01

35 1 0
                                    

17.05.2017

Meus olhos se abriram lentamente, as pálpebras pesadas pela intensa falta de imersão no livro, bocejei enquanto tirava minha cabeça das páginas amassadas, por sorte não tinha babado em cima, tinha que devolver o livro intacto depois ou conseguiria outra advertência, não tinha muito tempo que tinha levado uma bronca de seus professores, a mais recente foi vinte e quatro horas atrás, quando mentiu para um novato do primeiro ano para quem vendeu um biscoito pelo triplo do valor original, só pra ganhar um dinheiro extra.
Era realmente uma pena que ele tenha descoberto tão cedo sua brincadeira, mas pelo menos não teve que devolver o dinheiro de volta.

— Droga. — Exclamou passando a mão agressivamente nos olhos, tinha que terminar aquele capítulo para a próxima aula.

Se levantou da cadeira pensando em ir até o bebedouro, e assim fez, caminhou devagar praticante arrastando os pés em pura preguiça, fala sério, odiava tudo naquela escola, desde a cor das paredes aos professores, estudar, estudar, estudar, e mais estudar, estava cansado disso, tinha preguiça de tirar notas altas apesar de que se realmente quisesse, conseguiria.
Se inclinou no bebedouro por alguns segundos e depois voltou a sua posição normal enxugando a boca com agressividade.

Palavrões saiam em sussurros de sua boca enquanto caminhava de volta para seu livro, porém, viu algo pela sua visão periférica e parou seus passos, a garota estava encostada na parede, no fim de um corredor de prateleiras por onde passava, ela com certeza viu o seu pequena show de horrores onde xingava tudo que aparecia a sua frente, ele mesmo desviou o olhar já que ela não o fazia e voltou ao seu lugar.

Voltou a abrir o livro e tentou se entreter na leitura, mas poucos minutos depois seus olhos se perderam de novo, quem era aquela garota? Ele tinha certeza de que nunca a tinha visto no colégio antes. De relance, espiou por cima do ombro para ver se ela ainda estava por perto, até que ouviu passos se aproximando pelo corredor.

Assim que apareceu em seu campo de visão, seus passos diminuíram até que cessaram completamente, tentou se mexer para que ela não percebesse seu comportamento estranho, porém, continuou parado no mesmo lugar, olhando para ela de forma nada discreta, já ela direcionava sua atenção para algo através da janela, talvez o pôr do sol, talvez para os muros, talvez para algo além deles.

Após alguns segundos, ela percebeu minha presença, e nossos olhares se cruzaram novamente. Um sorriso espontâneo iluminou o rosto dela, sem motivo aparente, ela apenas sorriu, e com aquele simples gesto, desfez qualquer traço de raciocínio em minha mente.

Foi a primeira vez que a vi sorrir.

Foi a primeira vez que a vi sorrir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝐀𝐦𝐚𝐫𝐚𝐧𝐭𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora