Helpless

Capítulo Único

  Lafayette e Mulligan são as pessoas mais irritantes do mundo. E também meus melhores amigos.

  Eles tinham sido convidados para uma grande festa, e claro que me obrigariam a ir também. São nesses momentos que eu questiono se dividir um apartamento com esses dois foi a melhor decisão.

  Assim que eu sai do carro de Mulligan, refleti se era isso mesmo que eu queria. Eu ouvi a porta de Lafayette sendo batida com força maior que o necessário e pude ver listras marrons.

  — Animação, mon ami, vai ser divertido! — Lafayette praticamente me empurrou.

  — Acho que eu não tenho escolha... — Sussurrei enquanto passava pela porta.

  O lugar era enorme, a música era surpreendentemente boa e as pessoas estavam sendo simpáticas.

   Talvez simpáticas demais.

  — Está todo mundo olhando para gente. E as garotas não param de falar comigo. — Hercules ficou atrás de mim, como uma criança assustada.

  — Nós estamos ganhando fama, mon chevau, acostume-se.

  Lafayette era o mais velho. Chegou aos USA quando tinha treze e amava o país. Ele e eu nos conhecemos no ensino fundamental e ficamos inseparáveis desde então. Lafayette tinha crescido muito bem, era alto, com um cabelo cheio que ele costuma prender num rabo de cavalo alto e uma barba sempre bem feita. Eu era muito amigo de Lafayette para pensar em olhar para ele com outros olhos, mas entendia o porquê das garotas não largarem de cima dele. Também era ótimo em moda, Lafayette que tinha me arrumando hoje.

  Hercules e Lafayette fizeram faculdade juntos e ele nos apresentou. Mulligan me passou a impressão de ser um cara calado, responsável e sério. Bem, ele até que era um pouco disso, mas quando ganha intimidade percebe-se que ele é muito sensível, engraçado e delicado. Nós nos demos bem muito facilmente e acabamos morando os três juntos. Salvei muito dinheiro com isso, o que é difícil em época de faculdade.

  Nós nos separamos, cada um foi para um lado. Lafayette dançava com uma garota e Hercules conversava animadamente com uma garota de vestido vermelho vibrante, Maria Reynolds.

  — Posso me sentar ao seu lado? — Quase derrubei minha própria bebida ao ouvir a voz fina através de mim. — Meu nome é Eliza Schuyler.

  Eliza usava uma blusa azul por baixo da jardineira jeans. Seu sorriso transbordava simpatia.

  — Alexander Hamilton. — Eu estendi a mão para que ela me cumprimentasse. Suas pulseiras faziam um barulho de pequenas bolinhas amarelo-alaranjado.

  Eliza me ofereceu uma bebida e eu aceitei. Ela estava dando em cima de mim? Talvez eu fosse em frente com isso. Não estava procurando um relacionamento no momento, mas uma noite de divertimento cairia bem.

  Conversamos por pouco tempo, até eu notar que duas pessoas não paravam de nos encarar. Eu reconheci Aaron Burr, mas não sabia quem era a garota de maria chiquinhas e colar amarelo.

  — Amigos seus? — Eu apontei para a direção deles que disfarçaram o olhar na hora.

  Eliza virou a cabeça e olhou de quem eu falava. Seu rosto corou e ela começou a brincar com as pulseiras. O barulho de bolinhas voltou.

  — Olha, eu vou ser sincera, espero que você não me odeie. — Ela suspirou antes de continuar, fiquei preocupado. — Eu e minhas irmãs apostamos que ficaríamos com um de vocês. Desculpa.

  Eu refleti sobre aquilo. Não estava com raiva, era impossível ter raiva de alguém tão angelical quanto Eliza.

  — Qual o valor? — Perguntei enquanto bebia mais um gole da bebida que Eliza tinha pagado para mim. Eu gostava da sensação de brisa que me trazia.