No entanto, ela sempre tem. 

- Você não me parece bem. 

- Eu? - pisco os olhos repetidamente. 

- Poucas palavras, meio cabisbaixo. Não se faça. 

Eu a observo se encostar ao meu lado, com o olhar fixo no que tem ao redor, mas curiosa na espera de uma resposta. 

- Não é... nada. Apenas um dia ruim. 

- Você mente tão mal quanto eu. Mas respeito seu silêncio, Campbell. 

O quão sortudo eu sou por tê-la conhecido e o quão sortudo serei se puder fazê-la minha?

- Entra no carro - peço já abrindo a porta do mesmo, por mais que ela me olhe confusa. - Por gentileza.

Quase trinta minutos de silêncio. 

No entanto, apreciar a quietude agora só me faz ser um pouquinho mais racional. Estou determinado a fazer o que for. 

Nós descemos do automóvel, e, de relance confirmo sua face de quem estranha o local. Eu a trouxe para um cartão-postal pessoal, singular. Que agora, já não é tão singular assim.

- Se prepare para uma caminhadinha de alguns segundos - pisco e saio na frente. 

Emma sussurra algo mas não a escuto. 

Sentar numa dessas enormes pedras aqui de cima, e apreciar a linha entre as montanhas e a cidade, é extremo. O corpo se rege de energia como se respirasse o mais puro oxigênio. E estamos perto de ver o sol se pôr no horizonte. 

- Você sempre surpreende. Como eu nunca tinha vindo até aqui? 

- Não é permitido, princesinha. 

Phillips me olha com espanto. 

- Não em dias de semana, como hoje. 

- Tá, - sua boca abre e fecha lentamente - e se alguém nos pegar aqui?

- Então diremos que somos apenas um casal apaixonado em busca de aventuras. 

- Isso não é verdade. 

- De fato. Não queremos aventuras. 

Ela me olha despretensiosa e então se sustenta com as mãos, inclinando a cabeça. 

Fecho meus olhos por uma fração de tempo. 

- Estive pensando em nós, sabia?

Emma nega. 

- Nunca foi minha intenção querer alguém. Você deve imaginar com quantas pessoas saí, que não me deram nenhuma perspectiva como essa. - Nossos olhos se encontram na mais perfeita mixórdia. - Não pense que seja da boca pra fora, Emma. Somos bem grandinhos e saber definir o que há entre nós, será a melhor coisa antes de ralar os joelhos. 

Nem um 'A'. 

Sua inércia faz meus músculos ficarem tensos e eu esmurro minha consciência em seguida, com resquícios de arrependimento. 

- Por fa...

- Eu te entendo, Brandon. - Ela me corta - Acredite, nem todos nós queremos alguém. Eu faço parte dessa gente. Eu costumava fazer, até o maldito dia, melhor, até a noite em que você apareceu. Essa é a coisa mais imbecil que eu digo, então por favor, não ria. 

- Rir seria caçoar de mim próprio, não acha?

- Você está terrivelmente certo. 

Nós dois abrimos extensos sorrisos. Espero que assim como eu, suas mãos estejam geladas e o coração à mil milhões de batidas frenéticas. 

Caralho. 

- O que será de nós dois?

- Você é quem dita as regras, garotinha. 

- Se eu dito as regras, então imagine que isso seja uma despedida. Me beije. 

Minha reação de surpresa não aniquila nem um pouquinho meu desejo excessivo de colar seus lábios aos meus, sentir sua pele quente contra a minha. Emma me faz sentir vivo, meus problemas são apenas problemas, quando estou junto a ela, eles somem. Eu a deixo ver minha identidade mais clara e isso não me apavora mais. 

Nada nos apavora. 

Contra as leis do amorWhere stories live. Discover now