Irmãos de Berço

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Transitar por Osaka pra Yutaka é como ouvir música com os fones de ouvido plugados e atravessar uma faixa de pedestres com o semáforo fechado e ainda por cima, sapateando. O seu destaque é a sua própria falta de profissionalismo em seu dever! Para ele, ser um taxista é só uma ocupação de meio período. Á noite, a verdadeira diversão dá as caras. Todos se reúnem para correr em pistas com curvas abertas para aumentar o entusiasmo. Um evento aberto onde você só precisa do seu veículo e o mais importante, arrasar no contra esterço! E a estratégia do rapaz é única: estaciona o seu carro para os rachas em um local de custo barato e, ao fim do trabalho, pula na condução e esquece que têm moradia. 

 São seis horas da noite, e o celular de Yutaka repentinamente toca. O número aparenta ser fora do padrão, e o contato, desconhecido. Já que ele quase não recebe ligações, sua decisão é optar por atender.

— Filho? Sou eu, seu pai, Mazzy! É o seguinte, eu preciso que você vá atrás do seu sobrinho! Urgente! E claro, agora! — exclama o homem por trás da ligação, com um tom imperativo.

— Ah, sério isso? Você sabe que eu corro...

— Não quero saber novamente que você corre toda noite! Anda e vai! Boa, cria! 

"E lá vou eu bancar de herói, o titio que não tem compromisso nenhum e ajuda qualquer um, sem pensar!" pensa Yutaka, com um sarcasmo notável à quilômetros de distância. Ele não perde nem um segundo e acaba zarpando sem pensar em trocar de carro. Sua linha de raciocínio só aponta para um lugar em que o sobrinho poderia estar. 

A rua de encontro com a Escola Básica de Kadoma seria o local ideal de refúgio para Kevin, na casa de sua avó. O quê ele menos espera é que nem tudo seria intocável. O som da maldita campainha. Ele pensara, "deve ser só um colega meu, querendo encher o saco" — só que, na verdade, acabara por ser uma visita capaz de esfriar o coração.

— Kevin, preciso que você venha comigo! Rápido! — exclama o tio de Kevin, do outro lado dos muros da imensa casa. 

— Você acha que eu vou dar moral pra você? E, puta merda, você tá trabalhando de taxista agora?!? — responde Kevin.

— Ah, agora eu te pego, moleque! — disse Yutaka, que por consequência do nervosismo, acaba por se retirar do carro sem nem se preocupar em tirar a chave da ignição e se direciona até Kevin, correndo no ritmo de um touro furioso.

 Um homem encapuzado acabara por cruzar a rua e, rapidamente, chega por trás de Yutaka e dá-lhe uma rasteira e o imobiliza em questão de segundos. 

— Agência Nacional de Polícia. Você está preso. Quer que eu leia os seus direitos? — disse o homem, branco como a neve, esticando o seu crachá na direção dos olhos de Yutaka.

Shori: Original CourseWhere stories live. Discover now