O Fator Determinante

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 Lá estava eu, com o meu smoking e um relógio de prata por baixa da manga do meu braço direito. A noite me trazia déjá-vús capazes de fazer a adrenalina correr pela as minhas veias. Lembro de que eu me sentei em uma mesa para dois, com uma janela aberta de padrão rústico, adequada ao design geral do estabelecimento. Na primeira estrela cadente, eu mergulhei em um oceano de memórias.

 O rádio comunicador minimalístico, acoplado ao painel do interior do veículo acaba de tocar. É o meu receptor.

Japelíptico, analisando o clima daqui de cima, é bom você estourar o tacômetro! — exclama ele, em um tom cômico e simpático, sem perder o profissionalismo de um técnico.

Meus impulsos responderam de uma forma tão nítida que eu acabo por pensar rapidamente: "O meu batimento cardíaco é a minha velocidade até o fim".

 Puft. Uma mão calorosa se deu de encontro com o meu ombro, e eu acordei da viagem galática. Voltei, renascido ao fim do trajeto da estrela cadente, que me fez retornar à dois anos atrás. Não hesitei ao saudar o meu convidado, que rapidamente se sentou com uma xícara de café expresso em mãos.

— Opa, veja se não é o oficial honorário do Departamento de Trânsito. A madrugada parece linda, não acha?

— É, me fez lembrar da noite em que o seu tio de segundo grau acabou com a liberdade do seu pai. Coitado, ficou sem as rodas. — e ele finalizou com um sorriso que simbolizava uma risada implícita, de deboche, enquanto dava leves bicadas no líquido escuro. Um verdadeiro corvo que me dá nos nervos.

— Sorte que eu sou cortês. Esse café é o máximo que eu posso te oferecer.

— Bem, vou me retirando. Me encontre na Estação de Shibuya em quinze minutos. — ele piscou e saiu passando um guardanapo em seus lábios até a saída, onde arremessou o material utilizado na forma de uma bolinha até o lixo próximo da porta transparente, que destacava uma mensagem, "volte sempre".

Shori: Original CourseWhere stories live. Discover now