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Ruan evitava olhar diretamente para a menina.
Estava agindo como se não a conhecesse, e Rose notou isso quando ele exigiu de todos na sala uma apresentação formal, onde pela lista de chamada digital, ele pedia para que a pessoa em questão levantasse.

— Rose Cannon. — chama e finge procurar com os olhos a dona do nome.

Com as pernas trêmulas, ela ergue-se, apoiando-se com as mãos na mesa.

Ele pela primeira vez a fita de forma direta, como um lobo a espreita de sua presa.

Ruan acena para ela sentar-se e chama pelo nome seguinte.

A primeira aula passou-se com a menina Rose evidenciando seu nervosismo, ela não estava entendendo como ele poderia estar ali, justo em sua sala de aula entre tantas.

Sabia, claro, que ele era professor, mas Ruan em todos esses anos, nunca lecionou ou mencionou alguma vez ter o desejo de ensinar para uma turma. apenas para Rose.

Mas nesse caso, Ruan era uma vítima.

Hélio e Tylor fizeram da cabeça dele um verdadeiro inferno até que fosse e aceitasse trabalhar no até então, futuro colégio de Rose.

Essa decisão, veio logo depois do pedido dela no aniversário de 14 anos.
E foi por esse motivo, de que sabiam que poderiam contar com a supervisão de Ruan na garota, que aceitaram deixá-la estudar fora.

Ele, Ruan. Não queria nem deixá-la estudar em um colégio, e muito menos lecionar para adolescentes mimados.
Mas frases ditas por Hélio como:

"— Ela vai conhecer garotos, vai querer namora-los."

E frases do tipo que Tylor dizia:

"— já pensou se drogam, estupram ou maltratam nossa menina lá? E se apresentarem bebidas alcoólicas?"

Foram impulsionadores para ele aceitar o emprego que há muito vinha sendo proposto para ele.

Ruan distribuí o primeiro conteúdo do ano, três folhas com apenas algumas questões óbvias e algumas complexas sobre a matéria para testar os conhecimentos dos seus novos alunos.

No fim da aula ele recebeu todas as folhas respondidas, onde corrigiria na próxima aula.

— Fica. — Ruan parou Rose quando ela já tinha entregado seu exercício e estava prestes a sair da sala, para talvez, conseguir fazer amigos.
Já que os ônibus dos estudantes bolsistas que moravam longe saía dali há meia hora, o tempo que eles usavam para tomarem um último lanche, pela viagem ser longa. para apreciarem os livros da biblioteca que era sem duvidas, uma maravilha. Ou então, para conversar entre amigos e marcar algum compromisso entre eles para mais tarde

— Mas...— Ruan fecha a porta em um som alto, cortando qualquer negativa que ela daria. Sobraram apenas os dois no ambiente.

— Irei terminar de guardar tudo isso e podemos ir — se dirige até a mesa onde estavam todos os exercícios.

Rose senta em cima da mesa e o espera de braços cruzados e rosto retorcido em desgosto, ele terminar.

— O que faz ensinando aqui? Nunca teve interesse em dar aulas grupais! — murmura, já pressentindo que ele não ia a responder. Mas para sua surpresa, ele o fez.

— Agora eu tenho. qual o problema pequena mariposa, você achou que poderia voar livre por aí sem supervisão? —A voz baixa, arrastada de Ruan preencheu e deixou um vazio na espaçosa sala de aula depois de terminar a frase.

— Eu já tenho quase dezessete anos! Já sou uma adolescente.  — refuta, aborrecida com a calma a qual ele estava.

— Vai ter trinta e continuara sendo tratada do mesmo modo.— Junta os papéis sem desviar o olhar para ela em nenhum momento.

— Eu...— Rose morde os lábios segurando a vontade de gritar e chorar tudo ao mesmo tempo.

— Vamos — ele abre a porta e toma distância para que ela passe.

esperem só quando eu tiver dezoito.— resmunga, já sonhando com sua faculdade em Londres, onde ficaria por todos os cinco anos de curso.

Ruan não escuta as pretensões da moça, e Rose agradeceu por isso.

Eles tomam o caminho para fora, onde estavam poucos estudantes em grupos conversando. Ao verem a jovem e o professor passar, eles iniciam cochichos e risadinhas, comentando sobre a aparência da menina.

Rose e muito menos Ruan escutam o teor das conversas paralelas. mas mesmo assim, a garota sente que era dela que estavam falando.

Durante o trajeto até o carro, A menina permaneceu de cabeça baixa, seguindo a sombra do homem.

Ao entrar no veículo, Rose funga. estava decepcionada com seus tutores. E ao chegar na residência, exigiria aos três que repensassem na ideia antiquada de ser vigiada até em sua própria escola, e pior ainda, por seu professor!

Ela não iria aceitar que tomassem a vida dela como mais uma de suas terras ou de seus animais, qual tinham controle e mantinham em rédea curta.

Nas visitas da assistente social, sempre tinha coisas maravilhosas pra falar de Hélio, Ruan e Tylor. além claro, para deixar uma boa impressão, deles mesmos tentarem demonstrar que ela tem liberdade. A visita durava dois dias, e era lamentável, mas Rose reconhecia, era apenas nestes dois dias, qual eles deixavam ela fazer ou ir pra onde quiser, duas vezes ao ano que se sentia realmente livre.

MOTH (PARADO)Where stories live. Discover now