Capitulo 4

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Ella

Ao abrir a porta, sou recebida pela escuridão, assim como aconteceu em todos os outros cômodos. O quarto aparentemente está vazio, mas o cheiro de perfume masculino e amadeirado permite-me saber que, diferente dos outros cômodos, aqui dorme alguém e essa alguém é provavelmente o dono da casa, Diego Estrada.

Como no quarto da criança, a única iluminação do quarto vem de um abajur que fica ao lado da cama. Sem entender o porque de estar com tanto medo, depois de ter sido corajosa de pedalar até aqui tão tarde da noite, respiro aliava por não ter dado de cara com Diego.

Talvez eu devesse ter pensado melhor antes de vir até aqui?

Quem sabe ensaiado melhor as minhas falas?

São pensamentos que passam pela mente, enquanto aproveito para caminhar na
da mesma porta por onde entrei. Como alegria de pobre dura pouco, mal dou um passo quando o barulho de uma porta sendo aberta, faz com que eu fique em choque.
Paralisada no lugar e sem conseguir ao menos respirar com tranquilidade.

Foi muita ilusão da minha parte pensar que entraria na casa de alguém sem ser convidada e sairia tão facilmente, sem passar pelo constrangimento de ser pega no flagra.

O importante é que pelo menos eu tentei.

- Quem é você e o que está fazendo dentro do meu quarto? - A voz que ressoa pelo ambiente é muito grossa e firme o suficiente para fazer com que eu tema fazer xixi na roupa de tanto medo.

Minhas pernas tremem como dois gravetos ao vento e, mesmo estando na merda, ainda tenho tempo para me divertir com pensamentos bobos, como por exemplo, o fato de a minhas pernas realmente se parecerem com dois gravetos.


- Eu estou falando com você! - irrita-se e de repente, percebo que a sua voz está mais próxima.

Irritei o homem no momento em que entrei no seu quarto e agora estou trabalhando com a finalidade de piorar a minha situação ao perder tempo com pensamentos bobos, quando deveria tentar me defender ou dizer as minhas últimas palavras.

Não que exista alguma razão para temer o homem, apenas sei que ele não é muito de se apegar ao próximo, considerando que nem o pai ele fez questão de visitar com mais frequência quando estava a beira da morte.

Esse não é o momento para análises e julgamentos, Ella. Primeiro você precisar salvar a sua pele!

É o que dizia voz dentro da minha cabeça. Ela com frequência aparece e eu costumo
chamar de consciência, outras pessoas costumam chamar de loucura. É apenas uma questão de ponto de vista. O ponto de vista dos meus vizinhos é que sou doida.

- E-eu... Eu...

- Você é louca ou não aprendeu a falar? - Depois que o homem de voz marcante fala, o quarto é invadido pela claridade.

O pródigo ascendeu a luz e eu não tenho coragem de virar de frente para ele. Precisando pensar rápido, tomo a decisão mais burra da história da humanidade e simplesmente corro.

Sem olhar para trás ou responder qualquer pergunta, miro a segunda porta e corro em sua direção. Fora do quarto, deixo que ela bata com força atrás de mim. Olho de um lado para o outro e sem lembrar muito bem por onde vim, decido seguir para a esquerda.

Voltando a ligar a lanterna do meu celular, ando com rapidez pelo corredor, quase aliviada por aparentemente ele não ter me seguido. O único e sério problema é que não faço ideia de onde estou e muito menos como chegar a saída. O lugar é grande e eu já o conheci, mas não a ponto de poder andar quase no escuro e não me perder no meio do caminho.

Marcada por mim DEGUSTAÇÃO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora