Capítulo 18 - E a rachadura aumenta

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Quer dizer, não muito distante de nós, eu sabia que tinha uma pequena vila da província do ar. Esse é o nosso destino final. Preciso de aliados próximos a Tobias, preciso estender o meu domínio até mesmo debaixo daquele nariz.

E ao conferir que os arredores estão seguros, resolvo mergulhar um pouco no rio, apenas para acalmar a minha mente e sentir o fluxo da correnteza passando por mim.

Entro no rio, depois de deixar boa parte das minhas roupas na margem e sorrio ao sentir a temperatura amena da água me cobrindo. Mergulhar e olhar o chão rochoso do rio. Ficar boiando, encarando as nuvens no céu.

— Percebi que não gosto de ficar só... — mesmo um pouco abafado por estar com os ouvidos dentro d'água, ainda consigo escutar a voz do Adam.

— Sente-se então... — digo apontando pra margem do rio. — Ou se preferir, pode entrar. A água está ótima... — meus dedos passeiam pela superfície.

Fui sincera nas minhas palavras, mas percebi que ela podem ganhar um outro sentindo, depende de como o Adam vai interpretá-las. E ao olhar seu rosto, ele tem os olhos ligeiramente arregalados, mas dura poucos segundos.

Ele apenas sorri e se aproxima da margem.

— Nem fora, nem dentro... — ele diz, quando começa a tirar suas botas e mergulha os pés na água. — Você tem razão, a água está ótima...

Sorrio e volto a boiar, encarando o céu.

— Só quero ficar aqui por mais alguns momentos. Depois vamos para a província do ar — informo ao Adam.

— Tudo bem. Só me diga quando precisamos ir... — sinto o seu olhar em mim, mas não me sinto incomodada.

O Sol ainda está ameno, e a luminosidade aquece a minha pele com a mesma intensidade que o fluxo de água me faz bem. Adam deita na grama e começamos a conversar sobre os formatos das nuvens e o que estávamos a ver no céu.

Quando sai da água, Adam continuou a olhar para o céu. Pensei que ele fosse olhar na minha direção, mas ele apenas estava sorrindo e apontando os desenhos nas nuvens. Sei disso já que não tirei o olho dele enquanto me secava e me vestia.

Coloco a mochila no ombro.

— Vamos? — digo e ele me acompanha sem falar mais nada enquanto voltamos para o bote.

Não que eu precisasse, mas Adam me ajuda a subir no barco e em poucos momentos já estamos nos movendo novamente.

Estou conduzindo o barco com muita mais atenção agora. Mas não tivemos nenhuma outra surpresa. O último trecho até chegarmos até a vila do ar era curto e só dava para ser por terra.

Não sei se Adam prestou atenção na minha atenção ao nos conduzir mais cedo, ou apenas não tinha nada a dizer, pois ele me segue de perto e silenciosamente.

Estamos quase chegando nos limites da vila, quando eu começo a escutar ruídos vindo da parte mais fechada da floresta. Antes que eu dê um passo na direção do barulho, Adam segura o meu braço e me pede apenas com os olhos um pouco mais de calma.

Com um movimento de mãos ele retira os nossos pés do chão e começa a nos aproximar muito mais silenciosamente da origem dos ruídos.

Nos aproximamos o suficiente para ver quatro homens rodeando uma pequena pessoa. Os homens corpulentos e armados com grandes espadas riam e pareciam caçoar da criança que estava amarrada com os braços na frente do corpo.

Não sei o que aquele menino, que não parecia ter mais do que uns dez anos, fez para estar naquela situação. Seus cabelos ondulados eram escuros. Quando eu vejo um dos homens chutar, mesmo que não com força total, as costelas do garoto, percebo que quero fazer alguma coisa.

O Décimo DomínioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora