15- Vermelho vs. Azul

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Depois que Brendon deixou o apartamento, Dallon e eu começamos a trabalhar.

"Ok Josh, você se lembra de tudo que eu falei ontem?"

"Eu acho que sim, mas dá uma recapitulada só pra confirmar." Eu disse me alongando e estalando as juntas dos dedos.

"Vou tentar resumir rapidinho. É mais fácil e mais efetivo se você conseguir usar a energia da sua raiva pra criar o campo de força, mas não pode deixar esse sentimento te consumir. Se deixar, você acaba se cegando e deixa livre para que o Agma te pegue de surpresa. Então, pense sempre em algo que te deixa bravo e te motiva, e logo depois pense aonde quer que a parede apareça. Use suas mãos também, te ajuda a controlar as coisas. Pronto pra começar de novo?" Assenti e mexi meus braços para baixo, como se estivesse pronto para entrar em um ringue de boxe.

"Ótimo. Vamos tentar em um espaço menor do que ontem. Não pensei nisso até ontem à noite. Ao invés de bloquear o caminho da cozinha até à sala, vamos bloquear a porta do quarto do Tyler. Eu vou estar lá dentro e você no corredor. Vai ter que bloquear todo o espaço pra que eu não consiga sair, beleza?" Dallon dizia enquanto andávamos até o quarto.

"Vou fazer meu melhor."

Meu tom não tinha confiança alguma. Ontem eu não fui nada bem. Só consegui fazer pedacinhos da parede, não uma inteira. Dallon disse que é normal começar assim. Vou aprender a fazer isso, eu preciso, pelo Tyler.

Eu só estou frustrado com a dificuldade que estou tendo. Dallon tem sido o melhor nesse quesito. Ele nunca ficou bravo ou gritou comigo por ficar reclamando, só deu conselhos, me encorajou ou simplesmente soltou um comentário brincalhão em todas as situações. Ele andou para dentro do quarto e se virou para mim.

"Quando estiver pronto, Josh." Assenti e respirei fundo.

Fechando meus olhos, comecei a focar em algo que me deixaria bravo. Decidi pensar na raiva que me consumia quando fiz a parede pela primeira vez. Foi logo depois de Blurryface ter machucado o Pete, me arranhado (ainda por cima arruinando a minha jaqueta FAVORITA) e depois tentou chegar perto do meu menininho.

Lembrei do calor que percorreu meu corpo, do aperto no meu peito e da luz vermelha que parecia consumir minha mente. Abri meus olhos lentamente, levantando meus braços, e então olhei para a porta.

Tentei fazer a parede simplesmente fazendo um movimento como se estivesse cobrindo a porta com um pedaço de celofane. Parecia estar funcionando bem, se eu conseguisse fazer o meu "celofane" sem buracos isso ficaria perfeito.

"Ok, pode ir." Eu disse. Dallon deu um passo para frente, esticando suas mãos em frente ao seu corpo. No começo estava tudo bem, mas aí achamos um buraco na altura do ombro do garoto. Ele me olhou chateado.

"Que merda!" Gritei jogando minhas mãos para cima.

"Você tá bem mais perto de conseguir, Josh! Aquele era o único buraco!" Dallon disse, otimista como sempre.

"Vamos lá, tenta mais uma vez. Tô com um bom pressentimento sobre essa..." Sua voz estava calma e ele colocou a mão em meu ombro.

"Tá." Murmurei. Depois de me dar um tapinha, Dallon se virou e voltou ao quarto. Fechei meus olhos novamente. Conseguia sentir o calor em minhas veias. Dessa vez, não abri os olhos. Estiquei meus braços, tentando fazer a parede. Quando senti que havia acabado, abri meus olhos, mantendo o foco.

"Ok, tenta agora." Eu disse distraído; estava muito preocupado em manter a barreira.

Dallon deu um passo e começou a passar as mãos por todo o espaço; elas não atravessaram uma vez sequer. Ele começou a fazer força contra a barreira e eu conseguia sentir minha mente se cansando, mas isso só significava que eu tinha que lutar mais.

The Ghøst In Apartment Twenty Øne - VERSÃO EM PORTUGUÊSWhere stories live. Discover now