12/03/2019

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Faz muito tempo desde a última vez que encarei essa tela para descarregar todos os sentimentos que formam um grande nó na garganta e um terrível embaraço no estômago. Mas agora estou aqui sem saber que palavras usar para definir a revolução caótica que você causa em mim diariamente.

Há pouco me permiti (por leve pressão interna e terapêutica) a deixar você entrar. Eu pensei que seria algo delicado e leve, mas você chutou a porta da frente e se jogou aqui dentro, chamou tudo de seu. Você é grande e, a cada dia que passa, ocupa um lugar maior ainda em mim.

Eu tinha desacreditado nos contos que ouço e defendo desde criança, sabe? Costumei repetir um profundo mantra para me afastar dessa confusão: amor é o caralho. Eu falava essa frase com gosto, tendo em vista os últimos fracassos que passei quando disse estar apaixonada por alguém. Apostei um chiclete com o meu primo de 10 anos que eu não namoraria até os 25. Eu tenho 17, cara.

Você me fez casa de sentimentos bons. Passamos por lugares perigosos em que, só de sentir a sua mão na minha, eu estava segura. E você fez isso rápido. Você tirou gargalhadas de mim quando eu estava chorando e me apoiou em diversos momentos, mas você é um homem. Infelizmente, você é homem e a minha natureza é desconfiar de ti. Basta um pequeno devaneio para destruir toda a confiança já estabelecida. Perdoe-me pela semelhança entre meus sentimentos e um castelo de cartas.

Eu quero me permitir e correr e gritar por aí que eu sou livre. Mas eu me prendo em mim e não há nada nesse mundo que me liberte. Eu juro que melhorei, sabe? Já fui tantas vezes pior, mas eu preciso de tempo. Eu demando muita paciência para esperar essa libertação tardia. Não te culpo se você não quiser esperar, até entendo. Portanto, se não quiser ficar, vá embora agora. Por favor, vá embora e leve consigo todo esse caos que me habita.

Eu só quero me ver livre (de mim).

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