CAPÍTULO VINTE E DOIS

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Hug repassou uma última vez o plano para todos, enfatizando os mínimos detalhes e checando se tudo estava em ordem. Ao confirmarem, deram início à primeira fase. Os cinco entraram na van. Ligaram os motores, colocando a rota no GPS para o Instituto Oficial de Tecnologia. O mais velho dirigiu.

As pernas de Kaya tremiam como varas verdes. Não conseguia se manter quieta no lugar. Além de tudo, ainda tinha que aguentar um clima estranho entre Gustavo, Leyr e ela. Não trocaram muitas palavras depois do acontecimento constrangedor. A garota se arrependia por ser tão bisbilhoteira.

No entanto, seus pensamentos continuavam focados em outra coisa. Não conseguia parar de verificar se o pen-drive continuava preso em seu sutiã e o ponto em sua luva. Precisava manter tudo em ordem. Precisava manter discrição. Ela não era mais Kaya, seu nome era Christina Gallemb, uma jornalista bem sucedida que trabalhava no noticiário Notícias & Informações, da emissora Rede Geral, encarregada de coletar algumas informações do evento daquele ano. Só deveria evitar ter contato com as pessoas que trabalhavam mesmo naquilo, o que não seria muito difícil; Chloe se certificara, na lista, que não haveria muitas pessoas da emissora no local.

Eles tiveram que se separar de Kaya antes mesmo de deixá-la no edifício. Pagaram — na verdade, manipularam — um táxi autônomo para a garota chegar até lá. Despediram-se com abraços e desejos de boa sorte; a garota já suava outra vez. Por fim, entrou no banco traseiro do carro e esperou até chegar ao seu destino: o enorme e brilhante prédio no centro da cidade.

Ela saiu do táxi e se deparou com uma escadaria, onde um mar de fotógrafos estava aberto por uma passagem pavimentada com um carpete vermelho. Flashes fortes explodiam de todas as direções, um falatório alto não deixava Kaya pensar, tudo parecia tão bagunçado, por mais que fosse o evento mais organizado do mundo. Seguranças ajudavam as barreiras a conter os jornalistas não convidados.

Com a cabeça baixa, a adolescente subiu as escadas para adentrar logo naquele gigantesco palácio. Um segurança a parou logo na entrada, pedindo para verificar seu Registro. O medo a fez sentir um nó na garganta. Tensa, a garota ergueu sua mão até o reconhecedor biométrico, colocando os cinco dedos sobre o painel quente. Seu coração apertava a cada segundo que passava.

Que Chloe esteja certa, que Chloe esteja certa, que Chloe esteja certa...

Já estava com os olhos cheios de lágrimas quando a máquina apitou, iluminando sua mão com uma luz verde forte.

— Seja bem-vinda ao EACEI — disse o segurança, simpático, dando espaço para ela passar.

***

O quarteto estacionou a van debaixo de uma ponte. Estavam próximos ao centro da cidade, o lugar mais perigoso para Insurgentes frequentarem. Não podiam ficar expostos nas ruas dali. Portanto, aquele local, escuro e vazio, era o adequado.

Estavam todos ao redor da escrivaninha onde Chloe trabalhava, olhando para as três telas recém-montadas na parede da van conectadas às CPUs envoltas na bagunça de fios. Mostravam um mapa com as rotas em tempo real dos possíveis caminhões. Leyr não podia negar que estava bem nervoso com o que estavam prestes a fazer. Estava crente de que tudo daria certo; confiava em Kaya o suficiente para a tarefa que lhe foi dada, com certeza se sairia bem lá dentro. Ela faria aquilo pensando no irmão. Isso era seu combustível para funcionar.

— O caminhão mais provável de estar transportando as crianças é esse — falou a garota, apontando na tela para um dos veículos que saia do Centro de Pesquisas e seguia a rota para o prédio oficial do governo. — Eu consigo hackear o sistema de GPS deles para mudar as ruas que eles vão seguir. Podemos encurralá-los.

O Lado de ForaWhere stories live. Discover now