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Eu acordo assustada, e com uma dor no estômago, talvez de fome, afinal, nem sei quanto tempo estou aqui. Aliás, aqui é um quarto muito apertado, sem janelas, mas, com pequenas entradas de luz, somente uma cama com colchão raso, uma mesa no canto e uma porta sanfonada de PVC que deve ser o banheiro.

Com minhas pernas bambeando e me apoiando nas paredes, chego na porta sanfonada que estava entreaberta, e quase que automaticamente, começo a vomitar alguma coisa que prefiro não saber. Ao sair vejo a mesa, bem na minha frente, com alguns pães e uma xícara enorme de café. Avanço naquilo sem pensar, a fome era muito grande. Quando começo a saborear aquele café aguado para poder desentalar, uma porta que fica no lado da cama, começa a abrir, e eu nem tinha percebido a sua existência. Acima dela tem uma câmera no canto da parede da mesa com a cama. 

O velho, voltou e trouxe uma cadeira dobrável de ferro. Ele entra em silêncio, ajeita a cadeira em frente a cama, aponta para a mesma, pedindo para me sentar. Eu vou, com a boca cheia de pãezinhos mesmo, e com a xícara na mão meio vazia. Me sento na cama, de frente para ele.

- Você é habilidosa. Vimos a quantidade de barreiras que existiam naqueles documentos. E você em casa, conseguiu o acesso, de um computador caseiro. - Ele fala de forma calma e fraterna - Só foi pega, porque não sabia no que estava se metendo, mas têm experiência com a prática e acesso de dados, privilegiados. É quase um dom ou uma maldição. A curiosidade pode ser um veneno. E o conhecimento uma arma. Mas, tudo só depende do usuário.

- Quem são vocês? Onde estou? O que querem de mim?

- Somos a última organização que realmente se importa com a informação de forma exclusiva. Nós somos o Algoritmo. Nenhum governo, quer liberar informações. Seja de direita e nem de esquerda. Todos só ligam para os seus interesses financeiros. A corrupção esta instaurada em nosso país, desde 1500. Nos é ensinada como o certo. Fingem que são adversários para as pessoas, mas na verdade são membros da mesma quadrilha. Se você está lá dentro e não entrar na mesma onda, você sai. Tentam controlar a mídia, para evitar que notícias, erradas, não sejam transmitidas ao povo. - Ele estende a mão e me entrega um pequeno envelope, abro-o e vejo dezenas de fotos de crianças nuas, eu não consigo esconder minha curiosidade de saber a fonte daquelas fotos. - Isso é faz parte do enorme acervo de pedofilia do Governador Eugênio do Maranhão, ele e o Senador Gustavo, têm coleções extensas. Nós nunca conseguimos divulgar, e talvez nem você. Sabe por quê? Ele é um dos líderes de quadrilha de seu estado. Jamais deixaria a mídia queimar o seu filme.

- O que você quer? Por que me mostrou isso?

- Você estava sendo procurada por todo o país. Mas, nesse momento, você é dada como morta, depois de ter mexido com explosivos para um ataque terrorismo em Fortaleza.

- O quê? - Eu fico totalmente sem ter reação. - Isso é loucura! Como assim?

- Exato. Passamos as últimas 48 horas com você. Para poder você limpar a sua vida, precisa provar que estão errados.

- Como?

- Precisamos de uma pessoa que consiga ser um Sentinela.

- O que?

- Uma pessoa que fica em nossas operações, burlando os sistemas, enganando a polícia, e manipulando as redes sociais. Podemos trabalhar em conjunto para o mesmo objetivo. O que acha?

- Por que eu faria isso?

- Porque não faria? Depois de anos tentando fazer a diferença, qual seria a sua motivação para negar?

- Minha mãe...

- Ela é fácil de encontrar, está em todos os meios de comunicação que existem. Se conseguimos proteger você, de forma... digamos... eficiente, ela vai estar a salvo sob nossa... observação.

Ele se levanta lentamente, é audível um estalo de ossos, ao se aproximar da porta, ela se abre como se fosse de forma automática, de dentro para fora. Ele dá um passo para fora do quarto e se vira perguntando se eu ia ficar sentada.

O códigoWhere stories live. Discover now