Cap 02

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– Dominik. – Sua voz ecoa pelo meu quarto. Dou um passo para trás. – Dominik. – Ecoa novamente e dou outro passo pra trás assustado.

Bato-me na porta e de relance olho para seu trinco. A chave sumiu. Engulo em seco e sinto meu coração acelerar. Rodo a maçaneta e a porta não abre. Estou trancado com um... Olho para o local em que estava a menina e não a vejo. Estou ficando louco? Respiro fundo e caminho na direção da janela. Aqui é muito alto, não tem como ela entrar por aqui.

– A dor precisa ser sentida! – Ouço sua voz ecoar pelo meu quarto novamente. Viro-me e grito quando a vejo bem na minha frente. Dou passos para trás e me escoro na janela. Ela me encara com seus olhos escuros. Fecho os meus e minha respiração começa a acelerar. – A dor precisa ser sentida! – Fala mais uma vez e sinto meu corpo arrepia-se e um calafrio forte.

Agacho-me ainda com os olhos fechados e com a respiração ofegante. Minhas mãos começam a tremer. Estou realmente enlouquecendo. Um fantasma no meu quarto. Estou vendo coisas. Abro meus olhos assustado quando ouço gritos no corredor. Está cedo para estarem em casa. Meus pais brigando. Ouço meu nome, levanto-me, enxugo minha face e olho para a fechadura da porta. A chave está lá. Suspiro de alivio e a abro revelando meus progenitores que param de falar e me encaram.

– Filho, você está bem? – Pergunta minha mãe segurando minha mão.

– O que houve? – Perguntei tentando esconder a angustia. Será que viram os vídeos? Será que o diretor entrou em contato?

– Serio que você não fez nada? Simplesmente correu para chorar. Você é homem ou um saco de merdas? – Braveja meu pai. Suas palavras entram como laminas. Solto a mão de minha madre e sinto minhas lagrimas voltarem a rolar por minha face.

– Agora não, Roberth. – Pede minha mãe calmamente o encarando.

– Que porra, Dominik. – Grita ele. – Sabe quem me falaram do vídeo? Clientes importantes. – Afirma.

– Roberth, eu sei que esse vídeo é ruim para nossa imagem, mas o Dominik passou por uma situação complicada e precisa de nossa ajuda. – Fala minha mão apontando para mim.

– Bertha, o que eles vão achar de mim? Vão achar que não tenho autoridade nenhuma. Vou processar a escola e vou descobrir quem fez isso. – Resmunga e me encara. – E você mocinho... – Coloca seu indicador na minha direção. – Vai voltar naquela escola amanhã e vai descobri quem fez essa puta sacanagem com você. – Ordena. Engulo em seco sentindo minha raiva me consumir por completo.

– SE CALEM. CHEGA! – Explodo. – Vocês só se importam com trabalho e com a imagem. Nunca me enxergaram, nunca sabem o que estou passando, sempre me viro sozinho. Não aguento mais, não quero que se metam em nada. Eu sei o que faço. Saiam daqui. – Vocifero batendo a porta na cara de ambos e a trancando em seguida.

– Abra essa porta, Dominik. – Ordena meu pai. Ouço passos, supostamente minha mãe saindo, como sempre.

– Vai se foder. – Grito e dou um soco na porta com raiva. Então minhas lagrimas caem com mais frequência.

Respiro fundo. Encosto minha cabeça na porta e lentamente vou escorregando até sentar-me ao chão. Por que isso está acontecendo comigo? Não tenho sido um bom menino... Não sou uma boa pessoa. Queixo-me tanto da vida, reclamo tanto de tudo e de todos que agora estou pagando por isso. A dor precisa ser sentida... Ela precisa ser sentida para poder acabar. Levanto-me e corro ao banheiro. Ela precisa ser sentida. Olho para o espelho em cima da pia e visualizo meu reflexo. Pego uma escova e arremesso no mesmo o quebrando. Pego um pedaço de seu fragmento, um caco e entro na banheira vazia.

– Ela precisa ser sentida. – Sussurro.

Posiciono a lamina em meu pulso bem forte e vou rasgando minha pele impiedosamente em meio as lagrimas que não param de caí. Sinto uma dor terrível, mas a como, preciso ser forte, ela precisa ser sentida para poder me abandonar. Solto o vidro e minha mão começa a tremer, começa a sangrar. Fecho meus olhos ainda sentido a dor, sentido meu pulso arder e latejar.

#DominikWhere stories live. Discover now