Um novo começo

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O calor nunca havia sido um problema para mim, já que havia crescido no deserto de Jakku, sempre achei o calor aconchegante, lembranças de infância me vinham á mente, mesmo que fosse algo que eu preferia não pensar muito. Mas ultimamente estava solitária, quando deitava a cabeça para dormir, um arrepio tomava conta do meu corpo e eu tremia até dormir. Acordei diversas vezes com uma manta sobre mim, mas que parecia não aquecer em nada, porque o problema não estava na temperatura e sim na alma. Achei que iria sentir um imenso alívio por estar longe de Kylo, por finalmente estar entre meus amigos, mas senti apenas que não me encaixei como deveria, algo que me incomodava, fazia falta. Sei que Finn sempre ia ver como eu estava, depois ficava horas na sala onde Rose se recuperava. Tentei conversar com ele algumas vezes, mas nada parecia certo. Poe e Leia estavam sempre vendo naves novas para transferirem, armas para recarregarem e um planeta no qual se escondessem pelo menos por algum tempo. Queria me distrair, treinar, tentar não pensar em Luke, ele havia ido tão rápido, não consegui me despedir, tentava apenas me manter distraída ou com os pensamentos longes de Kylo.

Snoke havia dito que ele conectara nossas mentes, que eu havia sido ingenua em acreditar que Kylo poderia ter mudado de lado, mas tive certeza de que era mentira no momento em que fechei a porta daquela nave. A força ainda nos conectava, ás vezes eu me sentia tão solitária que não achava que aqueles sentimentos fossem realmente meus, mas fundidos com o dele. Havia semanas que eu não o via, mas sentia que estava vivo, era uma linha que estava transparente, que ás vezes ficava em silêncio como se ninguém estivesse conectado á ela do outro lado, mas ás vezes eu a sentia puxar, um mix de emoções eram transferidos para mim e o silêncio retornava. Ás vezes eu implorava que ele aparecesse, que necessitava da presença dele, mas nunca acontecia, era como se a porta estivesse fechada do outro lado. Antes éramos conectados sem a menor noção de quando iria acontecer, na cabana, quando chamei por ele, ele atendeu e ficou tão perto que até tocamos nossas mãos e aquele sentimento sempre voltava á minha mente, como se tudo tivesse sido um sonho. Ficar tão perto dele, lutar ao seu lado mesmo que por um breve momento, havia sido o suficiente para fazer meu coração dar cambalhotas só de lembrar.

"Rey? Por que você está tão calada ultimamente?"

Finn estava sentado á minha frente, ele olhava atentamente o sabre de luz quebrado, em seu tempo livre ele tentava descobrir como consertar aquilo. Claro que eu não sabia como, mas tentava pensar em colar ou algo do tipo.

"Estou pensativa, sinto falta dele."

Imaginei que Finn pensaria em Luke, mas me referia a outra pessoa. Não havia contado a história toda, muito menos a parte da conexão pela força, pela luta ao lado dele contra Snoke, na verdade havia pulado muitas partes e graças as estrelas ninguém havia perguntado muito.

"Ele não mencionou nada sobre sabres de luz? Como são produzidos?"

"Eu não me lembrei de perguntar."

"Como você quebrou esse mesmo?"

"Em uma luta, Kylo quis roubar de mim." Depois de me pedir para ficar ao seu lado, mas havia pulado essa parte.

"Não acredito que você foi atrás dele, você comeu algum cogumelo estragado naquela ilha?"

"Eu achei que poderia vencê-lo na luta, estava bem treinada." Mais uma mentira, quantas mais vai contar, Rey?

"Preciso aprender a ter essa auto-confiança. Fui tentar nos salvar e Rose está em coma até agora."

"Você foi corajoso e ela também, sinto orgulho de vocês. "

"Vou descansar um pouco."

Encostei no ombro de Finn e ele apertou minha mão em sinal de apoio. Assim que ele encosta em mim, sinto algo se remexer pela linha, incomodado, desperto. Sei que é errado, mas seguro a mão de Finn mais tempo que o de costume.

"Rey? Está tudo bem?"

"Estou um pouco zonza, você pode me ajudar até meu quarto?"

"Claro, venha, se apoie em mim."

Eu e Finn não tínhamos romance algum e eu respeitava isso, principalmente agora que Rose precisava dele e tinha algo entre eles. Mas alguma coisa fez a conexão a muito tempo desligada, aparecer e se pronunciar. Quando Finn me abraçou para que eu me apoiasse nele, senti claramente o ódio, o ciúme veio tão rápido como um sopro e desapareceu. Agora eu conseguia sentir os sentimentos dele, algo que jamais havia acontecido antes. Quando cheguei até o quarto, Finn me ofereceu uma água e aceitei.

"Obrigada, Finn. Acho que estou muito cansada, ultimamente."

"Descanse, Rey e qualquer coisa me chame."

Quando a porta do quarto se fechou, senti o fio se afrouxar, aliviado.

Longe das estrelas - Uma história ReyloDonde viven las historias. Descúbrelo ahora