O avião sacudiu um pouco. Nada demais. Porém, um frio percorreu meu estômago, apesar de eu saber com firmeza que Deus era comigo até o fim. As nuvens negras que nos rondava, eram como um buraco negro prestes a nos sugar, mas eu sempre soube que minha imaginação era fértil demais.
*Caros passageiros, pedimos à todos que se ajeitem em suas poltronas para nos preparamos para a aterrisagem.*
Mais um frio na barriga. Observei o avião “cair”, deixando o céu e as nuvens escuras para trás e, debaixo dos meus pés, sinto a pressão da descida rápida. Em poucos segundos, já estávamos no chão, comigo levantando da poltrona, seguindo a fila indiana de pessoas para fora do veículo voador.
Quase abri meus braços como se fosse um pássaro respirando liberdade e pronto pra voar mundo à fora. Nunca gostei de ficar “presa” dentro de um lugar, mesmo que seja por pouco tempo. Me lembro que quase enfartei dentro de um elevador que ficou parado entre o 11° e 12° andar. Pensei que ia morrer, mas não era nada demais, apenas um problema operacional, como disse o zelador… mas tive que tomar um remédio para não pirar.
A multidão me empurra para seguir o fluxo de saída do avião, até a entrada no aeroporto, rumo ao desembarque, na parte de restituição de bagagem. Lá, observando a enorme arquitetura do local, quase caio aos tropeços, mas consigo me manter de pé.
Caminho, com as malas já em mãos, na direção da saída, aonde alguém estaria à minha espera. Não descreveram a pessoa pra mim, mas enquanto descia pela escada rolante, de longe pude enxergar uma pequena plaquinha com meu nome escrito. Quem estava segurando era um rapaz, muito bonito, pra falar a verdade.
Nossos olhos se encontraram, o que me deixou envergonhada, porque ele me pegou o encarando. Mas não pareceu incomodado, esperando a minha aproximação. De longe, ele parecia baixo, mas chegando perto, deve ser uns 30 centímetros mais alto que eu.
— Prazer, sou Samuel. — ele abre um sorriso.
— Prazer, sou Milena. — apertamos as mãos.
— Pediram para buscá-la. Podemos ir? — Concordo com a cabeça e sem rodeios, seguimos rumo ao meu novo lar.
Dentro do carro, observo as arquiteturas imponentes e sofisticadas de Toronto. Apesar da escuridão noturna, as luzes da enorme capital canadense parecia viva, cheia de vigor. Samuel estava ao meu lado, sentado no banco do motorista. O silêncio nos fazia companhia. Eu não sabia o que dizer e pela tensão nos braços dele, deu a entender que ele também não tinha ideia de como acabar com esse clima estranho entre nós.
— Nossa… — minha voz saiu admirada. — a lua está linda! — não consegui conter a animação.
Ao meu lado, Samuel se remexe um pouco, diminuindo a velocidade do carro para observar a beleza criada por Deus.
— Verdade… ela está linda. — vejo um sorriso em seus lábios, o que já me deixa menos nervosa.
— Quantos anos você tem? — de forma invasiva, questiono.
— Tenho 23 e você? — ele não me encara, mas continua prestando atenção na estrada.
— 18. Você é filho do tio Gabriel?
Samuel solta um risinho, quando me houve chamar seu pai de tio. Soava até engraçado, já que a última vez que vi o melhor amigo do meu pai, foi no meu aniversário de 05 anos. E só. Apesar da enorme amizade entre ele e meu pai, os tornando mais que irmãos de sangue. Gabriel só aparecia de vez em quando no consultório do papai, para lhe dar um “oi” e depois voltava para o Canadá.
Nunca vi seus filhos e nem sua esposa. Acho impressionante, o fato de eu nunca ter os conhecidos, mas não questiono Samuel por isso, ele e sua família tem seus motivos.
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Só Pode Ser Brincadeira!? (Parado)
SpiritualMilena Hathaway Rodrigues não é uma simples garota. Seus pais são cristãos, assim como ela e a sua fé em Deus é o seu maior tesouro. Mas, nem tudo são um mar de rosas para nossa protagonista, ainda mais quando - subitamente - ela decide se declarar...