One Shoot-Tempos velhos, tempos futuros.

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   Bandolim e pandeiro.Uma música de ritmo marcado.O "Trem da Onze" tocava a partir de um rádio velho dos anos 70, tão brasileiro quanto um samba.Sob o luar e em sua varanda a encarnação do estado do Rio de Janeiro dançava com uma parceira invisível, com os olhos fechados, vendo-se num bar de esquina dos anos 50 acompanhado de uma beldade loira.

Segurando pela cintura da menina e apoiando a cabeça no vão do pescoço,grudando os corpos e entrelaçando os dedos.Passeando pela pista com ora passinhos pequenos ora passos maiores, a beldade entrelaçando as pernas nas suas ou gingando com os quadris, como ele também fazia embora ela fosse a rainha da dança.

Deram um rodopio suave ao passo que o bandolim dava adeus e a música acabava.A moça desapareceu, o bar sumiu e o encanto dava lugar a realidade.E desse fragmento da realidade Flor Amorosa continuou com a playlist.Agora com a flauta reinante sob as mãos experientes de Altamiro Carrilho, entonava o primeiro chorinho.De um tom treavesso mas delicado.Rio de Janeiro não se imaginou dessa vez com uma mulher num bar de esquina, ficou apenas ouvindo a música passar pelos seus ouvidos.

Deixou o vento brincar com os cabelos castanhos e seus ombros remexerem com o ritmo da música.Sentindo-se um pouco triste.Triste porque músicas belas como essas estavam desaparecendo das ruas e se tornando folhas de história junto com os músicos que ainda as tocavam.Tudo indo embora Villa Lobos esquecido,Tom Jobim acumulando pó e Vinícius de Moraes tornado-se apenas um nome qualquer.

Flor Amorosa chegou ao seu ápice e ao seu fim.Dando lugar á "Tempo perdido" da Legião Urbana.

E o Rio de Janeiro sorriu, um misto de alegria, melancolia e calma.

Pensando que não estavam perdidos.

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ChorinhoWhere stories live. Discover now