2 - Quatro aninhos do Sasoshi

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Pezinhos animados corriam pela casa da família Akasuna. O filho do casal seguia sua mãe para todo lado tentando ajudar na decoração de sua festinha de aniversário, embora tivesse apenas quatro anos e estivesse atrapalhado mais do que qualquer outra coisa. Sakura ria e lhe dava falsas tarefas como picar papel colorido, a fim de distrair o menino e impedir que ele fosse espiar o pai na cozinha.

Essa seria a primeira comemoração de verdade que fariam para o filho, com convidados, docinhos e presentes. Nos anos anteriores concordaram que ele era pequeno demais para entender, logo não valeria o trabalho sendo que a vida do casal já era bem corrida. Assim apenas cantavam parabéns e comiam um bolinho. Agora seria especial. - A sala tinha enfeites por todos os lados, fitas coloridas com bolas de papel penduradas, como era a tradição na vila da Areia. - Sakura não estava medindo esforços para ver um sorriso radiante no rosto do seu filhote sempre tão sério.

- Mãe, quero comer? - O menino puxava a barra do vestido dela para ter atenção. - Quero bolo.

- Mais tarde, Soshi. Primeiro a mamãe tem que deixar a casa bonita. - Ela abaixou para ficar da altura dos olhos dele. - E você vai brincar bastante, vai ganhar presente...

- Presente? - Sasoshi fez um bico desconfiado e estendeu as mãos esperando receber um pacote.

- Também não é agora, Soshi! - Ela já não sabia mais o que fazer pra distrair o menino ansioso.

O pequeno Akasuna parecia não entender o tempo das coisas, não importava quantas vezes lhe dissessem mais tarde ou depois, uma vez que falavam que algo aconteceria ficava com a ideia fixa até acontecer, ignorando a instrução e repetindo muitas vezes o pedido. Não era por falta de lhe chamar atenção, estava longe de ser mimado, mas parecia que as broncas e castigos não surtiam efeitos, apenas estressavam o menino.

- Deve ser o Yagura. Vamos lá cumprimentar ele? - disse sentindo o corpo relaxar ao ouvir o som da campainha. Torceu para que o coleguinha fosse capaz de entreter seu filho por algumas horas.

Ele correu parando em frente a porta, levantou os braços e aguardou ser erguido. Essa era uma de suas muitas manias, gostava de olhar pelo olho mágico e girar a maçaneta para receber as visitas, porém logo depois se debatia querendo voltar ao chão o mais rápido possível.

- O-oi, Soshi. - Yagura sorriu tímido e se escondeu atrás das pernas de sua mãe. Pensou por um momento e tomou coragem de ir até o outro ruivo para entregar-lhe um embrulho. - Para você.

O presente estava envolvido com papel cintilante azul, muito bonito. Com as bochechas coradas, Yagura aguardava que o aniversariante o desembrulhasse para que pudesse ver sua reação, mas isso não aconteceu. Sem se preocupar se o conteúdo era delicado ou não, Sasoshi sacudiu a caixa com vontade, gostando do som de coisas rolando dentro dela. Depois, sem parar o que fazia, pegou a mão do amigo e saiu arrastando-o para o quarto.

- Vamos brincar. - Parou de andar por um instante, sentenciou e continuou seu caminho.

- Não vou poder ficar hoje, Sakura. Chegaram notícias das fronteiras e o Gaara está bastante tenso com a pressão do conselho. Preciso ir lá ajudá-lo a colocar aqueles abutres nos seus devidos lugares. - Narumi explicou-se rapidamente, deu um beijo na amiga e saiu apressada. - Volto as seis pra buscar o meu bebê.

*.*.*.*

Esse dia ficaria gravado na memória de Sakura com todos os detalhes, o cheiro do bolo preenchendo o ambiente, a visita de Ino e Tsunade, ambas vindas da Vila da Folha para a comemoração, o marido estranhamente animado mesmo com a casa cheia.

- Onde está o meu ruivinho, Sakura? Eu não o vejo já faz uns seis meses - Tsunade reclamava enquanto servia-se de uma bebida - Quero mimar o meu Sasoshi!

- Acho que eu quem deveria estar reclamando, só vi meu sobrinho por foto. - A anfitriã franziu a testa ao ouvir os lamentos de Ino. Do modo que ela falava era como se viajar para outro país com uma criança pequena fosse uma tarefa simples. - Traz logo ele.

- Calma! Vocês acabaram de chegar. Ele está no quarto brincando com o filho da Narumi. - Mesmo com o protesto, sorriu vaidosa ao ver a disputa pela atenção do Sasoshi. Era uma mãe coruja afinal. - Vou chamá-lo, só tentem não dividir meu filho ao meio.

*.*.*.*

Seguiu pelo pequeno corredor que dava acesso aos dois quartos da casa, parou de frente para a porta e abriu-a levemente para que pudesse ver o que os meninos faziam antes de interrompê-los - Como na maioria das vezes, brincavam em completo silêncio. Sasoshi tinha o olhar compenetrado enquanto organizava uma porção de peças coloridas de madeira, Yagura ficou encarregado de buscar os blocos que escapavam da construção e rolavam pelo chão. - Sakura entrou de vagar e chamou pelo filho que demorou uns instantes até resolver deixar o que fazia para ir ao encontro dela.

- A sua madrinha e a tia Ino estão na sala. Elas querem muito ver você. Quer ir falar com elas? -Estava novamente ajoelhada para ficar da altura do filho, mas ele encarava um cubo vermelho que trazia entre as mãos. - Se preferir pode ficar aqui e continuar brincando com o Yagura. O que você quer fazer, meu amor?

Sasoshi deu as costas para a mãe e voltou ao que fazia, mas após sentir-se satisfeito com a posição que encontrou para o cubo vermelho respondeu a pergunta. - Quero ver a vovó.

- Então vamos lá. Venha também Yagura. - Ele se aproximou muito acanhado e pegou uma das mãos da mulher.

Sasoshi preferiu sentar ao lado da "avó" que além de ser uma figura mais familiar, não ficava tocando nele como Ino que, ignorada por ele, não se cansava de apertar Yagura como se fosse uma pelúcia.

- Soshiiiii, a tia Ino tem um presente pra você. - Disse sorrindo para o menino que mostrava um de seus brinquedos a Tsunade. - Ele a encarou e esticou as mãozinhas esperando o tal presente.

- Não está aqui comigo, meu amor. O tio Deidara é que está trazendo.

Ele sabia quem era o tio Deidara por fotos e presentes que recebia pelo correio, além das conversas que tinham ao telefone, mas ainda não o tinha visto pessoalmente. Animou-se com a notícia, escapou do colo da madrinha e correu para a porta onde ficou esperando.

- É verdade, Ino! Nem perguntei o porquê do Deidara já não estar aqui. - Sakura disse sem jeito.

- Ele precisou ser revistado e umas outras burocracias. Vai ser escoltado por ninjas da Areia quando o liberarem.

Pouco mais de meia hora se passou até que a porta se abrisse e sem perder tempo Sasoshi esticasse as mãozinhas para o loiro que entrava. Nervoso ao ser ignorado, puxou a blusa do Deidara para chamar sua atenção e disse:

- Cadê meu presente, tio Dei?

- Olha só. É o Danna-chib! -- Olhou a criança ansiosa a sua frente e percebeu que havia esquecido o urso de argila na sala de interrogatório. Não queria decepcionar o pequeno, então resolveu improvisar, mas todo seu material foi confiscado também. - O seu presente está aqui atrás de mim, pequeno Danna.

- Me dá. Quero meu presente.

Deidara retirou as alças de um tipo de mochila que trazia nas costas e com cuidado levou o embrulho ao chão. Dentro da bolsa um pequeno loirinho, de dois anos, dormia tranquilamente.

- É meu? - Sasoshi perguntou com mais animação que o esperado. - Quero brincar com ele.

- Ele vai ser seu amigo a partir de agora e um dia vocês vão cuidar um do outro que nem o Danna e eu. Só que agora ele está dormindo, vai ter que esperar ele acordar.

Sasoshi fez um bico e, antes que Deidara pudesse levantar o filho, cutucou uma das bochechas de seu presente. Observou fascinado os olhos sonolentos se abrirem e revelarem um azul muito bonito.

- Você é meu presente. Acorda e vem brincar comigo.

Todos na sala riram. Inomi demorou um pouco pra entender, mas acabou dando a mão para o mais velho e o seguiu para o quarto, onde ficaram entretidos até a hora dos comes e bebes.

Yagura queria seguir os dois, mas era tímido demais para pedir que Ino o deixasse descer para o chão, então passou o resto da tarde sendo disputado pelas convidadas. Deidara aproveitou para matar a saudade do Danna. Sakura apenas ficava pensando como iria explicar para o filho que não podiam ficar com o "presente" dele.

Família Akasuna - MenmaNGWhere stories live. Discover now