Capitulo 20: As Mil e uma Trombetas

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  Ryam estava no limite de suas forças. Ele sabia que não mais podia lutar por muito tempo, suas feridas não cicatrizavam.

Suas forças não se restabeleciam. Então perguntava-se:

"Será isso que é sentir dor? Será isso? Não, não deve ser. Porque se fosse, estaria impressionado comigo mesmo por conseguir suporta-la".

Seu corpo estava banhado em sangue. Sua pele quase toda dilacerada de tanto ferimentos que tinha.

Nalguns ferimentos se podia ver uma pequena porção de seus ossos, os anjos pairavam sobre o ar junto de Mazael enquanto os demônios, estavam em terra junto de Eyesel.

O sol escaldava, a areia do deserto se movia com o vento gerando uma leve cortina de poeira.

— Hmm. Estás acabado Ryam. — Disse Eyesel soltando um uma risada maléfica.

Os olhos de Ryam estavam cansados, suas pálpebras estavam pesadas e seus músculos endurecidos.

Eyesel abriu suas asas e lançou-se em direção a Ryam, derrubou-o bruscamente contra o chão. Segurou-o na perna direita e levantou vôo com ele e o arremessou em direção à Mazael como se estivesse jogando uma bola de basebol para o batedor.

Mazael voou e esmurrou Ryam que largou sua espada enterrando-se no chão. Eyesel voou em direção a Ryam enquanto caía, agarrou-lhe pela perna e atirou-lhe contra o chão, levantando um cortinado denso de poeira.

Posto no chão, Mazael e Eyesel desceram até perto dele enquanto ele se contorcia.

Mazael exibia seus dentes num longo e audível riso macabro, caminhando em passos leves, chutou ele com bastante força o lançando a dois metros de onde estava.

O corpo de Ryam rolou mo chão.

Eyesel levantou vôo aterrissando perto dele e o segurou pelo pescoço e levantou-o.

— Pobre homem. É agora que você morre. — Disse Eyesel arregalando os olhos.

Ryam estava quase desacordado, já não tinha domínio de seu corpo.

Estava... sem forças.

— Pensou mesmo que poderia frustrar os nossos planos, e acabar com todos os anjos corrompidos até chegar no "Primeiro" sem... problemas? — Exclamou Mazael, com um olhar desdenhado.

 Eyesel o segurou pelo pescoço e levantou, fazendo o ficar centímetros a cima do chão. Ryam deu um sorriso ladino e elevou sua mão até o couro cabeludo de Eyesel. Seus olhos brilharam de relance evidenciando com mais nitidez o dourado caramelizado da sua íris no momento.

Eyesel franziu o sobrolho e inclinou a cabeça desconfiado.

— O que foi isso? — Interrogou ele.

— Para quando não mais tiver força para lutar.  — Disse Ryam, com sua voz rouca.
Falhava a cada palavra que proferia.

Eyesel o atirou contra o chão.
Junto com Mazael desembainharam suas espadas e, caminharam até ele, olharam um para o outro com acenos de concordância.

Com sua espada, Mazael fez um arco no lado direito a volta de Ryam, o mesmo fez Eyesel com sua espada do outro lado ligando ambos arcos formando um círculo a volta dele.

Ergueram suas espadas para o altos céu em conjunto sem atraso, sem contratempos, parecia algo combinado como uma coreografia.

Deitado no chão Ryam tinha uma visão perfeita do vasto céu, a luz do sol refletida nas espadas ofuscava sua visão, embatia sobre o seu rosto. Debatia-se em profundos pensamentos:

"Não é fácil desistir... Desistir de uma luta, desistir de uma guerra, da vida, da sede, do calor" — Seus lábios estavam ressecados, rasgados ansiando por fluídos para o refrescar.

Sentir o misterioso frio que transbordava de Eyesel,  fez Ryam lembrar-se de um lugar frio, gélido e vasto como nenhum outro lugar a face da terra, mas eram lembranças vagas.

Mazael e Eyesel com suas espadas erguidas, falaram em coro:

— "PUNIÇÃO"!

Abaixaram suas espadas no intuito de enterra-las em Ryam, estando a poucos centímetros de as espadas o tocarem, um som ensurdecedor e bravante retumbou deixando-os atordoados.

Anjos e demônios não suportavam tal barulho, largaram suas espadas para tampar os seus ouvidos, gritando de tão forte que era tal som que feria seus tímpanos.

Ryam de alguma maneira não era afetado. Contudo, não se movia, permanecia deitado e quieto.

Tal som era como se o rugido de cem leões fosse amplificado cem mil vezes, de uma maneira que nenhum aparelho humano o faria.

— As mil e uma trombetas... — Disse Mazael se contorcendo com as mãos cobrindo o ouvido.

— Como? Não é possível. — Retrucou Eyesel, aos gritos.

Ryam abriu a boca e clamou:

— Ajuda...

Sua voz ainda estava rouca. Mazael e Eyesel arregalaram os olhos espantados, pareciam assustados por ouvir tal palavra, olharam um para o outro.

Então uma fenda no solo abriu-se e o sopro gélido saiu dele, e mãos saíram de dentro da fenda no chão e puxavam os demônios para dentro.

Mazael acompanhado de outros anjos, abriram suas asas e voaram em direção a ilha.

O ASSASSINO DO ALÉM Where stories live. Discover now