#Dominik

Cap 01

Monotonia. Essa simples palavra resume o conceito de minha vida hoje. Minha mãe, Bertha Green, é dona de uma editora bastante conhecida. Meu pai, Roberth Green é dono de uma indústria automobilística. Minha vida é perfeita, mas você acha que ligo para isso? Claro que não, os dinheiros que meus progenitores recebem não me farão mais e nem menos feliz. – O lado bom é que posso ter tudo que quero. – Eu tento ser diferente, eu tento não entrar nesse mesmo caminho, mas sou obrigado a conviver nessa mesmice de sempre.

Chamo-me Dominik Bartolomeu Roberth Green Junior. Parece ser engraçado, mas isso é loucura. Meus pais não estavam bem quando escolheram meu nome, teimaram em colocar nomes iguais aos seus, mas como sou menino minha mãe decidiu deixar Bartolomeu mesmo. Tenho apenas 17 anos e gostaria de ter sempre essa idade. Não quero crescer, construir uma família e nem ser chato como todos os adultos. Estudo em uma das melhores escolas de Portland, tenho motorista particular, professores de reforço que vão à minha residência e o melhor quarto do mundo.

Tenho cabelo liso preto (bem escuro mesmo), uso uma franja que tapa meu olho direito, tenho uma pele alva como a neve (não sou vampiro), tenho uma pintinha no queixo (meu charme), cor de meus olhos: castanho escuro. Sou magro e alto. Uso um piercing em minha sobrancelha esquerda. Resumindo minhas características em uma palavra só: Rock. Adoro a banda Slipknot e não tenho gostos por outras. Será que poderei encontrar uma vida melhor que essa? Acho que pobres são mais felizes que eu mesmo não tendo nada e se têm, são obrigados a dividirem com os próximos. Sou filho único, outra vantagem.

Sou obrigado a frequentar festas, encontros, palestras, reuniões e muitas outras besteiras de trabalho tanto de minha mãe, quanto de meu pai. Nesse exato momento estou sentado em uma poltrona até que confortável evitando assistir uma opera, mas sou obrigado à ouvir mesmo de cabeça baixa. Meu pai juntamente com sua esposa me arrastou... Eles adoram, assim podem passar uma boa imagem. Ah, meus progenitores são viciados em trabalhos e só lembram-se de mim quando realmente é à trabalho. Uma família perfeita, uma família nuclear perfeita. Já estalei todos os meus dedos das mãos (só não faço isso com os dos pés por causa dos sapatos) e já roí minhas unhas, se eu continuar comerei meus dedos e isso não é bom.

– Já está finalizando, querido. – Sussurra minha mãe dando um sorriso forçado.

Creio que nem ela gosta disso, mas quer passar boa imagem, como já disse. Pelo que vi na chegada, ambos têm conhecidos por aqui, então seria de suma importância mostrar interesse e admiração à voz dessa gorda que está berrando.

– Antes de minha morte? – Pergunto revirando meus olhos, mas sou ignorado friamente. Pronto, voltei a ser invisível.

“Já está finalizando, querido.” Essas foram às palavras de minha madre uma hora atrás. Isso mesmo, finalmente essa tortura finalizou e estamos indo para outro evento. Final de tarde de domingo, minha mãe foi convidada para a estreia de uma escritora amiga sua e sou obrigado a ir também. Espero que pelo menos tenha uma musica descente. Nosso trajeto foi o de sempre: Bertha dirigindo no fone de ouvido conversando com sua assistente Johanna que sofre em suas mãos. Roberth no tablet lendo relatórios que lhe foram enviados. Eu Dominik com meu fone de ouvido, escutando no máximo volume a musica Snuff da Slipknot.

“So if you love me, let me go.”

Chegamos ao local. Saímos do carro e minha mãe entrega a chave a um manobrista que vai estacionar em algum lugar que não faz jus a minha conta, agora. O sol já está indo em bora. Entramos no local já cheio de pessoas assim como meus pais. Estou no lugar errado, o que está acontecendo aqui? Respiro fundo e os sigo calado e com uma feição indiferente. Danem-se todos. Depois de rondar o salão inteiro e falar com todos, ambos se aproximam de um casal que estão sentados em uma conversa alegre. Meus pais os cumprimentam, não ouço o que falam, estou ocupado de mais olhando em volta, mas sinto um dedo me cutucar.