Capítulo 15

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Arrumo a casa para receber minha mãe e Jane. Olho para o relógio que marca oito da noite e logo elas estariam de volta e eu não precisaria ficar mais em casa sozinha, mesmo que Liam vinha me buscar e me levar ao Campus todos dias.

– Como é bom poder chegar em casa – Minha mãe diz ao se sentar no sofá e colocar os pés em cima da mesinha de centro.

– Não tem nada como o cheirinho da nossa casa – Jane fala enquanto digita no celular ao lado da minha mãe.

Me sento na poltrona ao lado de minha mãe, nervosa. Eu precisava contar que Rogervault passou alguns dias aqui em casa.

– É... Mãe – Olho para minhas mãos que se seguravam – Eu tenho uma coisa pra falar – Ela me da sua atenção – Sabe o que é... O Detetive Rogervault teve algumas complicações no trabalho e precisou ficar alguns dias aqui em casa e...

– Eu sei – Ela diz por fim me deixando de boca aberta – Ele me pediu autorização e eu deixei. Pelo menos ele me ligou todos os dias. Diferente de uma filha minha desnaturada que não me ligou nenhuma vez – Ela me olha com aquela falsa braveza.

– Desculpe não ter contado...

– Tudo bem, ele sempre me atualizava de tudo – Ela se levanta indo para o segundo andar – Moço muito bom ele.

Tento acalmar minha respiração e processar as novas informações da minha cabeça.

– Das minhas perguntas você não vai fugir, Sun – Jane senta onde minha mãe estava colocando as pernas para cima do sofá – Eu quero saber tudo – Sorri curiosa.

Contei tudo desde quando ele pediu para ficar aqui até o dia em que passamos em Los Angeles.

– Summer! – Ralha comigo após eu terminar – Você é muito pamonha mesmo! – Revira os olhos – Você não dormiu nenhuma vez como ele? – Nego – É muito pamonha.

– Jane! – Minha vez de ralhar com ela – Onde que eu iria dormir com ele? No chão? – Falo indignada.

– Summer, na cama da mamãe seria uma boa pedida – Cruza os braços.

– Que falta de respeito Jane. Claro que eu não ia fazer isso.

– Por que não juntou nossas camas? – Fico a encarando sem tirar minha pose de indignada por falta de resposta – Viu? Pamonha!

Fico chocada com a reação dela. Não acredito que ela está fazendo isso comigo.

– Ele te viu nua, Sun! – Ela gesticula as mãos e segura a voz para não gritar – Nua! Pobre homem deve estar se remoendo por dentro até hoje.

– Chega, Jane! – Coloco as mãos no rosto – Não vou ficar mais falando sobre esse assunto com você. Eu me dou o respeito – Falo cheia de mim.

Ela gargalha e minha mãe reclama do barulho no segundo andar.

– Fala sério, Summer. O cara está no chão por você e você fica fazendo isso – Ela volta a fazer o que estava fazendo no celular antes da conversa iniciar.

– Você acha? – Baixo minha guarda – Estou confusa, Jane. Esse negócio é novo pra mim. Não estamos namorando nem nada.

– Pare de dar desculpas, Summer. Primeiro de tudo pare de achar que ele é igual todas as pessoas que foram idiotas com você – Fala sem me encarar, claramente irritada com a situação – Você só vai saber se vai dar certo se tentar.

Quando ela termina uma notificação chega em meu celular.

Liam: Acabei de sair da delegacia. Duas horas de depoimento.

Digito e apago várias vezes.

Summer: Posso ficar com você essa noite?

Envio e percebo que demorou alguns segundos para ser visualizada. Quando seleciono para apagar a resposta vem.

Liam: Era tudo que eu mais precisava. Logo passo aí.

– Sem mais desculpas, Jane! – Falo ao me levantar da poltrona.

– Finalmente! – Ela larga o celular e ergue as mãos para cima – O que vai fazer?

– Vou dormir fora – Falo correndo ao subir as escadas.

Mais uma notificação brilha em meu celular anunciando que Liam tinha chegado. Coloco a mochila nas costas e me despeço de Jane de qualquer jeito, pois ainda estou brava com ela por ter falado comigo daquela forma. Saio apressada e entro no carro procurando pelos lábios de Liam, sentindo uma adrenalina correndo por minhas veias.

Após beijá-lo ele sorri lindamente.

– Achei que queria ficar com sua mãe e irmã – Ele arranca com o carro.

– Eu quero dormir com você – Falo nervosa e ele ri.

– Tem certeza? – Pergunta sem acreditar e confirmo com a cabeça – Aconteceu alguma coisa? Você está estranha.

Começo a falar silabas que não se encaixavam. Droga.

– Você acha que eu fui pamonha? – Pergunto baixinho quando ele para no sinal vermelho e ele solta uma risada. Enrubesço – Você achou – Constato.

Cruzo os braços me virando para a janela.

Claro que ele achou.

– Ei – Ele cutuca minha perna – Ei, Summer. Desculpa – Ele para a mão na minha perna fazendo uma leve pressão – Eu achei que era uma brincadeira. Não quis te ofender.

– Jane tinha razão – Bufo ainda virada para a janela – Sou uma pamonha.

– Vai me contar o por quê desta história toda? – Falta tentando esconder o riso.

Contrariada e não o encarando, conto tudo que a Jane me falou, no tempo certo até chegar em sua casa.

– Summer – Ele pega minha mão assim que eu entro em seu apartamento – Você não foi pamonha.

– Você confirmou – Olho para baixo fazendo bico.

– Não faz assim linda – Ele me abraça sorrindo – Está tudo acontecendo no tempo que deveria acontecer. Eu estou curtindo cada fase. Inclusive esse agora, de você quase implorar para dormir comigo – O empurro e ele ri.

– Você não vale nada – Falo rindo.

Fico mais aliviada depois que ele não me achou pamonha por tudo que aconteceu. Ajeito minha roupa em cima da cama de Liam e escuto o chuveiro ser ligado.

Olho para a porta do banheiro cravando uma luta interna de ir até lá e entrar. Vou até a porta e tiro toda minha roupa, a deixando ali pelo chão. Toco na maçaneta e minhas mãos travam, por tamanha tremedeira e suador.

Vamos lá, Summer! Você consegue entrar nesse banheiro!

Abro vagarosamente a porta e vejo um Liam de olhos fechados envolto pelo vapor quente da água do chuveiro. Deixo meus óculos em cima da pia e, assim como a porta do banheiro, abro o vidro do box demoradamente.

Liam abre os olhos assustados me assustando também.

– Summer... – Ele geme secando meu corpo por inteiro – Não faz assim – Diz ainda num fio de voz – Não vou conseguir mais falar por mim.

– Eu não sei o que fazer daqui pra frente – Falo de cabeça baixa e olhos fechados, sentindo minha voz falhar de tanta vergonha – Mas eu sei o que eu quero.

Foi o que bastou para o detetive dar apenas um passo e segurar com uma mão na cintura e outra na nuca.

– Não sei de onde saiu esse atrevimento – Murmura baixinho em meu ouvido e sinto meu corpo pegar fogo – Mas pelo jeito, você realmente sabe o que quer.

Após isso foram beijos atrás de beijos, muito quentes eu diria.

– Summer – Ele geme segurando meu seio – Não vou conseguir parar.

– Eu não quero que pare, Liam – Sussurro em seu ouvido de volta.

Com isso, ambos nos secamos rapidamente e nos deitamos na cama onde, posso dizer que, por muito tempo, ficamos acordados.

Apesar de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora