Capítulo 7

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O dia tinha sido um verdadeiro inferno. Laura praticamente havia se arrastado até em casa. Ela já se imaginava tomando aquele relaxante banho com sais... ela de fato, só queria esquecer que aquele dia existiu.

Tudo começou a implodir, assim que chegou ao trabalho duas horas antes do seu horário habitual. Como se já não estivesse irritada por acordar mais cedo que o normal, não que tivesse sido ruim os motivos, mas ela detestava acordar cedo. Carol estava lá sentada com aqueles olhos de rapina, degustando um café em meio a papeladas.

Assim que Carol a viu, ela sorriu amplamente e cinicamente. Laura pensou que seria legal se ela se engasgasse no próximo gole.

– Alguém caiu da cama e pelo tom da pele, teve uma puta sorte na noite passada! Então minha querida cunhada, sente aqui e conte-me tudo. Quem foi o felizardo desbravar a sua selva de teias de aranha? – Ela perguntou.

Laura fez uma careta. – Eu não sei do que você está falando.

Carol estreitou os olhos e simplesmente cruzou as mãos sobre a mesa e deu-lhe um olhar torto e analisador.

Laura suspirou derrotada e caminhou até a cadeira em frente à mesa de sua amiga deixou-se cair. Ela jogou a cabeça para trás e colocou o braço sobre os olhos.

– Eu não tenho certeza do que aconteceu. Em um minuto eu estava cuidando da minha vida e, no outro, aquele brutamontes estava lá invadindo minha casa.

– O que? – Carol perguntou. – Ele só invadiu sua casa? A selva continua intacta?

Laura tirou o branco que cobria seus olhos e olhos diretamente para sua cunhada.

– Eu não disse isso.

Carol apoiou o queixo nas mãos. – Bem, vamos ao que interessa então.

– Eu não posso falar sobre isso. – Laura disse. – Eu nem tenho certeza de como chegamos a esse ponto. Ontem eu praticamente o odiava, e corria dele como se ele fosse sugar minha alma. Aí agora, em um passe de mágica, o homem ressurgi, e do nada age como se ainda fossemos os mesmo de cinco anos atrás e amanhece em minha cama.

Carol estava tão silenciosa que Laura novamente moveu seu braço para ver a cara que sua amiga fazia. Quase riu de espanto e de sua boca ligeiramente escancarada.

– Sério? Que você já está assim, com Hector? – Ela jogou a cabeça para trás, rindo muito e alto.

– Oh, isso é ótimo! Lucas irá ficar muito feliz em saber que vocês estão juntos novamente e eu ainda ajudei!

Laura levantou uma mão. – Espere um maldito minuto. Nós não estamos juntos coisa nenhuma. – Seus dentes cerraram quando ela viu a expressão de descrença no rosto de sua amiga.

– Laura, querida, o homem é louco por você. Se vocês ainda não estão oficialmente juntos, é porque você não quer, não por causa dele.

Ela franziu a testa. – Ele não disse uma palavra em relação a reatarmos nada, simplesmente chegou, invadiu minha vida e sentou lá como se fosse o mandachuva da porra toda. Eu achei que ele só queria esclarecer alguns pontos, organizar alguns fatores para acabar com essa tensão ao nosso redor. Quero dizer, nós estaremos nos vendo muito enquanto você e Lucas estiverem planejando o casamento. Nós somos seus padrinhos, então nada mais justo que estivéssemos encerrando aquele capítulo.

Carol continuou calada, ouvindo o desabafo de sua amiga.

- Eu só deixei que ele se aproxima-se, porquê não quero estragar seu casamento e nem causar momentos constrangedores. Mas Hector é igual um trator. Você acredita que ele teve a cara de pau, e apareceu ontem à noite? Apareceu não! Ele invadiu minha casa, me roubou um beijo e depois fez que iria embora, esperou eu dormir, para voltar e sorrateiramente se jogar em meus lençóis?

Carol fez um gesto para ela ir em frente. – E? Continua que eu vou já trocar esse café, por uma balde de pipoca... o negócio tá começando a ficar bom.

Laura gemeu. – Eu acordei esta manhã com ele em minha cama... estávamos lá de coxinha como nos velhos tempos. E, ao invés de por aquele estrupício pra correr, deixei ele enredar e rolei nos lençóis junto com ele. Daí quando vi, já estávamos nos beijando e tirando nossas roupas.

Carol sorriu, olhando-me como se ela fosse um gato... admirando um belo peixe dentro do aquário.

– Ah, então o babado foi agora pela manhã? Quem diria que o seu despertador só seria ajustado com o ponteiro do Hector... – riu maliciosamente. - Então é por isso que você está aqui tão cedo?

Laura fez uma careta. – Amiga desalmada! Estou muito confusa aqui.

Carol levantou e caminhou até Laura, dando-a um abraço de consolo.

– Querida, eu entendo, acredite em mim. Mas agora, tente não se preocupar, ou se culpar por algo que é maior que você. Eu não conheço Hector como você e Lucas, mas eu tenho certeza que ele vai agir da forma certa, muito em breve. Eu sei também que, se ele não fizer, o seu irmão vai dar-lhe uma surra. E se ele está indo atrás de você, é porque enxergou a burrada que fez ao deixa-la ir anos atrás.

Laura suspirou. – Eu tenho certeza que você está certa. Eu só não entendo o que ele pretende com tudo isso. Eu nunca consegui ter com outros caras, o que eu tive com ele. E agora parece ser tudo mais difícil, foram cinco anos afastados, muita coisa mudou.

Carol a abraçou novamente. – Eu vou te dar um conselho. Você vai se enfiar agora lá no seu escritório e eu vou cuidar dos clientes quando abrirmos. Então respire e enquanto você põe sua cabeça no lugar.

Laura revirou os olhos, mas decidiu adotar o que sua amiga estava lhe oferecendo.

–Isso soa perfeito. Não quero ser simpática a força com cliente nenhum.

Ela se levantou. –Primeiro, eu acho que eu vou descer para pegar um café. Você quer alguma coisa?

Carol voltou para sua mesa e sentou-se. – Claro, um capuccino.

Laura assentiu e partiu em sua missão. Quando voltou, foi direto para seu escritório e ficou lá. Trabalhou o restante da manhã, até Carol enfiar a cabeça para perguntar o que ela queria para o almoço.

Enquanto comia uma salada que sua cunhada escolheu, seu telefone tocou.

Laura olhou para a tela do seu celular e não pôde evitar a contração em sua barriga ao ler a mensagem de Hector.

- Obrigado por me escutar e pela manhã. Eu senti sua falta e falta de nós dois. Vejo você hoje à noite. – Ela realmente queria enviar uma mensagem de texto de volta e dizer que de jeito nenhum eles se veriam hoje, mas no fundo ela queria entender o que estava acontecendo e o porquê de só agora, ele correr atrás dela.

Então máximo que ela conseguiu digitar foi, um "que horas?" Ela mordeu a ponta da sua caneta com apreensão. Queria ao menos demonstrar um pouco de controle, mesmo que estivesse literalmente descontrolada. Ela quase deu um pulo da cadeira, ao sentir o telefone vibrar.

Após 18h. Respondeu ele.

Laura olhou para a tela do celular como se ele fosse uma alienígena. Era tão surreal e estranho estar ali fazendo planos com seu ex-namorado depois de tantos anos de separação. Ela finalmente respondeu, com um simples: ok! Pondo logo em seguida o telefone de lado.

Dúvidas e inseguranças giravam em sua mente e ela odiava não se sentir segura e dona de suas emoções. Fazia tempo que ela não lidava com aqueles sentimentos, estava acostumada a sentir magoada, ressentida, mas não insegura ou com esperança. Qualquer coisa, mas sempre teve confiança absoluta em suas escolhas. Mesmo aquelas que acabavam por serem erradas, mas ela sempre se manteve no controle. E ficar no escuro sem saber o que estava por vim, a deixava louca e instável.

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