Not Planned

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Espero que gostem! ❤
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Quatro anos atrás.

As pequenas gotículas de água escorriam sorrateiras e aos montes do outro lado do vidro já não mais tão embaçado. O aquecedor ainda estava ligado, porém, não tão potente como antes, afinal, estavam quase chegando e a estrada ficara para trás.

Jeongguk apoiava o queixo na mão coberta pelo tecido macio e escuro da luva que usava, olhando as ruas passarem como um vulto por conta da velocidade do veículo. Estava naquele ônibus há algumas horas e sentia o tédio e o sono lhe consumirem cada vez mais. Ele queria chegar em casa e se jogar na cama, nada mais.

— Estamos chegando. — ouviu o alfa ao lado avisar, exausto. Não imaginava que a cidade natal de seu namorado, Daegu, ficasse tão distante da capital coreana, que era onde moravam. Eles haviam passado o final de semana lá e, bem, estava na hora de voltar pois a rotina começaria no dia seguinte. Não poderia se dar ao luxo de voltar muito tarde, pois poderiam pegar um trânsito péssimo e Jeongguk tinha aula logo cedo da manhã de segunda-feira; precisava descansar depois da longa viagem e colocar o sono em dia, para acordar mais disposto para suas atividades.

Disposto, pfft! Jeongguk não andava se sentindo disposto para fazer qualquer coisa há semanas.

— Vou te deixar em casa, certo? — Bogum quebrou o silêncio de antes, olhando o moreno distraído com o céu nublado. O tempo lá fora estava chuvoso. Era outono e os casacos eram vistos em todas pessoas, mesmo que não fosse inverno. Naquele ano em especial, a estação parecia mais fria do que nunca. — Gguk?

— Tudo bem. — limitou-se a dizer. Não andava se sentindo muito bem há alguns dias, e justo naquele domingo, ele parecia pior do que nunca. Céus, estava zonzo e sentia-se constantemente enjoando. Jeongguk andava vomitando escondido há algumas semanas, não queria preocupar o namorado. Acreditava fielmente que aquelas náuseas que andava sentindo era por ter comido algo estragado, ou então seu fígado deveria estar zuado, nada sério demais.

— Você anda tão quieto e distante, o que aconteceu? Você está chateado com algo? — o alfa estava realmente confuso. O mais novo parecia tão fragilizado de uns dias pra cá.

De fato, o ômega estava estranhamente diferente. Na casa de seus sogros mesmo, Jeongguk travou no meio da cozinha, sentindo uma dor horrível atingir-lhe o baixo ventre. Fora as constantes mudanças de humor e o cio atrasado. Tanto Bogum, como o próprio Jeongguk não estavam entendendo absolutamente nada.

— Eu só não estou me sentindo muito bem ultimamente. — revelou, massageando as têmporas. Estava com indícios de que mais um enjôo estava começando e entrou em desespero. Não queria sair correndo para vomitar na frente de tantas pessoas. O que estava acontecendo consigo? Por que andava sentindo tantas coisas ao mesmo tempo? Seu corpo parecia até mesmo sensível e febril, era uma sensação horrível. Não se lembrava de ter feito nada fora do normal para ficar doente. — Ah, não...

Quando uma mulher abriu uma garrafa com café, Jeongguk sentiu seu corpo inteiro arrepiar e entrar em alerta, enrugou o nariz, desgostoso com o odor da bebida. O gosto azedo logo veio em sua boca e o de cabelos escuros sabia o que aconteceria, por isso apoiou-se na poltrona e ficou estático, olhando atentamente o corredor, como se estivesse se preparando para correr a qualquer momento.

— Ei — O Park segurou o braço esquerdo do mais novo, vendo o rosto de Jeongguk ficar mais pálido que o normal em segundos e seu maxilar estava tenso. — Ei!

— Puta mer… — levantou-se rapidamente e saiu correndo pelo corredor desesperadamente, trombando nas poltronas sem olhar para trás. Por sorte, a única cabine que ficava nos fundos estava vazia e trancou-se em segundos, ajoelhando-se de frente para o vaso. E, como esperado, todos os pelinhos de seu braço se arrepiaram e impulsionou seu corpo involuntariamente para frente, despejando tudo que comeu nas últimas horas – um pedaço de pão recheado e nada mais. Estava o dia inteiro sem se alimentar, pois não sentia vontade e o receio de comer e acabar vomitando mais era perturbador.

Don't leave me | taekook Where stories live. Discover now