Capítulo Sete

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Blenda olhava para o lado de fora da carruagem, as ruas passando em direção a mansão de Velásquez, aquela noite com toda certeza entrara para as mais inesquecíveis de sua vida.

Fora num jantar com Maxwell, reencontrara seu ex-noivo e por fim beijara Velásquez. Claro... O segundo acontecimento poderia ter estragado a noite e impedido o ultimo, porém ocorrera justamente o oposto. Beijara Maxwell apaixonadamente como jamais antes. Na verdade, fora a primeira vez em seus vinte e seis anos que beijara um cavalheiro. E que beijo...

- Estás... Estas bem? - Maxwell indaga com a voz levemente rouca, tirando-a de seus devaneios, ela sabia que ele também pensava no beijo, pelo menos achava que sim.

E estava certa, pelos últimos minutos, desde que a contragosto eles tiveram de separar-se e entrar no veiculo, indo para a mansão, Velásquez pensava somente na doce maciez da boca dela, do modo incrível como se sentira quando tocou aqueles lábios... Do modo incomum como se sentira.

Ele não esperava que fosse sentir-se daquele modo. Não esperava ser arrebatado como foi. Não imaginava que um simples beijo que certamente, e infelizmente, não durou mais do que cinco minutos fosse lhe explicar o motivo de sempre ficar como ficava perto de Blenda. E por mais que ele achasse ser errado, que pensasse estar traindo-a, sabia que já estava feito. Agora teria de resolver os percalços que já começaram a impor-se.

- M-melhor. - A voz de Blenda saiu falhada, ainda estava muito perdida em seus pensamentos ardentes envolvendo beijos e certo cavalheiro para ser mais explicita.

- Sobre o beijo... - Ele começou, observando como a dama corava lindamente, levando-o a uma surpreendente conclusão. - Foi o seu...

- Meu primeiro beijo. - Afirmou ainda corada, teria de contar a ele em algum momento, que fosse este. Não tentaria parecer uma mulher experiente e sabedora das artes da sedução se não o era. Muito pelo contrário. Apesar de conhecedora das artes teóricas, jamais tentara nada muito ousado. A área da sedução e volúpia lhe eram desconhecidas. Ela conhecia algumas formas de se agir, seus livros lhe ajudaram nisto, mas nunca fez um experimento pratico. Sempre esteve concentrada demais em outros assuntos para focar em tal.

Maxwell sentiu-se inundado de uma onda potente de ledice. Não imaginava ter sido o primeiro homem que Blenda beijara, mas foi. Mesmo que quando tenha ouvido que aquele senhor tenha sido o noivo de Blenda anos atrás, não pode deixar de sentir alivio ao saber que ela fugira. Saber que ela nunca nem sequer tenha olhado o outro com afeto. Era... Estranhamente satisfatório.

- Max... - Ela começou sendo interrompida de imediato quando os dedos grossos dele lhe tocaram os lábios silenciando-lhe ternamente

- Blenda, não sei se para você foi tão forte quanto foi para mim. Mas uma coisa eu lhe garanto: Aquilo não foi somente um beijo. Não encenei nenhuma das sensações que apossaram-se de mim e nem pude dissimulá-las ou sufocá-las. O que senti já não percorria meu peito a anos. E ouso dizer, mesmo que possa ser considerado uma traição a minha falecida esposa, talvez nunca tenha sentido aquilo. Sei que não faz nem sequer seis meses desde que nos conhecemos, mas você não acha que ambos deveríamos dar uma chance para o que quer que seja que possa estar surgindo? - Pronto. Ele falou. Apesar dos riscos de parecer um grandioso tolo. Ele disse mesmo assim, porque era no que acreditava. Acreditava que certas coisas eram destinadas a acontecer, que o acaso existia. Só esperava imensamente ser recíproco, pois seria demasiado difícil ter de conviver com Blenda na mesma mansão, sem saber o que poderiam ter sido. Ser ter lhes dado uma chance. Jamais se perdoaria.

Blenda sorriu, pensava exatamente o mesmo. Sentiu-se aliviada por ele ter tido coragem pelos dois e dito tudo o que disse, pois ela não sabia se teria coragem para fazê-lo. Ela sempre fora direta quanto ao que desejava, mas também sempre houve momentos na vida em que acabava acovardando-se.

BlendaWhere stories live. Discover now