Capítulo 4

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Uma semana se passou desde que Rogervault nos comunicou que poderia ter novos suspeitos no caso, mas até agora nada. Minha mãe continua naquele lugar frio, usando aquelas roupas de detentos. Queria minha mãe em casa.

Quanto a isso, foi difícil não deixar ninguém sabendo. A notícia que minha mãe estava presa se espalhou finalmente e no campus onde eu era a estranha, agora era a estranha que a mãe estava presa acusada de roubo.

– Não se pode nem comprar pela internet mais, agora estão desviando nossos produtos – Ouço Elisabeth, de costas para mim, falar com Maddie – Um absurdo, isso – Diz com desdém.

– Logo logo irão achar os verdadeiros culpados – Falo ao entrar na sala e me dirigir até a minha carteira do outro lado ao fundo.

– Até que se prove o contrário, estranha, continua sendo assim.

Minha vontade era de ir até ela e puxar todos os fios quase loiros da mesma cor dos meus.

Elisabeth era meu estopim. Tudo começou por causa dela. O apelido de estranha do campus e as piadinhas desrespeitosas. Mas também, foi a primeira pessoa que aprendi a ser imune. E no fim das contas, até que preciso agradecer a ela por ter sido tão idiota comigo esse tempo todo, foi aí que aprendi a não baixar minha guarda nem minha cabeça.

A aula de desenho era a minha favorita. Desenho e cores era o que realmente eu queria fazer. Aquilo me dava tranquilidade e a cada desenho que surgia de minhas mãos, me dava uma sensação de estar fazendo o certo.

– Summer, nossa aula acabou há vinte minutos – A professora Tiana chama minha atenção – Sei que você ama as aulas de desenhos técnicos mas nunca vi você tão profundamente dentro desta arte.

Ajeito meus óculos e volto a olhar pra tela.

– Desenhar me tira um pouco da minha realidade – Suspiro – Que ultimamente está bem complicada– Me levanto deixando minha prancheta de desenho no mural, pois amanhã poderei terminar.

– Muitos artistas tinham a inspiração em momentos de dificuldade e tristeza. Use isso como uma ferramenta. Está dando certo pra você – Ela analisa minhas linhas – Vai ficar incrível.

Saio da sala a todos sorrisos e vou em direção contraria a algumas meninas. Umas vão conversando com a amiga, outras se abanando. Ao chegar mais perto do meu armário e percebo uma razoável aglomeração, de mulheres, por ali.

– Ele é lindo – Uma delas diz passando por mim.

– Agradeço a atenção e confiança de todos – Rogervault está no meio de tudo aquilo, acho que está molhado de tanta baba – Waste, preciso falar você.

O que já era ruim, acaba de ficar pior ainda. Os olhares curiosos a estranha dobraram de tamanho.

Merda, pensei. Fechei os olhos e respirei fundo.

Segurei firme minha mochila e acompanhei seus passos até chegar ao seu carro, o mesmo que levou minha mãe para a delegacia.

– Poderia ter me ligado – Falo irritada ao me encostar no carro preto – Ou mandado uma mensagem.

– Que graça teria te falar que a Sra. Agnes Waste foi inocentada por mensagem? - Deixo que tudo que estava segurando cair.

Coloco as mãos na cabeça não acreditando no que ele disse. Minha mãe vai voltar pra casa!

– Detetive, isso é sério? – Ele confirma com a cabeça – Muito obrigada – Eu o abraço forte – Desculpe por isso – O solto sem graça – Minha mãe vai pra casa – Digo para mim mesma olhando para o céu.

– Vim te buscar para que possa chegar mais rápido até ela.

Entramos no carro e peço para ele ir o mais rápido que pode. Ao chegar na frente da delegacia salto do carro sem ao menos ele ter parado por completo. Encontro Jane logo após passar pela porta. Nos abraçamos e esperamos pela saída da minha mãe.

Ao avistá-la, sem aquelas roupas horríveis, corremos para abraçá-la. Parecia que nem tinha visto ela ontem na parte da tarde. Parecia que minha mãe tinha ficado meses longe de casa. Ao nos recompormos, detetive Rogervault estava com as coisas de minha mãe já no carro.

Todos na delegacia abraçavam minha mãe. Todos ali sabiam que não tinha cometido nenhum dos crimes. Agora os verdadeiros mentirosos irão pagar por cada erro.

– Permita-me levar de volta, já que, injustamente, eu a trouxe – Ele abre a porta do carro pra gente.

Fomos as três no banco de trás com as mãos entrelaçadas, sem nenhuma palavra. Era muito sentimento para conseguir expressar.

Ao chegar em casa, o detetive brutamontes se desculpa mais uma vez com minha mãe. Ela por sua vez, o desculpou como se não tivesse ocorrido nada.

Isso me lembra...

– Está desculpado – Falo assim que vejo as duas dentro de casa.

– Esse não era o trato – Diz ao me encarar.

– Esse era o super trato – Discordo prontamente.

– O trato era você sair comigo.

– E quem disse que concordava com esse trato?

– Mas também não discordou na hora, pelo que me lembro.

– Não vai dar, detetive. Tenho provas finais, logo será meus últimos momentos na faculdade.

– Creio que um almoço ou um jantar não vai fazer tanta diferença em seus estudos.

Massageio minhas têmporas em negação. Isso é pior do que eu poderia imaginar.

– Um almoço, sábado depois de amanhã. Não se fala mais nisso – Me viro para entrar em casa.

– Onze e meia em ponto estarei aqui – Nem me dou o trabalho de olhar ou dar tchau pra ele.

Ao entrar vejo duas bisbilhoteiras atrás da porta.

– Não acredito que vocês estavam bisbilhotando – Falo boba.

– Minha filhinha tem um encontro – Minha mãe bate palminhas.

– Minha irmã vai deixar de ser virgem – Jane dava soquinhos no céu.

– Jane! – Eu e minha mãe a repreendemos.

– Só falo verdades – Diz minha irmã dando de ombros – Precisamos de um look.

– Não "precisamos" de nada – Falo ácida.

– Minha filha, eu te amo demais, muito mesmo. Mas suas roupas não vão dar certo nesse encontro.

– Qual o problema de vocês? – Falo extremamente irritada – Vocês acham mesmo que esse encontro vai dar certo? Quando ele finalmente perceber os olhares das pessoas acham mesmo que ele vai querer passar mais cinco minutos comigo? – Falo andando de um lado para o outro da sala – Assim que ele cair na real, essa droga de "encontro" vai pro ralo. Sempre foi assim e sempre vai ser.

Tento me acalmar pois vejo ambas espantadas com minha reação.

– As pessoas não sabem como agir, elas me acham feia. Não me encaram, como se meu rosto fosse desfigurado. Mas eu já acostumei. Agora não venham me empurrar algo que eu não quero. Liam Rogervault ainda não caiu na real, só isso. E não vejo a hora disso acontecer para esse circo todo acabar.

Um silêncio absoluto se instala.

– Desculpa mãe – Falo arrependida. Minha mãe acabou de voltar pra casa e eu sendo mal educada.

– Acho que tenho o que você realmente precisa – Minha mãe vai até seu quarto e volta pouco tempo depois – Compras – Ele ergue o cartão.

Isso só pode ser brincadeira.

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