Parecia ter medo de mim e devagar ela tirou o cobertor de seu rosto, estava com os cabelos um pouco bagunçados, acho que foi indelicado de minha parte aparecer assim, mas agora não tinha como voltar atrás.
— Quem é você? — disse ela, será que eu deveria dizer logo ou esperar um pouco. Se ela soubesse que era um deus como me trataria?
— Pode me deixar entrar? Assim podemos conversar garota que toca. — respondi a ela, não sabia seu nome então decidi a chamar assim. Se ela me desse uma abertura talvez eu contasse que era um deus.
Ela concordou e pulei a janela, mas minha capa enroscou em algum lugar e quase cai. Que desastrado de minha parte, espero não ter acordado ninguém. Queria mais tempo com ela, vi que levantou devagar e foi a porta ver se estaria tudo bem.
— Me desculpe, acho que fui desastrado. — falei sem jeito e ela sorriu. Era um belo sorriso, mas ainda parecia envergonhada.
— Não adiantaria você se esconder. — comentei me referindo a ela cobrindo a cabeça. — Eu sabia que você estava aqui e eu estava te vendo.
Será que eu estava agindo de forma correta? Por que eu sentia que estava sendo inconveniente ou indelicado para com ela.
— Desculpe é que não é comum as pessoas chamarem a minha janela tão tarde da noite. — respondeu, bom realmente era bem tarde da noite eu deveria ter esperado, mas a sua melodia me comoveu tanto que eu não podia esperar pelo amanhecer. Desejava ouvir mais.
— É, desculpe. Eu que devo desculpas a você. Bom. — falei sem jeito. — Faz tanto tempo, apenas me desculpe.
Não entendo, estava falando tranquilamente e agora um breve nervosismo tinha tomado meu ser. Não sei definir o que é isso.
— O que quer de mim? — perguntou ela e achei um bom momento para falar de sua música.
— Quero que toque para mim mais uma vez. — respondi jogando o cabelo que caia em meus olhos para trás.
Ela parecia curiosa e cautelosa ao mesmo tempo, será que aceitaria meu pedido? Sua música tinha me deixado longe, com paz e precisava muito disso. Esquecer a culpa, pois me sentia tão culpado por Afrodite, que poderia ter feito mais por ela.
— Não entendo o motivo disso, você me viu no jardim. Por que está na minha casa? — perguntou de novo, como ela era um tanto insistente.
Entendo o ponto dela, mas não podia responder agora. Precisava apenas ouvir mais de suas melodias, escutei o barulho de passos e deduzi ser sua mãe.
Eu só queria que a dor amenizasse, cobri com o capuz e fiquei invisível ao seus olhos. Sua mãe entrou no quarto e isso não pareceu relevante para mim, sai pela porta ainda invisível e esperaria o momento certo ainda.
Desci as escadas e aguardei que sua mãe a deixasse, parei próximo e me sentei no chão. Cruzei os braços e fiquei relembrando o momento que ela estava só, o corpo que tinha não saia de minha mente e os pensamentos também, pelos deuses não posso. Não posso colocar ela no lugar de Afrodite.
Sua mãe desceu do quarto e vi que estava tudo em silêncio, provavelmente a garota que toca dormiu de novo. Demorei um pouco e abri a porta de seu quarto, tirei a capa e a observei silenciosamente.Dormia como uma criança, passei a mão em seu rosto e toquei seu cabelo. Ela tinha um cheiro doce de frutas e esse cheiro me lembrava Afrodite, suas fragrâncias adocicadas eram o suficiente para me deixar excitado, procurei mudar aquele pensamento, não podia e não posso amar outra.
Escrevei um bilhete a ela enquanto a chuva ainda começava a cair. O deixei em cima do criado, para que ela visse assim que acordasse.
* Θέλω ακόμα να μου χτυπήσεις. *
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Uma noiva para Ares
Romance4° LIVRO DA SÉRIE NOIVAS Dizem que o luto corrói a alma, destrói os corações. Seguido de momentos de dor e angústia onde você se pergunta constantemente como vai suprir aquela ferida? Tudo mudou e uma era de paz chegou ao Olimpo, os deuses...
O começo de um novo inicio
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