único que o fazia ter vontade de arrancar os próprios cabelos.

Jaebum estava a um passo de procurar um hospício para se internar, ainda mais depois de tirar a conclusão de que ele realmente vira os olhos de Youngjae brilharem num azul nada natural.

Respirou fundo e passou as mãos pelo rosto pela milésima vez desde que deitara naquela cama para arriscar uma tentativa falha de cair no sono.

Não sabia mais o que fazer para tentar dormir ou ao menos se acalmar, os remédios que geralmente lhe ajudavam naquilo não estavam surtindo efeito algum.

Virou o corpo para o outro lado, o rosto de frente para a janela de vidro envelada apenas pela cortina acinzentada.

Sua visão se irritou um pouco, abriu os olhos para ver que sua cortina não estava totalmente esticada, deixando entrar alguns raios de luz de um poste do lado de fora e fazendo-os bater bem em seu rosto.

Irritado e nada sonolento, Jaebum se levantou para ajeitar o tecido que cobria a janela de modo parcial.

Quando encostou no pesado polímero, sua visão foi atraída para a luz que o incomodava. Ou melhor, para o que transmitia aquela luz.

Não era um poste.

Era a lua.

Abriu um pouco mais as cortinas, para apreciar o quão bonita ela estava naquela noite.

Jaebum era suspeito, sempre teve um amor gigante pelo satélite. Mas não havia como negar que naquela noite ela estava magnífica.

Em sua forma cheia, fazia a luz prateada banhar toda a civilização que os olhos pequenos do Im podiam alcançar dali de seu apartamento.

Suas pupilas desviaram e seu campo de vista escorregou para sua própria mão. Lá estava o anel que ele comprara. Com as várias fases da lua.

"— Às vezes eu falo com ela. — Jaebum confessou, passando os dedos pelo cabelo de Youngjae, a cabeça do mais novo encostada em seu peito. — Com a lua.

Os dois estavam deitados numa toalha no parque, à beira do rio Han. Só haviam marcado um piquenique, mas ele se estendeu e lá estavam os dois, às dez da noite, abraçados e os olhos voltados para o céu, para a noite estrelada.

Youngjae adorava ficar na companhia de Jaebum, ele o transmitia uma calma que nunca sentira na vida.

E naquela situação, num tranquilo parque, observando o céu que os cobria, agasalhado com um casaco que pegara emprestado do outro rapaz, e ainda por cima ouvindo o coração do Im tão de pertinho... Ele poderia ficar deitado ali para sempre. 

Sorriu de leve ao ouvir a confissão do rapaz.

— Eu sinto que ela me escuta. — Jaebum continuou e deu um risinho envergonhado ao notar que o Choi o encarava. — Juro que não sou maluco. Só muito bobo.

O sorriso de Youngjae aumentou.

— Eu acho fofo. — Espalmou as mãos sobre o peitoral do rapaz. Passou os dedos pelo rosto alheio e deixou um beijinho suave nos lábios finos de Jaebum, que sorriu, encarando os olhos castanhos que conseguiam ser ainda mais brilhantes do que a lua.

— Você é fofo, hyung. — Antes que ele pudesse devolver com um clássico 'eu não sou fofo, eu sou sexy', Youngjae o beijou de novo. — E eu tenho certeza que ela te escuta, sim."

Jaebum sorriu pela lembrança que passou por sua mente. Era mesmo um bobão.

Olhou de novo para a lua. Pediu desculpas para Jinyoung mentalmente.

— Acho que no momento você é a única que pode me ouvir... Que pode me ajudar. — Sussurrou, as pontas dos dedos encostando no vidro.

Abriu a boca para começar a desabafar com sua velha amiga, mas nenhum som saiu de sua boca. Não teve a oportunidade de projetar nenhuma palavra.

Seus pensamentos foram cortados pelo som da campainha do seu apartamento.

Deu um salto sem sair do lugar.

Deviam ser duas da manhã, quem diabos seria o louco que estaria ali?

Hesitou um pouco, mas o visitante noturno era insistente e continuou tocando a campainha.

Piscou, acordando do breve transe que a surpresa havia lhe causado. 

Finalmente, moveu as pernas em direção à porta. Ao destrancá-la, seu queixo por muito não encosto no chão.

Teve que piscar algumas vezes e esperar alguns segundos para conseguir processar o que via. Ou melhor, quem.

— Youngjae?

Ele parecia... Bem. Apenas tinha as mãos para trás e a expressão retraída, não conseguindo encarar os olhos do mais velho. Mas parecia bem.

— Hyung...

Antes que ele pudesse concluir sua fala, Jaebum o cercou, colocando-o dentro de seu abraço. Foi tomado pelo alívio.

Finalmente, pensou. Tinha ficado apenas uma semana sem aquilo, mas parecia uma eternidade. Era como se o tempo não passasse, ele tinha se arrastado. 

Apertou mais o garoto contra si, sem acreditar que estava sentindo seu cheirinho amadeirado suave, o coração palpitando feliz como nunca.

— Você voltou. Youngjae, você voltou. — Se afastou segurando o rosto dele, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. E para ele, realmente era.

Mas, segundos depois, sentiu que o mundo parou de girar. Todo aquele alívio se diluiu de vez, foi pelo ralo. Sentiu que não conseguiria mais respirar. Sentiu que estava ficando sem oxigênio quando leu as tais palavras na boca de Youngjae:

— Hyung, vim aqui para terminar com você.

My Own Moon [🌙] 2JaeOnde histórias criam vida. Descubra agora