Capítulo Seis

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- Also warst du die ganze Zeit hier? - Perguntou contendo sua fúria. Maxwell, apesar de não ser muito bom em alemão, compreendeu o contexto geral das palavras do homem, e lançou um olhar interrogativo a Blenda. - Todos estes anos a procurar por ti quando estava bem debaixo de nossos narizes. - Schneider falou ainda em alemão com o olhar focado na dama, mas não demorou a ele lembrar-se das mãos de Blenda e Maxwell presas uma a outra, chegando somente a uma conclusão, ainda mais irritado do que anteriormente, pois havia somente uma razão para o casal fazer tal demonstração afetiva.

Blenda estava completa e totalmente surpresa Maxwell disse-lhe que um dos proprietários do estabelecimento era alemão, o restaurante possuía de fato alguns traços da cultura alemã, mas de todos os alemães que poderiam ter sido o proprietário dali, porque justo o homem que outrora fora quase seu noivo?

Por que justamente ele?

Ela cogitou a hipótese de que se houvesse um ser que escrevia o destino estava com toda certeza a fazer piadinhas para com ela. Era a única razão verdadeiramente plausível.

Com um sorriso sarcástico, Sir. Schneider fala a dama a frente dele, usando sua língua natal. - Então fugiu de minha proposta de casamento apenas para tornar-se cortesã de outro homem?

As palavras dele trouxeram Blenda de volta a realidade, sendo preenchida por uma onda de fúria por causa das insinuações feitas. Ela levantou-se de forma súbita, tão rápido que só pôde se ouvir o som a mão dela chocando-se contra a face de Schneider, atraindo a atenção de algumas pessoas que estavam alheias aos acontecimentos.

- Como ousaste insinuar tal coisa? - Indagou completamente neurastênica, sem nem sequer dar-se conta de que não falava mais em espanhol, mas alemão. De certo modo aquilo sempre lhe acontecia em momentos de nervosismo. Trocava ou misturava as línguas. - E mesmo que o fosse, minha vida não lhe diz respeito!

- Ai é que se engana senhorita! - Afirmou esfregando a face em que ela acertara, que começava a avermelhar-se. - Como seu noivo...

- Primeiro de tudo, - Blenda o interrompeu -, eu não fui embora da Alemanha justamente para não me casar? - Mesmo sendo uma pergunta, a retórica era clara. Jamais tinha passado por sua cabeça, nem mesmo por um momento, tornar-se uma cortesã. Ela fugira para ser livre, mesmo que algumas meretrizes tenham uma vida relativamente boa, a beleza dela não era eterna, e não pensava destruir um casamento de quem quer que fosse. Além do fato de que sempre poderia contar com o apoio e auxilio do tio. A insinuação lhe era um total insulto, uma... Uma... Bom... Falsa acima de tudo.

- Jamais deverias ter fugido! Era para ter sido minha! - Schneider nem percebia, mas seu tom de voz era alto o suficiente que facilmente diriam que ele gritava, mesmo que ainda não o fizesse. Ele tinha seus motivos para tal.

Nos últimos anos esteve procurando por Blenda pelos países aliados, mas nunca havia procurado na Espanha. Claro que não. A Espanha era, e ainda é, um país católico, todos os Lindner eram protestantes, assim como ele. Foi uma verdadeira luta para que o restaurante fosse aberto no país espanhol, a questão religiosa foi o maior dos problemas, afinal a censura da coroa para com protestantes era imensa. Mas para a sorte dele, a coroa espanhola concordou em conceder permissão para o estabelecimento ficar aberto e em total funcionamento, desde que Schneider e o sócio jurassem manter sigilo sobre a real religião deles. Pois mesmo que tentassem copiá-los, certas coisas eram únicas. E uma delas era o que ele sentia por Blenda.

- Não sou um objeto para ser de alguém! Fugiria mais mil vezes se significasse ter a vida que tenho hoje. Não teria hesitado nem sequer uma vez!

O estado de espírito de Blenda se aproximava ao desespero, porém ao passo em que ela se espavoria com as possibilidades do que a presença de sir. Schneider, a neurastenia causada por cada sílaba pronunciada pelo homem para repreender sua fuga, muito bem executada, para a Espanha chegava a sobressaltar-se perante os outros sentimentos que vinha a identificar.

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