Meus pais tinham me prometido essa viagem logo no começo do ano, mas só se eu tirasse notas altas em todas as matérias, E o que eles duvidavam aconteceu, passei em tudinho! Com um boletim excelente.

E como tudo já estava planejado, tanto que meus tios estavam nesse momento a nossa espera, meus pais decidiram não cancelar, não seria uma viagem muito longa, não não. Apenas duas horas de relógio.
E eu tinha certeza que valeria a pena, adoro brincar com meus primos: Artur, Devon, Dian, Susy e Brook.
No total, passaríamos três meses lá, e eu mal podia esperar.

Artur era um ano mais velho, Devon e Dian eram gêmeos idênticos, quatro anos mais velhos do que eu e Susy.
Já Brook era a mais nova, com seus recentes feitos, 2 anos.

Papai coloca o cinto de segurança em mim, pergunto porque é tão importante, ele responde que é para não me machucar. Mas incomoda, e eu não gosto.

Dou de ombros mexendo no cabelo dele enquanto se certifica de que o cinto está bem preso, ele também olha a tranca das portas traseiras, onde estou. bem, papai é muuuito super protetor.

- Querido, temos que ir. Está tudo bem?- Mamãe o chama atenção.

- Estou com pressentimento estranho.- Ele murmura sentando no banco do motorista e olhando para minha mãe ao lado.

Mamãe não responde, apenas o olha, eles parecem se comunicarem com o olhar.

Me distraio com um livro de gravuras e sinto o carro começar a ganhar velocidade.

A menina intercala os olhos do livro, para a paisagem.

Ela boceja, ainda estava muito cedo.
E então adormece com o silêncio estabelecido no carro.

* * *

Horas depois, Rose acorda sentindo um calor bom ao seu redor, foca os olhos turvos e sonolentos a sua frente, ainda estava no veículo, que por algum motivo, estava estacionado.

Rose nao encontra seus pais ao despertar.

Olha pela janela e vê muita neve, então percebe que o calor era provindo do aquecedor do carro.

Lá fora estava escuro, assim ela supoinha, já que a neve estava encobrindo cada vez mais depressa o automóvel.

A garota procura pela trava do cinto que a estava incomodando muito.
Ela solta o cinto de segurança e consegue respirar aliviada.

Junta as pernas em cima do banco e as abraça.
Se perguntava onde estaria seus pais.
Eles nunca a deixariam sozinha.
Um longo e tedioso tempo se passa para Rose que esperarou por algum sinal de seus pais.

Rose faz bico e começa a choramingar abraçando-se com toda a força que uma criança poderia ter.

Mas naquele momento, Rose era apenas Rose, uma criança, uma menina pequena de olhos grandes esverdeados e assustados, fios castanhos escuros e uma pele igualmente semelhante a neve que caía do lado de fora.

Rose ali não queria agir como mais velha, seu tio sempre dizia que ela deveria ser mais madura, mas naquele momento tudo que queria era fazer o que pessoas da sua idade faziam em situações como aquela, chorar.

Mas a menina cansou-se de lamuriar.
E ainda soluçando, passa para o banco da frente, onde seria mais fácil destravar a porta.

As roupas eram apropriadas para o frio, mas ainda sim, Rose sentia o vento gelado passar pelo tecido grosso e tocar sua pele ao sair do carro.

Não estava tão frio como costuma ser nessa época do ano, mas Rose imaginara que não demoraria para esfriar ainda mais conforme o tempo.

Rose então, avista a alguns metros, sob toda a neve que caía em ritmo acelerado, uma estrada, a única. Constatou ela ao girar e perceber que estava em meio ao nada, tendo só árvores em volta, e o carro, claro.

A menina marcha até aquela estrada apertando seu casaco em volta de si.

Rose caminha por minutos em linha reta, mas nunca chegara a lugar algum.

Ela estava começando a sentir mais frio, e junto com o frio, o medo. Pois a tempestade de neve estava engrossando.

Então decide voltar, ela roda para o ponto de onde estava vindo, mas tudo que visualiza são árvores.

A neve tinha encoberto o caminho e ela mal percebera. Tudo parecia igual.

Rose franze as ralas sobrancelhas.
Ela busca com o olhar algo que a faça reconhecer a estrada pela qual tinha vindo, mas é em vão.

Tudo pra ela era a mesma coisa. os ventos brutais chiam, e a nevasca vem com todo seu poder de destruição.

A garota volta a andar por um caminho qualquer em busca de abrigo, retorna a chorar a medida que suas botas afundam sempre mais a cada passo

Ela estava desesperando-se, e grita por socorro, mas sua aflição é abafada pela grande nevasca que caía por toda a região.

- Mamãe! - Rose suplica
- Papai, por favor!

A garota tinha noção, morreria se continuasse exposta a tamanho inverno.

Aos poucos e roxa de frio, ela consegue, parcial proteção, em baixo de um tronco caído, onde encolhe o corpo miúdo que tremia de frio.

A menina estava com muito medo, queria apenas o abraço de seu pai e as palavras afetuosas de sua mãe pra esquentar seu coração, que a essa altura, já estava congelando dentro da jovem.




MOTH (PARADO)Where stories live. Discover now