[01] Démon aux yeux écarlates

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"Às vezes o homem prefere o
sofrimento à paixão."
— Fiódor Dostoiévski

"— Fiódor Dostoiévski

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devaneios por _emmagrant

#DomineTeuMestre 🥀

Lírios vermelhos sempre foram as suas flores favoritas, assim como também são as minhas. Tínhamos algo em comum além do mesmo gosto para flores. Nós nos amamos incondicionalmente.

Eram. Tínhamos. Amamos.

O passado parecia ainda um presente atordoante em minha mente. Sua risada doce e suave ressoava nesta última como os gritos de uma alma penosa. Ela amava observar o primeiro dente-de-leão desabrochar em branco; gostava de ver a simplicidade das flores em tons amargos; era devota dos raios quentes daquela estação colorida. A terra, antes remexida pela enxada, agora era lar de diversos pequenos botões de uma flor fina e delicada no tom alaranjado. O capim crescia rasteiro e pontiagudo em direção ao céu azulado do início daquela manhã abafada de Abril. A pequena cruz fincada ao solo já tinha os seus pregos enferrujados, porém, poderia garantir que existia alguns pedaços ds minha pele que foram arrancados durante as marteladas que proferi ali.

Deitei-me sobre a grama, ao lado do que era o túmulo de minha mulher e filho; este nem ao menos viu a luz do sol que sua mãe tanto amara um dia. Não pude presenciar se seus olhos seriam parecidos com os meus, na forma de uma pequena jabuticaba — como ela costumava dizer —, ou se eram estreitos e miúdos como os dela. A peste os levará dos meus braços sem ao menos um aviso. Em apenas uma semana, a mulher forte com a barriga protuberante de seu sétimo mês de gestação, definhou em nossa cama. Perdendo todo o seu brilho e resplendor único, levando consigo no último respirar toda a minha alegria existente.

Pequenas gotículas de suor começaram a brotar em minha testa, escorrendo por meu rosto e fundindo-se com as lágrimas tão salgadas quanto. O calor aquecia minha vestes encardidas de poeira e vinho seco, afastando um tanto de seu odor forte de quem não tomava um bom banho faziam alguns dias.

Na noite anterior do segundo mês do falecimento de minha mulher, estava caindo pelos cantos da pequena cidade. Desejava que a morte logo me levasse; não sentia medo dela, meramente não possuía a coragem de quem atira com um oitão no centro da testa. Já não me conheciam como o único filho de Jeon Chung-hee, e sim como o viúvo condenado.

"Tão jovem e bonito, perdera sua mulher por essa doença maldita... Pobre coitado.", ouvi certa vez de uma senhora de vestes pomposas e chapéu maior que a sua cabeça. "Vive bêbado, caindo pelos cantos e pagando prostitutas para sarar a dor.", ouvi do rapaz de pele encardida de fuligem. Ao seu lado, um senhor de cabelos grisalhos com uma barriga do tamanho de uma melancia negava com a cabeça, e logo completou o comentário do outro: "Na minha época, iríamos arrumar outra esposa para dar filhos... Com o tamanho da fortuna que o pai deste deixara e a peste nos aterrorizando... Não pensaria duas vezes antes de engravidar a primeira moçoila que aparecesse.".

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