— Nenhum dos dois.
— Nossa. Sabia que um estudo feito por uma universidade na Áustria comprovou que pessoas que bebem café sem açúcar têm tendências psicopatas?
— O quê? — pergunto achando graça e ela dá de ombros.
— Você disse mais cedo que ia procurar emprego, não disse?
— Disse.
— Você é formada em alguma coisa?
— Não — respondo antes de beber um pouco do meu café. — Até hoje não sei como terminei o ensino médio.
Ela assente e aperta os olhos, analisando-me e isso faz meu rosto corar.
— Você sabe fazer café?
— Ééé... Você quer saber se eu sei fazer café no coador ou nessa máquina?
— Na máquina — responde como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— É só apertar um botão, não é?
— Não — abana uma mão no ar. — E servir mesas?
— Tipo uma garçonete? — Ela faz que sim. — Nunca fiz isso antes, mas não deve ser tão difícil.
— É muito difícil, vai por mim. Perdi as contas de quantas xícaras, copos e pratos quebrei quando comecei a trabalhar aqui.
— Eu não...
— Você já trabalhou alguma vez na sua vida?
— Não — digo bastante sem graça.
— Quantos anos você tem?
— Dezenove.
— Certo. — Será que ela está tentando me oferecer um emprego e isso é um tipo de entrevista na qual estou falhando miseravelmente? — Você pode começar a trabalhar agora mesmo?
— O quê? — Cuspo um pouco de café sobre o balcão. — Ah, meu Deus! Desculpa!
— Não tem problema. — Ela pega um pano e esfrega o balcão, achando graça.
— Você está me contratando?
— Só se você quiser, mas se não quiser estou disposta a me ajoelhar e implorar. Nossa garçonete foi embora há dois meses e aparentemente ninguém mais quer servir café.
— Eu quero — digo rápida e desesperadamente porque preciso muito de um emprego.
— Que bom, às vezes não dou conta de fazer tudo. — Ela levanta uma parte do balcão e faz um sinal com a cabeça para que eu entre. — Vem, vou te mostrar tudo enquanto as coisas estão calmas por aqui. E vamos começar pela cozinha. — Ela abre uma porta, mas antes de entrar, vira-se para mim em um rompante. — Como você se chama?
— Lilás.
— Lilás? Esse é o seu nome?
— Uhum.
— É bem estranho.
— Eu sei — respondo sorrindo porque ouvi isso a vida inteira, quando as pessoas não tinham coragem de dizer em voz alta, eu via as palavras refletidas em seus rostos.
— Mas é bonito. — Faço um beicinho e ela me imita.
— Eu sou a Aline e aquele ali é o Thomaz, nosso cozinheiro. Thomaz, essa é a Lilás, nossa nova funcionária.
— Sério? — pergunta limpando a mão em um guardanapo. Faço que sim. — Porra, isso é... — No segundo seguinte ele espalma as duas mãos no ar, como se estivesse se desculpando. — Isso é ótimo.
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A GAROTA QUE EU AMO - Degustação
Storie d'amoreAos dezenove anos, Lilás já perdeu as contas de quantas vezes teve seu coração partido. Ela sabe que recomeçar em uma nova cidade onde não conhece ninguém não será fácil, muito menos deixar para trás seu passado sombrio. No seu primeiro dia no empre...
Capítulo 2
Comincia dall'inizio