MOTH (PARADO)

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Tylor, Hélio e Ruan se perguntavam o que fariam a partir dali.
Normalmente essas nevascas duravam meses, longos meses sem sinal telefônico e com estradas interditadas pela neve.

- Vamos ter que ficar com ela. - Hélio anuncia em voz alta o que os três já sabiam

- Cara, nem fodendo. na boa, Eu não sei cuidar de criança não. - Diz Ruan para os dois.

- E você acha que eu sei cacete? - Tylor rebate.

- Não vai ser pra sempre. Só até conseguirmos contato com as autoridades. - Hélio afirma. Chega bem perto e se ajoelha na frente de Rose. A criança o fita, na visão da pequena garota, ele tinha cara de mal.

- Está com fome?

Rose balança a cabeça com receio e acanhamento

Então, Hélio prepara um lanche rápido, chocolate quente com torradas para a jovem, que sorri para ele em agradecimento.

* * *

Com o passar das semanas daquele conturbado mês de dezembro os três homens foram se acostumando com a presença da garota, que demonstrava ser tímida, mas muito agradável de conviver. Tinha algo como puro e verdadeiro em volta dela.
Algo que eles nunca tiveram em suas vidas cheias de tragédia e perdas.

No princípio, ela dormira no sofá, mas nos dias seguintes eles decidiram por dar-lhe um espaço pelo tempo que ficaria ali, seria justo.
Então limparam um antigo quarto no segundo andar que apesar de ter uma cama, no ambiente também estavam muitas tranqueiras e objetos que eles apenas jogaram lá quando vieram morar na casa.
E até mesmo com a ajuda da jovem, transferiram tudo para o porão.

Ela ficara muito feliz, pois apesar de estar muito agradecida por lhe darem um teto e comida, não achara o sofá muito confortável para dormir tantas noites seguidas.

E nesse meio tempo, Rose conseguiu aprender os nomes deles e passou a indentificar que apesar de terem quase o mesmo porte físico, algumas características eram muito distintas em personalidade. Como uma boa observadora ela pôde analisar cada aspecto do caráter dos homens com quem convivia.

Tylor, quem a resgatou, tinha o temperamento mais dócil dos três, apesar de não ser do tipo que esquecia rapidamente alguma coisa e demonstrar ser bem rancoroso, era carinhoso com Ella, o qual percebeu ser dos três, o que mais tinha afeição pelo animal. Também era bastante inflexível em relação a regras principalmente quando envolvia Rose e muitas vezes perdia a cabeça com facilidade. Mas em momentos de descontração era com certeza o mais divertido.

Já Ruan era explosivo, sem dúvida.
Gostava de encrenca, e tinha uma certa sisma por Rose, algo que ela até os dias atuais não pôde compreender.
Não tinha muito a falar do homem, pois desde que percebeu que ele não a queria por perto, tratou de afastar-se.

E por fim, Hélio. O homem rígido com muita coisas, inclusive com a menina e com os próprios amigos. Gostava de disciplina e mostrava ser metódico, inseguro e territorial em relação as coisas que lhe pertenciam, ou pelo menos as coisas que ele definia que eram suas.

Rose passou a conhecer-los como a palma da sua mão e nesse processo, passou também a admirar os homens que a rodeavam pois sempre a tratavam com muito respeito e atenção.

Em muitas conversas Tylor citava que já serviram ao exército. E que quando ingressou, Hélio e Ruan já estavam lá há pelo menos dois anos. Ty saiu do exército depois de seis anos. Já Hélio e Ruan, com oito anos de serviço.

No final daquele inverno aterrador, Hélio cumpriu com sua palavra e entrou o mais rápido possível com a polícia local. Mas as notícias não eram nada boas.

Pois depois de uma investigação que durou aproximadamente dois meses, - onde Rose teve que permanecer sob guarda dos três homens - constatou em uma busca pelos arredores que fora encontrado dois corpos em uma clareira não muito distante do carro da família, que permanecia no local. Um casal.

A mulher estava nua da cintura para baixo, com vestígios de sangue tingindo a neve ao redor dela. A perícia concluiu que ela veio a óbito por meio de estrangulamento durante o ato odioso.
Já o homem tinha duas marcas de tiro de rifle, na garganta e um no peito.

Com amostras de DNA da menina, pode-se confirmar, eram os pais dela.

A investigação prosseguiu até prender os culpados.

Um grupo de cinco caçadores que estavam na área

Segundo as informações que a polícia passou aos três, os caçadores avistaram o casal perambulando pela floresta. em interrogatório eles confessaram o crime e descreveram o momento que abordaram Margareth e Raul Cannon.
Os assassinos disseram que o casal pediu ajuda, que por causa de um defeito no motor do carro, o automóvel tinha enguiçado na estrada.
Os delinquentes ainda saíram em defesa própria, afirmando que por terem misturado bebida alcoólica com entorpecentes, perderam a noção do que estavam fazendo.

A jovem na época passou mal quando soube. suava frio e tremia incontrolavelmente. Rose estava órfã e sem saber pra onde ir ou o que fazer.

Vendo o estado da criança os homens se solidarizaram em ajudar.
Levariam a garota até a cidade vizinha para a casa dos tios se fosse preciso. Pois os parentes dela seriam os responsáveis legais até a sua maioridade.

Isso aconteceria sem mais problemas, caso os próprios tios de Rose não declarassem á assistente social incapacidade de manter a jovem sob suas responsabilidades.

Os três ficaram furiosos, até saberem o motivo de recusarem Rose.

O casal de aproximadamente 45 e 50 anos tinham cinco filhos menores de idade, moravam em uma cabana afastada e contavam com uma renda muito inferior aos gastos. Vivendo do cultivo e de uma mensal "ajuda" que Raul, pai de Rose, depositava para eles.

A possibilidade de adoção surgiu. Já que ela não tinha mais nenhum parente vivo ou com condições favoráveis. essa era a opção que a assistente social achou pra solucionar o problema.

Com o apego a menina falando mais alto, os ex militares sugeriram adotar a garota.

Ruan fora o que mais se negou a essa alternativa.
E Hélio junto com Ty souberam naquele momento que se dependesse de Ruan, Rose estaria em qualquer sarjeta que não faria diferença pra ele.

E mesmo agindo contra seu melhor amigo, Hélio e Ty decidiram que iriam entrar com pedido de adoção.
Eles seriam os tutores legais da menina.

Mas antes de qualquer coisa, conversaram com a vítima de tudo aquilo.
E a menina não poderia ter recebido de melhor forma a notícia. Estava feliz por viver com eles, julgava ser melhor do que conviver com pessoas totalmente estranhas.

Os meses seguintes seguiram-se movimentados com a papelada e burocracias essenciais. Todos os quatros envolvidos tinham que participar de uma série de exigências como análise psicológica e comprovação de que disponibilizariam acesso a saúde, educação e segurança a garota.
Fora a condição de que duas vezes por ano a assistente social fosse averiguar como andariam a convivência deles.

Em Setembro, eles receberam a conclusão, Rose era inteiramente de responsabilidade deles agora.

E naquela manhã de sexta-feira, ao segurarem em mãos os documentos da garota. prometeram. juraram com suas vidas, que manteriam protegida a menina Rose não importando em que situação, não importando quem estivesse envolvido, e nem mesmo se seria contra as leis. Rose estaria segura.