PRÓLOGO

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*** Capitulo sem revisão ortográfica ***

Prólogo

Caminho apressadamente sem olhar para trás, não tenho medo, ele me entorpeceu e agora não sinto mais nada, apenas continuo caminhando, passo após passo, com a certeza de que não posso voltar.
Já não tenho mais essa opção.
Hoje sou tudo o que aprendi a repudiar. Estou sujo de uma forma que eu deveria temer, desobedeci, quebrei as regras, fui um traidor.
Hoje sou o pecado e não me importo mais.
As horas passam lentamente, o sol escaldante, meu único companheiro, maltrata minha pele, meus pés doem e começo a cogitar tirar os sapatos, desabotoo um pouco a camisa encharcada de suor, arregaço as mangas e me obrigo a continuar. Estou sozinho e tão cansado que não me importo mais se vou viver ou morrer. 
Mais algumas horas se passam, não me lembro a última vez que bebi água, minha garganta arranha a cada tentativa de engolir a saliva e meus lábios estão cortados, sinto o gosto de sangue e já não tenho mais certeza de quanto tempo estou andando a deriva ou para que direção seguir. O cansaço começa a abrir espaço para sentimentos que não quero, dúvida, arrependimento, medo... medo... medo.
A paisagem continua a mesma, uma imensidão desértica, onde o sol vermelho como fogo, castiga como um rei soberano e cruel.
Eu odeio o sol nesse momento.
O sol começa a se pôr e não faço a menor ideia de onde estou, talvez esteja no vale do esquecimento, e passarei a eternidade aqui perambulando sem um destino, sofrendo e sozinho. Balanço a cabeça afastando esse pensamento, não posso ter medo, o medo me enfraqueceu, me cegou, me impediu de pensar. Não posso permitir que ele me domine novamente.
Nunca mais.
Mais uma noite chega e com ela o frio, fecho a camisa, mas não é suficiente. Depois de um dia de sol escaldante sinto como se o frio chegasse aos meus ossos é quase insuportável. A noite passa ainda mais devagar, estou exausto, faminto e dolorido e pela primeira vez desde que sai de lá, começo a sentir saudades.
Fecho meus olhos e me concentro na garota que deixei para trás, na forma tão bonita como ela cantava, como um anjo na terra, concentro-me no som da sua voz e na forma como seus olhos, sempre assustados, me olharam pela última vez, como seus lábios se moveram em um sussurro sem som. Desespero-me ao pensar que nunca mais vou vê-la. Nunca mais voltarei, nunca mais serei o mesmo, nunca mais...
— Senhoooor! — Grito ouvindo o eco da voz rouca e irreconhecível que sai da minha boca. Ela se repete até ser consumida pela escuridão e me apavoro. Estou no vale do esquecimento, Deus me abandonou e agora viverei nessa agonia por toda a minha eternidade. 
— Senhoooor! — Grito mais uma vez na esperança de ser ouvido e encolho-me implorando para que o Senhor ouça meu clamor e aceite minha punição, meus lábios rachados do sol começam a sangrar novamente e o gosto de ferrugem em minha boca é o mais próximo que chego de algo para beber. Sugo com força aumentando o machucado, mas o que sai é insignificante.
Estou chegando ao fim. Sinto isso em meu coração lento, na minha respiração exausta, nos meus ossos pesados que não querem mais me obedecer.  Encolho-me e choro sentindo minha garganta arranhar pelo esforço e a sede, meu corpo machucado dói e estou esgotado. Essa será minha última noite aqui nesse mundo e partirei sozinho e indigno como um traidor deve partir.
Murmuro um pedido de perdão a ela e repito até que a exaustão me vence e eu apago.

                               ***

O sol me desperta, não consigo abrir os olhos e meu rosto arde como se eu tivesse sido chicoteado, nunca senti tanta agonia em minha vida. Decido que não quero mais tentar e permaneço deitado rezando por um fim que não sei se chegará.
Esse pode ser o meu futuro, ser chicoteado pelo sol de dia e torturado pelo frio a noite, dia após dia pelo resto da minha eternidade.
Então choro mas não tenho sequer lágrimas.
O dia está ainda mais quente que ontem e não faço ideia de que horas são, não consigo abrir a boca, não tenho saliva, piscar machuca meus olhos como se estivessem cheios de areia, minhas pernas doem, meus pés estão tomados de bolhas e respiro com dificuldade, como se o ar fosse pesado demais.
Arrasto-me em busca de um abrigo que me proteja, não aguento mais e pensar na noite que logo chegará me faz desejar a inconsciência, é quando a vejo, parada a poucos metros de distância, usando um vestido tão branco que contorna as curvas do seu corpo, seus cabelos voam com o vento e ela está sorrindo, estendo a mão até ela, mas não a alcanço, arrasto-me para mais perto, sinto o chão arenoso esfolar minha pele queimada e castigada, mas não me importo, preciso chegar até ela, grito por seu nome, sinto o gosto de sangue na boca e tusso engasgando ao ponto de perder o folêgo, ergo os olhos mais uma vez, mas ela não está mais em lugar algum, então paro de lutar e apago.
O frio me faz despertar e uma profunda tristeza me inunda ao me dar conta de que ainda estou aqui, não consigo mais chorar, nem gritar, nem mesmo implorar, não sou mais nada além de um amontoado de ossos cobertos por uma fina e maltratada camada de pele. Fecho meus olhos disposto a aceitar o que me aguarda a seguir, quando ouço algo que pode ser o fim... ou talvez minha salvação.
Um rugido alto chama minha atenção, o primeiro som em dias agita algo dentro de mim. Concentro-me na localização de onde ele vem, me forço a levantar e caio, minhas calças rasgam no chão arenoso e vejo sangue colorir o solo, mas não sinto mais dor, apenas o instinto forte que me obriga a ir até lá.
Caminho lentamente, não consigo abrir meus olhos e nem mesmo tirar os pés do chão, sinto que o som vai e vem e demoro para chegar a algum lugar, me guio pelo rugido que parece ficar mais alto embora mais escasso. Caio e me levanto diversas vezes, acho que perdi a consciência em algum momento porque quando me dou conta o sol já se pós e o desespero me consome.
— Não quero morrer aqui... por favor, Senhor, tenha misericórdia de mim. — imploro sem vergonha de estar chorando. — Não me deixe morrer sozinho...
Ouço o rugido novamente, dessa vez tão perto que me encolho assustado, levanto-me e sigo o som. Estou em um lugar estranho, há uma faixa escura cortando o deserto ao meio. Paro na linha sem saber para onde ir.
Onde está o rugido? Onde foi parar? Por favor não me deixe aqui...
Começo a caminhar agora seguindo as linhas pontilhadas quando um novo rugido surge atrás de mim. Viro-me para olhar e um clarão me cega, outro som agudo atinge meus ouvidos, cubro-os com as mãos.
Não consigo enxergar o que tem atrás da luz, talvez sejam os anjos da salvação, ou os guardiões dos portões do inferno que vieram me buscar... seja lá o que for, sinto que cheguei ao meu destino.
— Obrigado Senhor! — é tudo o que sai dos meus lábios, como em um sussurro, no momento em que a luz chega mais perto. E então eu caio novamente, meus ossos maltratados incapazes de suportar mais nem um segundo.
Ouço uma voz, em seguida alguém se aproxima, sinto suas mãos em mim e um alivio tão grande que desejo chorar... são eles.
Finalmente, fui resgatado.

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Ezra e Cora tem uma história muito forte, difícil e bonita para contar, quem já me conhece sabe que não consigo contar histórias sem um bom drama e aqui ele estará presente em grande parte da história.

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Aos que ainda não me conhecem, sejam bem vindos, aos que já estão nessa jornada comigo, obrigada pelo apoio.
A todos, uma boa leitura.

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Beijos e até sexta!!!

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