Scorpius.

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Draco se lembrava como se fosse ontem a primeira vez que aquilo aconteceu, estava em seu quinto ano, ele recebeu a carta de sua mãe lhe avisando que Lucius Malfoy havia sido preso, na carta Narcisa Malfoy explicou que seu pai tinha falhado na missão de pegar a profecia que Harry e os amigos tinha ido procurar, com isso Lucius ficou um tempo em azkaban, e quando saiu o Lorde o torturou, foi como Lucius sofreu seu primeiro aborto. 

Draco quis escapar no mesmo instante de Hogwarts para cuidar do pai, mas sua mãe lhe aconselhou a permanecer na escola, eles queriam o manter o mais longe possível de Voldemort. Nos meses que se seguiram as coisas tornaram a se repetir, estupros, tortura e aborto, Draco não aguentava mais ver o pai sofrendo. 

No final do seu quinto ano Narcisa lhe escreveu contando sobre mais um aborto, ela não lhe escondeu a gravidade desta vez, Lucius já sofrerá tantos seguidos que seu corpo estava debilitado, o medibruxo que o atendeu disse que a situação de Lucius era delicada e que engravidar novamente seria arriscado para Lucius e para o bebê que poderia nascer com sua magia fraca, por carta sua mãe lhe contou como Voldemort estava zangado com isso, e foi então, nas férias que seu pior pesadelo teve início. Voldemort colocou seus olhos em Draco e decidiu que ele substituiria seu pai na missão de lhe dar um herdeiro. 

O que fazia Draco aguentar aquilo era o pensamento de que seu pai estaria livre de tal sofrimento, no entanto, Voldemort nunca deixou Lucius em paz e Draco sofria duplamente.

Em seu sexto ano recebeu do senhor das trevas a missão de matar Dumbledore, como se não fosse pressão o suficiente, descobriu estar grávido de seu primeiro filho com Voldemort, muitas coisas passaram em sua mente.

Pensou em suicídio, mas não queria envergonhar o nome da família sendo tão fraco, pensou em causar o aborto, porém as lembranças de como seu pai ficava destruído após os abortos não permitiam que ele fizesse tal coisa, chegou em cogitar a ideia de pedir ajuda a Harry e seus amigos da ordem da Fênix, mas era orgulhoso demais pra isso, e no fim, quase perdeu seu filho quando ele e Potter duelaram no banheiro. 

Draco estava tão perdido e alterado naquele instante, não saberia dizer porque atacou Harry, mas só percebeu o erro cometido quando estava caído no chão sentindo dor e manchando tudo com seu sangue, ele havia atacadoaquele para quem queria pedir que o salvasse, era um fracasso até para pedir ajuda, e no final se mostrou um fracasso ainda maior quando não foi capaz de matar Dumbledore.

Naquela noite quando chegou em Malfoy manor a primeira coisa que ouviu foi os gritos de seu pai, e ali ele teve a certeza de que o Lorde já sabia de seu fracasso. 

Foi a noite mais longa de sua vida, Voldemort revezava entre torturar seu pai e o próprio Draco, Draco dizia à si mesmo que deveria se sentir aliviado por ter perdido o bebê no meio da tortura, afinal era um filho que ele não queria, com um monstro que temia, fruto de uma relação sem seu consentimento, mas a verdade era que Draco não podia ver aquele pequeno ser como algo mal, seu bebê era tão inocente quanto ele, tão vítima quanto. E a perda quase o destruiu, quase o enlouqueceu. 

Ele sonhava com o dia que Harry apareceria, desafiaria Voldemort e o destruiria, lenta e dolorosamente enquanto Draco assistia com extremo prazer. Mas esse dia não chegava, e logo Draco se viu novamente carregando outro filho do bruxo das trevas.

Ele prometeu ao seu bebê que não deixaria nada de mal lhe acontecer, e passou a evitar o quanto podia Voldemort, assim como passou a ser tão submisso o quanto pode para evitar os castigos de seu mestre, aceitou ser humilhado na frente dos seguidores do senhor das trevas para proteger a vida de seu bebê. 

Draco podia sentir a bile subir por sua garganta ao lembrar de tudo que passou para garantir a vida de Scorpius, lembrava do medo que sentiu quando sua bolsa estourou, da dor em seu peito ao perceber que não tinha garantias quanto as expectativas de vida de seu precioso bebê, o medo de que Voldemort não o achasse bom o suficiente e o descartasse como descartava as pessoas que não lhe serviam mais,o medo lhe sufocava durante as noites, pegou-se desejando que seu filho fosse o mais novo Lorde das trevas apenas para garantir que ele poderia vê-lo crescer e viver. 

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