A Campainha

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Na manhã seguinte, após secar o cabelo, fui para a cozinha, ao passar pela sala de estar, ouvi o tom alterado da voz de meu pai ao telefone.

_ Bom dia mãe.

_ Bom dia filha.

_ O que houve?

_ Parece que na semana que vem, vão começar as obras no antigo hotel Orleans. Ele está extremamente furioso.

Antes mesmo que ela terminasse a frase, ele apareceu a cozinha falando em tom alto.

_ Não posso acreditar nisso. Trabalhei tanto para evitar que isso pudesse acontecer, e agora, parece que todo meu trabalho foi em vão.

_ Talvez não seja tão ruim pai...

_ O que você sabe Lis? - falou ele bravo -

_ Albert, por favor. Sua filha não tem culpa do que está acontecendo.

_ Culpa ela não tem, mas poderia ser mais presente. - ele levantou-se -

_ Não vai tomar seu café?

_ Eu tenho uma reunião agora de manhã.

_ Em plena segunda de carnaval Albert?

_ Pra quem tem comércio, não existe feriado Maysa.

Assim que meu pai deixou a cozinha, tomei o primeiro gole de café.

_ Filha dá um desconto pro seu pai.

_ Eu estou sem palavras mãe, não entendi nada.

_ Lis, iniciando as obras no antigo hotel, você sabe que pra nossa família não é bom.

_ Sim, eu sei que não vai ser bom pra pousada.

_ E você fala assim filha, nesse tom, como se fosse algo bom. Não quero ter que concordar com seu pai, mas você precisa ser mais presente, um dia a pousada vai ser sua.

_ Eu sei a gravidade disso mãe, só acho que não há o que fazer para impedir que aconteça. Desde o ano passado, quando soubemos que o antigo hotel foi vendido.

_ Sim Lis, mas tínhamos esperança que fosse abrir outra coisa, e não um hotel de luxo.

_ Mas aconteceu, não há o que fazer.

_ Que seu pai não escute você dizendo isso Lis. Eu vou pra pousada.

_ Eu vou logo em seguida.

Enquanto terminava o café, fiquei a pensar. Orleans não era uma cidade grande, era conhecida por suas cachoeiras, e não tínhamos um grande hotel que pudesse competir com a pousada. Com a inauguração de um hotel de luxo, com certeza isso afetaria nosso negócio. Eu sabia que meu pai tinha razão em estar nervoso, mas isso era algo concreto, não havia nada que pudéssemos fazer para impedir.

Minutos depois, assumi a recepção. O movimento estava moderado, aproveitei para verificar a contabilidade dos dois primeiros dias de carnaval. Estava concentrada, quando ouvi sua voz..

_ Olá.

Ainda digitando, pensei que era a voz de Natalie. Forcei um sorriso, e olhei para ela que estava encostada no balcão.

_ Oi.

_ Está muito ocupada?

_ Um pouquinho. - soltei um sorriso singelo -

_ Queria te convidar pra almoçar comigo.

_ Então, até gostaria, mas estou sozinha aqui, não posso me ausentar.

Um Amor de Carnaval (Lésbico) - CompletaWhere stories live. Discover now