VII.

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Saio do ônibus animada, seguro firmemente minha mochila e coloco minha mala sobre meus pés ao sentar na cadeira na área de espera. Fico a todo momento olhando para as entradas a procura do Chris, olho no relógio pra ver se cheguei mais cedo, mas está no horário normal. Pego meu celular e envio uma mensagem pra ele perguntando se já está vindo, mas ele sequer a recebe. Tento ligar, mas da direto na caixa postal. Bufo impaciente e me levanto caminhando pelo local, mas acabo voltando ao meu assento.

Quase 30 minutos depois, vejo o Chris entrando. Respiro aliviada levantando e acenando pra ele me ver, Chris sorri parando na minha frente, beija minha testa, coloca minha mochila em seu ombro e pega minha mala.

— Desculpa o atraso, teve uma reunião de última hora... Sabe como é. Como foi a viagem? — Pergunta como se nada tivesse acontecido.

Internamente eu o estou socando repetidas vezes.

Mas sorrio e dou de ombros.

— Tudo bem, não quero atrapalhar. A viagem foi boa, obrigada. — Ele assente sorrindo e seguimos até seu carro, um lindo e moderno carro. Fico impressionada. — É mais lindo do que imaginei! — Falo de olhos arregalados.

— Bonito, né? — Pergunta orgulhoso, coloca minhas coisas no porta malas e abre a porta do passageiro pra mim. Durante o caminho até sua casa, vamos conversando sobre o carro e nada mais.

Ele estaciona na garagem e eu saio, Chris pega minhas malas e me guia até a porta.

— Eu posso levar minha mochila — digo quando ele tem dificuldade de encaixar a chave na porta, tiro da sua mão e o faço.

— Obrigado, pode entrar — fala indo na frente. Já vim algumas vezes aqui, mas foram poucas, nunca sequer cheguei a dormir, menos ainda sozinha com o Chris.

A casa é relativamente organizada, mas percebo uma mistura de coisas do Chris e da Kyara espalhadas pela casa. Na sala, cozinha, área de lazer.

— Bom, não temos quarto de hóspedes, mas Kyara insistiu em te deixar no quarto dela — ele fala abrindo a porta. — Ela já deixou tudo arrumado e até esvaziou a primeira gaveta da cômoda pra você se sentir mais confortável.

Assinto entrando e observando o lugar, coloco minha mochila sobre a cama arrumada e caminho até a cômoda olhando os porta retratos em cima. Vários da Kyara com quem acho que são seus amigos, e também alguns com o Chris, em várias das fotos eles estão abraçados e sorridentes.

Mordo o interior da minha boca e olho pra porta constatando que o Chris já saiu, então abaixo todas as fotografias e sorrio satisfeita. Saio do quarto a procura do Chris e o acho na cozinha, ele está sentado na cadeira com seu notebook sobre a mesa e uma xícara ao lado.

— O que está fazendo? — Pergunto parando na frente da mesa, ele sobe o olhar até meu rosto.

— Trabalhando, se estiver com fome, tem lasanha no micro-ondas. Contei para a Kyara que você é vegana e ela fez questão de comprar várias dessas coisas. Pode pegar o que quiser, tem coisas no armário de cima e também suco na geladeira. Tem refrigerante também, mas sei que não toma. — Diz tudo isso encarando a tela do notebook.

Pego um copo de suco e me sento na sua frente o observando concentrado em suas obrigações.

— O que costuma fazer pra passar o tempo aqui? — Pergunto interessada.

— Bom, Netflix é um bom passatempo — da de ombros. — Está conectada na TV, pode ligar e entrar na minha conta se quiser.

Reviro os olhos com seu desinteresse e me levanto indo pra sala, ligo a TV e começo a ver uma série enquanto converso com meus amigos pelo celular.

Diversos episódios depois, já estou completamente entediada. Levanto-me voltando para a cozinha e vendo o Chris extremamente concentrado no que faz no notebook, abro o micro-ondas e tiro a forma de vidro com a lasanha com legumes, como acho ela simples demais, resolvo complementar com alguns ingredientes e colocar pra esquentar. Depois tiro, coloco sobre a mesa e pego dois pratos, corto os pedaços e coloco um prato ao lado do Chris.

— Você quer suco? — Pergunto abrindo a geladeira, Chris não responde. Pego dois copos e nos sirvo, sento-me na sua frente e começo a comer. — Vai esfriar, coma logo — aconselho o encarando, seus olhos não saem da tela. Respiro fundo odiando muito esse notebook. — Ei! — Chamo mais alto, Chris me olha confuso e eu aponto o prato com a lasanha e o copo com o suco. — Coma — peço e sorrio docemente. Ele parece confuso olhando as coisas, mas sorri.

— Obrigado, mas vou terminar isso no quarto. — Não espera resposta, só levanta e se vai levando o notebook e deixando sem sequer ser tocado o prato com lasanha e o copo de suco.

— Idiota. Se pensa que vai ficar todo o tempo assim, me ignorando, está enganado. Hoje eu deixo, mas amanhã você vai pagar — sussurro sozinha.

 Hoje eu deixo, mas amanhã você vai pagar — sussurro sozinha

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Kess.

28.02.2019

Inevitável - Chris & Cee [3°história]. Where stories live. Discover now