José Albano - Soneto

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Depois que do farpão cruel e [agudo
Trago o meu brando coração [ferido,
D'Amor não mais descreio [nem duvido,
C'Amor não mais me engano [nem me iludo.

Pois era cego e vejo, estava [mudo
E a voz espalho em canto [nunca ouvido,
Vivia surdo e ouço o menor [gemido,
Nada sentia e sinto agora [tudo.

Sinto arder fogo e resfriar-se [gelo,
Pesar-me mágoa e aliviar-me [gozo,
E um bem ando buscando [sem querê-lo.

Desejo e não desejo, ouso e [não ouso
E, só porque fitei um rosto [belo
Rio, padeço, choro e sou [ditoso.

*
Imagem: Jean Jacques Henner /detail/

Belos Poemas.  Coletânea Onde histórias criam vida. Descubra agora