Estante multicultural

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Bonjour! How are you my friends? Tudo fixe?

Portanto, a Gold_Mack fez uma proposta de tema no capítulo passado e, como o prometido é devido, hoje vim falar sobre, nada mais nada menos que: ler em outras línguas.

Ler é bom.

Faz bem à alma, à cultura, ao intelecto e ao espírito. Às vezes não faz bem à vista, mas em princípio uma boa iluminação e exercícios de focagem a longas e médias distâncias quando aquele cansaço de vista nos atinge resolvem o assunto.

Também faz bem ao vocabulário. De vez em quando, descobrimos ou redescobrimos a vastidão da língua portuguesa. Ainda no outro dia aprendi o significado de gelasina (covinha que se forma na bochecha de algumas pessoas) e reaprendi o significado de tacitamente (implicitamente), graças a dois livros diferentes.

No entanto, chega a uma altura das nossas vidas em que é difícil aprender palavras novas porque já ouvimos de tudo (ou quase tudo). Geralmente, a excepção acontece quando lemos  — acabamos sempre por descobrir mais um arcaísmo, especialmente se for num livro mais antigo, ou alguma palavra assim mais.... "extravagante", digamos  — daquelas que ninguém usa no dia a dia porque os sinónimos são mais fáceis ou mais populares mas que um dado escritor se lembrou de usar, talvez para deixar o seu texto mais "poético".

Mas para além de lermos na nossa língua materna  — neste caso, o português  —, acho que também é bom para nós ler noutros idiomas. A meu ver, só traz vantagens:

1.  Exercita uma língua que já tenha sido aprendida mas que não é muito usada, a par com filmes e músicas  No meu caso, isto aplica-se especialmente ao francês, que fui obrigada a ter no Ensino Básico por três anos e ao espanhol, que tive por dois anos no Ensino Secundário. O espanhol até que é relativamente fácil, agora o francês.... Já só sei dizer meia dúzia de frases simples de "sobrevivência" e algumas palavras soltas. Se a minha professora me visse agora, ficaria desiludida, de certeza.

No entanto, através de filme, séries e de músicas, sei que ainda compreendo um pouco, de ouvido.

Talvez devesse recomeçar a ler em francês... A princípio teria de andar com um dicionário atrás. Mas ao fim de alguns meses a ler e a ouvir a língua franca, acho que já seria capaz de ter uma conversa, ainda que simples, com os estrangeiros que nos vêm pedir indicações e que falam inglês mal e porcamente ou que arranham um portunhol incompreensível.

2. Ajuda a aprender uma nova língua  Toda a gente sabe que, quando se está a aprender uma nova língua, saber ler nesse idioma é essencial. Se formos ao estrangeiro, saber falar a língua do país não basta. Muitas vezes as placas das indicações ou as entrelinhas dos produtos ou das ementas não vêm em inglês... e não saber o que lá está escrito pode ser fatal — especialmente em países cujo inglês ou até mesmo o espanhol (que para nós portugueses é fácil de entender) só é falado pela população mais instruída e mesmo assim não são todos.

Não, não estou a exagerar. Como pessoa com uma lista de alergias maior que este capítulo e com uma experiência de quase choque anafilático no estrangeiro, digo-vos que não saber o que estamos a comer pode ser horrível.

Então, ler livros com temas que nos interessem num idioma que estamos a tentar aprender é juntar o útil ao agradável. É complicado ao início, sim. Mas a velocidade com que  aprendemos o vocabulário para nos considerarmos minimamente fluentes é enorme (se realmente tivermos interesse e nos esforçarmos), logo não demora muito a que se torne um prazer.

3. Não se perde nada na tradução se há coisa que me irrita quando estou a ler é ver um asterisco com N. do T. (Nota do tradutor) a explicar porque é que teve de alterar a frase toda ou algumas das suas palavras. As piadas deixam de ter graça, as rimas perdem o sentido e, por vezes, as falas ficam "descontextualizadas" porque são completamente diferentes das originais e parece que caíram ali de para-quedas.

Ler na língua original impede que estas coisas aconteçam e conseguimos perceber exatamente aquilo que o autor queria transmitir.

4. Expande horizontes  As editoras nem sempre traduzem os grandes sucessos do estrangeiro ou, quando o fazem, nem sempre completam as coleções  — ainda estou à espera que a Porto Editora acabe a coleção da Maldição do Tigre e que a Topseller decida publicar o resto de Maximum Ride. Ou, por vezes, descobrimos por acidente histórias super interessantes que ninguém se dá ao trabalho de traduzir porque não acham que vá ser um sucesso de vendas ao ponto de compensar a despesa da tradução e edição.

Portanto, saber ler noutras línguas traz-nos experiências que, de outro modo, não teríamos. Podemos conhecer novos mundos, personagens fascinantes ou enredos inebriantes. Podemos ficar fãs de escritores ou histórias que, de outro modo, não poderíamos conhecer.

E não é necessário ser feito em papel. 

Acho que todos aqui temos prazer em ler histórias amadoras. Gostamos (ou não nos importamos) de conhecer outros escritores amadores que, por estas ou aquelas razões, nunca chegam a ter formato físico, mas que têm imaginação e talento suficiente com as palavras para nos deliciar e deixar tão viciados como qualquer outro autor publicado.

E o bom do wattpad, para além de nos permitir conhecer diamantes em bruto (ou nem tanto) que não chegam ao mercado literário, é que podemos programar a busca de novas histórias para o idioma que quisermos!

Queres ler mais em inglês? Podes! Gostarias de aprender espanhol e não tens material por onde começar? Muda as definições da tua conta e começa a descobrir o universo amador hispanohablante! Sentes falta daquela língua que aprendeste uma vez mas que agora está quase esquecida? Procura histórias nesse idioma e começa agora a matar as saudades!

Com tanta disponibilidade e facilidade de acesso a este tipo de conteúdo, já não há desculpas para não nos aventurarmos a descobrir o que os escritores à volta do globo nos têm para oferecer.

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Depois disto tudo, tenho um desafio para vocês:

➤ Leiam noutra língua qualquer. Quer seja algo dentro da vossa zona de conforto ou não, leiam noutro idioma que não o português e depois contem-me tudo: que língua escolheram, se andam a ler por aqui ou em papel, que livro andam a devorar e como é que está a correr e o que é que estão a achar.

Eu própria vou abraçar este desafio. Vou ler em Italiano.

Escolha estranha? Eu explico.

Quando era pequena tinha TV por satélite, cuja antena estava virada para o satélite italiano. Cresci a assitir a um canal televisivo chamado RaiGulp, que passava desenhos animados espanhóis, franceses e italianos — nestas mesmas línguas.

Por vezes ainda os revejo, quando me bate a saudade e não tenho nada para fazer. Mas devo admitir que tenho imensa dificuldade em perceber grande parte das conversas em italiano.

Por isso, vou embarcar neste desafio com vocês. Tenho já na minha biblioteca desta plataforma livros italianos, que se encontram até numa lista de leitura especial no meu perfil. Gostavam que eu vos contasse também os meus progressos?


Espero que tenham gostado. A qualidade de escrita não é a melhor, mas não quis deixar isto nos rascunhos muito mais tempo, já que a sugestão foi feita à imenso tempo. Sintam-se à vontade para me avisar se me esqueci de alguma coisa ou de me dizerem que acham que as coisas não são bem assim.

Talvez volte noutro dia, quando tiver mais tempo, para rever isto é dar um jeitinho nisto, para ficar melhor.

Não se esqueçam que estou sempre disponível para aceitar proposta de temas ou atividades.

Fiquem bem.

Grace

Espaço WattpadOnde histórias criam vida. Descubra agora