Bônus - Noite de Natal, 2009

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– Não disse amiga. Meus pais te amam.

Sorri em resposta. Escolhemos sentar em uma mesa lá no terraço. Era mais afastada da conversa central na sala e ainda era em um local bem mais ventilado. Cah conversava comigo sobre a faculdade, quando uma voz grossa nos interrompe.

– Oi abacaxi – era o Isaac falando com a minha amiga, e deu um jeito para bagunçar o seu cabelo.

– Abacaxi? Porque isso? Enlouqueceu cabeção? – ri da maneira como eles se tratavam, senti falta de ter um irmão ou uma irmã para poder ter esses momentos também. Acho que é por isso que sempre pensei na Cah como uma irmã de outra mãe.

– Verde e amarela com esse cabelinho bem arrumadinho aí, você está parecendo a casa do bob esponja – Isaac começou a rir ruidosamente.

– Sai daí cabeção, você está é com inveja de não conseguir ficar tão lindo assim!

– Nunca – Isaac a fez levantar da cadeira e a puxou para um abraço apertado. – Senti sua falta amarelinha.

– Também. Ah! Nem tive a oportunidade de te falar pessoalmente, mas meus parabéns cabeça! Finalmente fez alguma coisa de útil na vida – Cah fala, rindo muito.

– É mesmo. Parabéns Isaac – falei, entrando um pouco na conversa. Ele tinha passado em uma faculdade de turismo e ia começar agora nesse semestre.

– Vale Bianca – ele me responde e sorri pra mim.

Parei.

Tenho que explicar uma coisa. Eu tenho uma pequena grande queda pelo irmão mais novo da minha melhor amiga. E pra completar o clique do romance da sessão da tarde, a Cah não faz a menor idéia de como eu me sinto.

Primeiro, por ele ser mais novo, ele não era bem mais novo, só tinha um ano e alguns meses de diferença, mas mesmo assim são maturidades diferentes. Segundo, não quero estragar a minha amizade com a Cah, não consigo ficar muito tempo com um cara, e se eu o magoasse ou se ele me magoasse, iria mudar a dinâmica da nossa amizade com certeza. Terceiro, eu nem sabia se ele gostava de mim, se olhava pra mim desse jeito.

– Ei, e o meu obrigada cabeção? – Cah pergunta e cruza os braços, esperando uma resposta do seu irmão.

– Pra você não tem, você não fez mais do que a sua obrigação de ficar feliz por mim. Sou seu irmão. Posso sentar aqui? – ele pergunta apontando para uma cadeira vazia do meu lado.

– Não – Cah fala com uma falsa raiva, mas ele nem dá ouvidos, senta do mesmo jeito.

– Você vai mudar de idéia quando ver o que eu comprei pra você amarela...

– Assim espero!

A conversa continuou animada. Várias tias, tios, primas e primos foram chegando e eu fui ficando cada vez mais calada. Por incrível que pareça eu fui sentindo uma falta insuportável da minha família.

Minha amiga saiu da mesa e foi namorar com o imprestável e uma a uma as pessoas foram saindo da mesa. Até que fiquei sozinha com o Isaac. Bebi algumas coisas e minha mente começava a clarear. Minha garganta queimava com lágrimas não derramadas. Ele falava alguma coisa que eu não conseguia prestar atenção. Só concordava com a cabeça. Até que para de falar por alguns segundos e me analisa.

– Ei Bia, você está bem? – ele perguntou. Depositou a sua mão sobre a minha e foi tudo o que eu precisei para descarregar as minhas lágrimas. Perfeito! Estava chorando, com a minha queda do barranco e ainda para completar tudo, tinha álcool suficiente no meu sangue para meu juízo vacilar.

Consigo negar com a cabeça, mas não consigo falar nada.

– Quer sair daqui e procurar a minha irmã?

Marcas de FogoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora