Isaac e os Olhos do Coração |Romance Gay|

1

Benjamim

A minha juventude estava escorrendo pelas minhas mãos como a clara do ovo que eu estava separando da gema para fazer um bolo. Eu já estava com 25 anos e a 5 casado com Tiago. Não posso dizer o que é felicidade, pois já não a sinto a anos.

Tiago se tornou um cara muito violento dentro de casa, e as agressões se tornaram frequentes. Parece que ele tem o prazer de acertar meu rosto com as suas mãos enormes e me ver humilhado no chão, com a pele vermelha e os olhos inchados de chorar. Essas agressões não começaram logo de forma física. Começou como alterações no tom de voz e xingamentos. Tiago fazia o possível para me rebaixar o máximo possível com as palavras mais duras.

—Não sei como me casei com esse lixo. — ele disse. Ao passar essa lembrança em minha mente, eu passei a mão pelos meus cabelos afim de tirar essas lembranças dali. Elas doem e me machucam muito internamente.

Fazia de tudo o possível para agradar esse homem, mas independentemente do que eu fizesse ele não se contentava. Me agredia verbalmente ou fisicamente sem o menor pudor. Eu tinha que terminar aquele bolo o mais rápido que eu pudesse, pois ele chegaria em casa em alguns minutos e esse bolo deveria estar pronto para ele comer assim que chegasse. Coloquei ele no forno e fui tomar um banho, para tirar toda a farinha e o ovo de meus cabelos.

Me olhei no espelho e vi as marcas roxas dos dedos de Tiago em meu pescoço e passei a mão ali, querendo que elas sumissem, mas nada. Como que eu deixei chegar nesse ponto? Viver cheio de hematomas e nem poder sair para ver minha família ou sair com meus amigos, pois eles não podem ver esses machucados. Mas não consigo sair dessa relação, pois mesmo sendo espancado diariamente, eu amo aquele cara e sinto que ele ainda pode mudar por mim.

Liguei o chuveiro e senti a água quente caindo sobre os meus cabelos ruivos e sobre meu corpo branco. Não demorei muito tempo ali e logo sai. Vesti um conjunto de moletom, pois era inverno e em Santa Catarina é mais frio ainda. Verifiquei o bolo e ele já estava pronto, então retirei ele do forno e coloquei sobre a mesa na cozinha. Quando estava retirando as luvas, a porta da sala abriu e Tiago apareceu vestindo sua farda de policial militar.

—Cheguei, Benji. — disse ele, jogando a chave sobre o criado. Eu corri em sua direção e o abracei. Ele segurou em minhas bochechas, com certa força e me beijou de forma intensa que me deixou excitado na hora.

—Fiz bolo. — disse, depois que ele soltou de meus lábios.

—Estou sentindo o cheiro maravilhoso lá da varanda. — disse ele, indo em direção à cozinha.

Tiago é um homem muito lindo. Ele tem 1,93 de altura e é muito forte. Seus braços são da grossura das minhas pernas e seus ombros são super largos. Ele tem uma barba aparada no rosto e os seus cabelos castanhos estão começando a ficar grisalhos por conta de seus 35 anos, mas sua bunda é perfeita, mais ainda quando está de farda.

—Está muito bom. — disse ele, de boca cheia. Eu estava admirando ele comer aquele bolo e comecei a pensar como que um cara tão lindo pode se tornar tão violento de uma hora para a outra. — Vou tomar um banho. Vem comigo?

—É uma proposta tentadora, mas fica para uma próxima. — disse, me aproximando dele e balançando os meus cabelos molhados.

—Fica me devendo essa, tá? — disse ele, me segurando pela cintura e colocando em cima da mesa — Acho que posso enrolar mais um pouco para tomar banho.