DEZESSETE - Créditos

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— Aqui é nosso refeitório. — Raphael falou, abrindo a porta estreita como todas naquele lugar.

O lugar era amplo, ao contrário do que tinha imaginado, e apesar de não ser tão lotado quanto o refeitório da mansão dos soldados da luz, estava cheio. Poucas cabeças se viraram para nós quando entramos, muitos soldados apenas continuaram comendo tranquilamente, para meu alívio, com exceção de Gava, Ka, e Raphael, as únicas pessoas que tinha tido contato do círculo estavam a muitos metros de distância e bastante ocupadas, enquanto eu caminhava pelos corredores.

Fui em direção a comida, disposta em bandejas grandes sobre uma mesa aquecedora. Meu estômago roncou, mesmo com o desapontamento de ver várias e várias porções de comida sintética e não real.

Desde que começara a manipular dois elementos tinha me tornado cada vez mais faminta. Peguei uma bandeja e um prato. Colocando sobre ela um pouco de cada comida esquisita que tinham naquele lugar.

— São dezessete créditos. — Uma senhora cobrou assim que terminei de encher minha bandeja. — Nome?

Pisquei uma, duas vezes. Sem entender. Mesmo que quase nunca os tinha para usar, a moeda da nova república se chamava real novo. E claramente, não esperava ter que pagar por aquilo.

— Dezessete? — Raphael interveio. — Quando as coisas por aqui ficaram tão caras?

Foi a vez da senhora ficar confusa, seu olhar lentamente passou de mim para Raphael.

— Onde estava nos últimos dois meses que não ouviu sobre o reajuste, e racionamento? — Ela falou indignada, encarando minha bandeja lotada.

— Raphael Haber. — Ele respondeu.

A senhora grunhiu e digitou alguma coisa na pequena máquina que levava. E então arregalou os olhos para a tela acinzentada.

— Acho que deve haver algum erro. — Ela falou, e o manipulador de fogo levantou as sobrancelhas.

— Não há erro. — Ele respondeu firmemente.

A senhora desdenhou.

— Com certeza há um erro em seus créditos. Vou ter que reportar para o comando, e enquanto isso vai ter que me devolver isso aí.

Eu agarrei a bandeja com força, fazendo Raphael rir.

— Está tudo certo com os créditos, Luísa, não seja não cuzona. — Escutei, o palavrão me fazendo soltar uma exclamação de surpresa.

Ka estava logo atrás de nós balançou a cabeça em direção a Raphael.

— Senhor. — Ela cumprimentou.

Arregalei os olhos. Senhor? Ka estava chamando alguém, não... Raphael de senhor?

—  Ele é um soldado de primeiro ranking Luisa, acabou de voltar de uma missão de dois anos, por isso nunca o viu por aqui.

A senhora xingou baixinho, e deu um leve tapa em sua tempora.

— Está tudo bem. — Raphael se apressou em dizer. —  Não precisava de tudo isso, Ka.

A curandeira balançou a cabeça negativamente.

—  Conhece as regras. — Falou. —  Apreciem o almoço.


— O que acabou de acontecer? — Questionei assim que encostei a bandeja na mesa que escolhemos

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— O que acabou de acontecer? — Questionei assim que encostei a bandeja na mesa que escolhemos.

Raphael deu um meio sorriso e balançou a cabeça.

— É uma regra meio estúpida de hierarquia nesse lugar. Aqui sua importância não é medida pelo elemento que manipula, mas pela quantidade e dificuldade de missões que faz. Eles têm um sistema de rankings. É bastante rígido, vai perceber, mas foi eficiente em manter tudo funcionando bem.

Eu não me dava bem com autoridades e isso não era nenhuma novidade, mas ainda não tinha conhecido ninguém mal o suficiente para que eu não gostasse. Gava e Tomás eram candidatos fortes, contudo.

— Além de rico você parece importante.

— Vivi muito tempo entre esse lugar e a casa de Jase, não muito longe daqui. — Explicou. — Meus pais ajudaram a construir esse lugar. E passei dois anos em missão. É como conseguimos os créditos.

Assenti, precisava pensar em um jeito de conseguir esses créditos o mais rápido que podia.

Dei uma mordida na carne seca, quando um barulho me fez pular.

— Acho que encontrei uma maneira de falar com meu avô. — Felipa falou se sentando na cadeira vazia ao meu lado.

Minha atenção se desviou completamente da comida que Raphael tinha prontamente me comprado - aparentemente, aqui nada era de graça - para minha melhor amiga.

— Como? — Perguntei. Sem dar atenção para Stefano que sentou logo a frente de Felipa, ao lado de Raphael.

— Bom te ver também, mana.

Felipa encarou por alguns segundos Stefano com um olhar sério.

— Por favor? Estamos em uma conversa séria aqui. — Ela retrucou, arrancando uma risadinha de Raphael, e então se voltou novamente para mim. — Rádio.

Rádio?

— Não sabe o que é rádio? — Stefano perguntou.

— Sei...

Não sabia.

Felipa tornou a lançar um olhar ameaçador para Stefano, que levantou as mãos rendido.

— É como os Anti se comunicam com bases muito distantes, um aparelho de bem antes do grande desastre. Não é comum nos quadrantes, com todos aqueles dispositivos, e muito menos nos moquifos. Então não é uma surpresa que não sabia.

Assenti, dando mais uma mordida na comida sintética.

— E como planeja conseguir um desses... rádios? — Falei, ainda terminando de mastigar.

— Encantadora. — Stefano zombou.

— Não são apenas os anti que usam rádio para comunicação. — Raphael falou pela primeira vez, quase me fazendo cuspir a comida, rapidamente me arrependendo de meus péssimos modos de uma pessoa que estava ficando cada vez mais faminta pelo uso exaustivo de manipulação. — O círculo também usa. É a única forma quando a rede de dispositivos é completamente interligada e vigiada.

Felipa piscou, e abriu um sorriso.

— Perfeito! Vamos tentar amanhã.


— Perfeito! Vamos tentar amanhã

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Oláaa dia 3 da maratona completo, o que acham que vai acontecer agora?

Obrigada por lerem! ❤💜

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