14 - Último

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Isaac

- O seu marido não vem. - disse uma pessoa, chegando próximo a mim.

Eu estava esperando Ben e ele já estava a cinco minutos atrasado, coisa que ele nunca faz.

- Claro que ele vem. - disse. - Ele sempre vem.

- Ele não vem. O Benji pediu para eu te buscar. - disse o cara e eu fiquei em alerta, porque ninguém o chama de Benji, pois ele odeia esse nome pelo qual só Tiago o chamava. Senti algo em minha cintura e o rosto dele se aproximando. - Qualquer movimento ou grito eu disparo.

Não era Tiago quem estava ali. A voz era diferente, mas me dava medo igualmente. Meu coração estava acelerado e minhas mãos estavam trêmulas. O cara foi me levando para longe da faculdade e eu estava muito preocupado. Eu não queria morrer agora. Tinha tantos planos para cumprir e todos incluíam Ben. O cara continuava me conduzindo para algum lugar e quando chegamos ao destino ele parou.

- Tiago te mandou lembranças. - disse o cara, antes de acertar a minha cabeça com algo duro e me fazer apagar.

Quando fui acordando, senti um cheiro horrível e não sabia explicar o que era. Estava deitado em um chão frio e escutei alguns passos em minha direção.

- Olha quem acordou. - disse Tiago e eu me sentei com muita raiva.

- O que tu quer, Tiago?

- O meu marido de volta. Temos algumas coisinhas para acertarmos.  - disse ele, se aproximando mais de mim e segurando o meu rosto com muita força. - Tu cresceu, hein, moleque. Está um homem e bem gato, mas mesmo assim eu prefiro a mim e o Benji também vai preferir quando me ver. Ele vai cair na real do que ele perdeu e vai voltar para mim.

- Acho que eu enxergo mais que você. - disse. - Eu trato o Benjamin da melhor forma possível. O trato com o carinho e o amor que ele merece. Tu acha mesmo que ele iria preferir você do que a mim? Acha mesmo? Ele não preferiu você a 4 anos atrás, por que preferiria hoje? 

- Cala a boca, filho da puta. - disse ele, acertando um tapa muito forte no meu rosto, me fazendo deitar novamente e sentir um gosto de sangue. - Você o trata assim, porque ele é a sua bengala humana. Sem ele você não é nada.

- Verdade. Sem ele eu não sou nada, mas não é porque ele é minha bengala humana, mas sim porque ele é meu marido. - disse. Eu estava irritando Tiago ao máximo e não estava medindo as minhas palavras e isso podia ser o meu fim, mas não estava conseguindo ficar calado.

- CHEGA. - gritou ele. - Hora de ligar pro Benjamin de novo.

Tiago puxou uma cadeira e colocou próximo a mim. Ele acendeu um cigarro e começou a discar. Tiago colocou a ligação no viva voz e eu senti uma vontade de chorar ao escutar a voz de choro de Benjamin, que atendeu no primeiro toque.

- Tiago. - disse ele, chorando e desesperado. - O que tu quer? Me fala por favor o que você quer.

- Você, meu amor. - disse ele. - Venha até mim e nada vai acontecer com o ceguinho aqui. E não se esquece que é você sozinho.

- Eu não vou até você sem ter a certeza de que o Isaac está bem. - disse ele. - Deixa eu falar com ele.

- Com todo o prazer. - disse Tiago, colocando o telefone perto de mim. - Pronto. Pode falar.

Isaac e os Olhos do Coração |Romance Gay|Où les histoires vivent. Découvrez maintenant