10: de reviravolta na Via Láctea a ataque na Terra

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Com a surpresa, eu ergui as costas do colchão depressa, apoiando minha mão na cintura de Taehyung para que ele não caísse de onde estava com o movimento alvoroçado.

— Isso é possível? — Indaguei ao telefone.

— Teoricamente, não — Jimin respondeu. Incrivelmente, parecia tão chocado, surpreso e confuso quanto eu só pelo tom de voz. — Os astrólogos estão em discussão sobre o que pode ter ocasionado a mudança repentina na rota. Não é comum, é muito inesperado. Mas, pelos relatos, parece que isso já aconteceu uma vez, embora cerca de mil anos atrás.

— Caralho — foi o que consegui dizer mediante tanta perplexidade. Àquela altura, Taehyung encarava-me com o olhar de quem não estava entendendo bulhufas e estava sendo atacado por curiosidade.

— Eu realmente não sei o que aconteceu, ninguém sabe. É, no mínimo, extraordinário. O fato é que, certamente, se tem alguma chance de você se livrar dessas visões, a maior delas vai ser na quarta-feira à noite, quando está previsto para o cometa atingir a órbita da Terra novamente. Isso se não houver interferência ou mudança no novo percurso, o que é imprevisível.

Meu cenho franziu involuntariamente. Eram muitas informações, todas disparadas em uma velocidade difícil de acompanhar e recebê-las através daquela ligação não ajudava muito. O que me fez pensar no porquê daquela ligação afinal.

— Ô Jimin, por quê você não está aqui explicando melhor essa merda? — Questionei. Embora, pensando um pouco melhor, eu agradecia por meu amigo Park não ter simplesmente invadido nosso dormitório de primeira invés de ligar. Seria, no mínimo, impactante.

— Prefiro manter metros seguros longe do Taehyung, obrigado —  ele respondeu, sério.

— Ah, mas que palhaçada! Eu tô indo aí. — Falei, encerrando a ligação e revirando meus olhos com o absurdo gigante que era aquela frase de tão patética.

— O que houve? — Taehyung perguntou de imediato, como se as palavras já estivessem na ponta da língua, preparadas para o salto livre e só aguardando o momento.

— Jimin disse que o cometa está meio que voltando pra Terra — eu falei com tanta dúvida que parecia mais uma pergunta do que uma resposta. — E ele não quer mais vir aqui pra ficar longe de você.

— Caralho, o cometa voltando, isso é possível? — Ele soltou, tão impressionado quanto eu estava, ignorando a segunda parte da minha fala.

— Se é possível, eu não sei, mas tinha que ser logo agora — eu resmunguei, e não foi proposital. Minha voz até mesmo saiu baixa demais, semelhante a um pensamento que saiu alto demais. No entanto, não inaudível para os ouvidos de Taehyung, mais perto dos meus lábios do que costumavam ficar.

Ele riu soprando.

— Eu não acredito que a gente nunca ficou antes — ele admitiu, saindo de meu colo para eu levantar. Eu o encarei, mordendo os lábios para conter um enorme sorriso.

— Nem eu. — As minhas palavras pairaram em um segundo de silêncio enquanto eu o observava em seus detalhes. Os olhos brilhantes, o sorriso quadrado, a postura relaxada. Kim Taehyung. — Sabe o que é mais estranho?

— O quê?

— Não é estranho. — Ele abriu mais o sorriso, fazendo os olhos quase sumirem atrás das pálpebras. Então, se levantou da cama.

— Eu sei. Talvez seja porque você sempre teve uma queda por mim. — O convencimento que soou voz na voz dele e rapidamente ficou estampado no rosto me fez revirar os olhos.

— Se eu tinha uma queda por você, você tinha um penhasco por mim, Tae.

— Admite, Kook-ah! — Passo a passo, Taehyung se aproximou de mim, segurando em meu queixo entre os dedos longos quando perto o suficiente. — No fundo, você sempre quis beijar minha boquinha. Eu entendo, é inevitável, sou irresistível. — O sorriso alargou outra vez, bem diante dos meus olhos.

As visões de JungkookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora